Dizer que a vida é uma grande luta não é descobrir um grande mistério. Podemos afirmar que toda a nossa existência decorre num constante estado de guerra que se realiza num verdadeiro campo de guerra.
Existem uns anos na vida, os do desenvolvimento, que esta batalha piora mas, noutros parece mitigar-se. Porém, a luta nunca cessa.
Quem luta, onde e contra quem? A resposta é simples: é cada um de nós que liberta a sua própria batalha dentro de si mesmo. O campo de batalha é o nosso interior, onde, no dizer de Bhagavad Gita (parte da epopeia hindu Mahabharata), combatem os nossos seres inferiores contra os superiores. É o corpo (inércia, emoções, instintos, desejos, pensamentos, etc. que luta contra a alma (vontade, inteligência, mente pura); é o mal que luta contra o bem.

Uma ilustração do Mahabharata: Os exércitos de Pandavas e Kauravas enfrentam-se no campo de batalha de Kurukshetra. Domínio Público

Todo o sistema de educação verdadeiro tratou sempre de combinar esta grande dualidade de maneira que funcionasse da forma mais harmoniosa possível.

É lógico que no homem, portanto, imperem as duas tendências: para o imperfeito, o perecível, o negativo, para a parte mais material, a que mais esforço exige para ser dominada; e outra tendência para a parte do eterno, o puro, o espiritual.

 Precisamente, porque o homem busca em última análise o eterno, nas Escolas Antigas ensinava-se uma regra simples infalível, para averiguar que coisa é realmente do corpo e qual é da alma; qual é imperfeita e qual é perfeita; qual devemos rejeitar e qual eleger e buscar.

Às vezes temos necessidades, desejos, objetivos, e não sabemos definir bem se aquilo que precisamos é um pedido da alma ou do corpo, se é conveniente satisfazermos ou, pelo contrário, é mais educativo rejeitá-lo.

“A dura lição”, pintura de William-Adolphe Bouguereau ((La Rochelle, 30 de novembro de 1825 – La Rochelle, 19 de agosto de 1905). Domínio Público

A regra consiste em submeter a necessidade, desejo e objetivo, a uma prova de duração de tempo. Se aquilo que agora necessitamos não vai durar muito, ou seja, se é naturalmente mortal e perecível, se a dita necessidade é uma exigência do corpo e, portanto, carece de importância. Se a necessidade tende a ser eterna ou perdurável, então sim, isso seve ser realizado.

Um filósofo oriental clássico, perante o dilema de comprar um automóvel ou uma enciclopédia, adquiriria esta última, já que ele sabia, o conhecimento, as ideias, alimentam a alma, tendem a ser eternas, mas o carro só serve o nosso corpo, nossa parte material.

Se lhe dessem a escolher entre um parente e um colega filósofo como ele, preferia ficar com o filósofo, pois é com este que compartilha, os Ideais, aspirações e pensamentos filosóficos, que é o que faz crescer o espírito, o que é eterno, porém um familiar que não compartilhe suas inquietudes espirituais seria algo perecível, algo destinado a desaparecer qualquer dia, algo que não dura sempre.

Na vida, cada um nasce e se faz. Nasce com umas qualidades e características próprias,  e se faz porque pode crescer e saber através  do esforço.

Um papel fundamental nisto joga-se na educação. Podemos dizer que a base de uma sociedade reside no seu sistema educativo. A educação é o que forjará os futuros homens, os que determinam o futuro da nação.

Na escola utilizando métodos experimentalistas. Domínio Público

Uma educação materialista proporcionará homens fechados, cegos e incapazes de ver mais além de outros horizontes. Seu fanatismo e falso dogmatismo serão a sua própria perdição.

Uma educação espiritual tende a admitir pontos de vista e técnicas mais amplas e elevadas; sua compreensão e interpretação serão mais justas. Haveria uma conceção global da educação que abarcaria todos os aspetos da conduta humana. Um exemplo prático disto é o sistema que nos propõe Platão; para o corpo a ginástica, para a alma as ciências das musas (matemática, geometria, astronomia e música…)

Assim, a educação seria um “educar”, um guiar, um conduzir, um retirar de dentro, trazer o melhor de nós de dentro para fora; adaptar a vontade do indivíduo a um caminho reto e justo. Através de nobres princípios; agir e pensar com ousadia.

Um dos primeiros deveres da educação consistiria em formar retos princípios na alma do educando (entenda-se alma no sentido normal da palavra).

Falar destes princípios não vem agora ao caso; já se tem falado muito. Basta mencionar que existem inumeráveis obras clássicas cheias deles; qualquer obra de pensadores como: Séneca, Marco Aurélio, Epíteto, Platão, etc. Os versos áureos de Pitágoras são um dos mais belos exemplos de desafios iniciais.

Um segundo dever do educador consistirá em fazer o aluno seguir esses princípios desenvolver sua vontade, moldar o seu caráter, para que essas máximas morais formem parte do seu ser e o acompanhem toda a vida. 

Porém o caráter não se adquire num só dia, nem sem esforço por parte do educando. A educação na infância dá ao menino umas ferramentas morais de trabalho e a instrução necessária para manejá-las, porém o esforço verdadeiro está de sua parte. A criança tende a lutar com as suas próprias qualidades herdadas, boas e más, lutará no ambiente social e sobretudo lutará contra si mesmo, contra as suas imperfeições. O fundamental será a constância da vontade para atingir os objetivos.

Muitas pessoas estarão dispostas a matar o dragão no bosque tal Sigfrido, porém não têm paciência nem vontade para combater o dragão dos pequenos e quotidianos defeitos.

É célebre a parábola do santo que perguntou a outro: “Que fizeste hoje?” “Oh, contestou o outro, tenho tanto que fazer em cada dia que não sei onde retiro forças. Tenho que domar em cada dia dois falcões, aprisionar dois cervos, é preciso domar dois gaviões, pegar num verme, bater um urso e cuidar de um enfermo”. “Mas o que me dizes?- comentou outro santo – Não há forma de fazer tudo isso que me dizes nestes arredores”. O monge contestou os dois falcões são os meus olhos, que tenho de vigiar continuamente para que não vejam coisas más. Os dois cervos são as minhas pernas; tenho de guardá-las para que não corram para o erro. Os dois gaviões são as minhas duas mãos tenho de obrigá-las a trabalhar e fazerem boas e proveitosas obras. O verme é a minha língua tenho de refreá-la para que não fale coisas vãs. O urso é o meu coração tenho de vencê-lo para que não tenha tanto amor a si mesmo e perda a vaidade. O enfermo é todo o meu corpo, que tenho de cuidar para não se deixar levar pela concupiscência e pela ociosidade”.

São estes, aparentemente pequenos defeitos, os mais perigosos. A soma de todos eles forma em pouco tempo uma inundação que arrasta tudo atrás de si. É a paixão que transborda, a ligeireza, a falta de vontade, a inexperiência, o desejo desmedido, o culto das coisas vãs, o que produz o mal no mundo. Uma educação correta desde a infância neste sentido pode evitar males posteriores.

Precisamente, apegar-se fortemente a coisas mortais e perecedoras, e estas ao sucumbirem produzem o sentimento de que algo nosso morre com elas. A nossa consciência e alegria são em função da felicidade que nos produzem as coisas materiais porém, por serem precisamente materiais e extinguirem-se inexoravelmente, nossa felicidade desaparece também com elas. Somos, portanto, constantemente infelizes e dependentes do material. Daqui provem a falsa e absurda alienação do “aproveita a vida que só se vive uma vez”; “ a vida são dois dias”; “goza”; “vive”; “diverte-te agora que podes”; etc. e outros despojamentos. Efetivamente, ao estar identificados com coisas que se extinguem nos parece que nós próprios desaparecemos da mesma maneira.

Esta alienação materialista é vista, por exemplo, no vergonhoso facto de que, uma das primeiras perguntas que formulamos ao saber da morte de uma pessoa é a de saber: “que fortuna deixou?”, quando a pergunta deveria ser: “Quantas obras notáveis realizou”? As grandes ações, o conhecimento, servem de facto para a nossa satisfação e das gerações futuras. “A maior riqueza é ter poucos desejos”, dizia Séneca.

O bom sistema de educação há-de erradicar isto por completo, não porque seja falso que só se vive uma vez, ou que a finalidade da vida é gozar e divertir-se o mais possível, mas também porque não é propício, isto desfavorece enormemente a atenção e a disposição do indivíduo. Mergulha-o numa total perplexidade.

Nas nossas cadeiras de filosofia afirmamos que a raiz dos problemas e crises atuais é precisamente a perplexidade existente. Perplexidades quanto a fins e princípios. Ninguém sabe o que é bom e o que é mau, ninguém sabe nada; por isso se recorre à opinião da maioria. Se alguém sabe com certeza a verdade de algo não recorre ao parecer dos outros.

Esta perplexidade impede, ou melhor dizendo, dispersa a força de vontade do indivíduo, a sua capacidade de sacrifício e renúncia. Pilares estes básicos no sistema educativo.

A canalização dos sentidos, o domínio de si mesmo, a abnegação, manter os desejos à distância, não é um fim, é somente um meio, de libertar a alma.

Qualquer defeito, por pequeno que seja, atrai outros, convertendo-se numa porta traseira por onde tudo passa sem controlo algum.

Um exemplo explicativo disto é o sistema utilizado por tribos selvagens para caçar macacos. Apesar de parecer estranho o exemplo, sua clareza é notável. O sistema de caça consiste em atar com força a uma árvore uma saqueta cheia de arroz. Na saqueta o buraco que a mão do macaco mal consegue passar por ele, mas, como está cheio de arroz, ele não consegue tirá-la de novo. Efetivamente, o macaco desprevenido que mete a mão não pode retirá-la cheia de arroz quando o caçador se aproxima. O macaco retorce, salta, grita, porém tudo é inútil; o caçador apanha-o. No entanto, o macaco poder-se-ia ter libertado somente com o abrir da mão e soltar o arroz.

É assim que uns grãos de arroz podem da maneira mais tonta aprisionar um macaco. Da mesma forma, um homem pode estar preso consciente ou inconscientemente, e da forma mais absurda dos seus vícios, mau caráter, defeitos, manias, egoísmos etc.

A CONSTÂNCIA

Uma das principais qualidades a desenvolver na criança é a constância, a diligência, o trabalho persistente, vigoroso e paciente, a atividade criativa as devemos, não à chamada momentânea do génio, mas sim a uma constante e perseverante diligência de formiga.

Crianças num jardim de infância no Japão, Emrank. Creative Commons

Dante levou 30 anos a escrever a sua Divina Comédia.

Prescott, famoso historiador americano, já era quase cego e não obstante, quando para escrever a sua grande obra, Fernando e Isabel de Espanha, foi necessário conhecer os idiomas modernos e na sua maturidade de vida, dedicou dez anos ao estudo das línguas.

Newton escreveu quinze vezes a sua Cronologia até dar-se por satisfeito.

Quando Ticiano, pintor de fama universal, enviou a Carlos V, sua célebre Última Ceia, escreveu o seguinte: “Mando a Vossa Majestade um quadro em que trabalhei diariamente, e muitas vezes pela noite, durante sete anos”.

Virgílio escreveu durante vinte anos A Eneida; apesar de ele a querer destruir antes de morrer por não a achar bastante boa.

Fenelón transcreveu 18 vezes sua obra educativa Telémaco, ainda na última cópia eliminou e emendou muito.

Edison era todavia criança quando passava lendo não novelas mas tratados de química, mecânica e eletricidade.

Stephenson trabalhou durante quinze anos no aperfeiçoamento da sua locomotiva, e Watt meditou três dezenas de anos o funcionamento da máquina condensadora de vapor.

A Sabedoria popular acerta uma vez mais com a sua célebre fábula da corrida da tartaruga e da lebre. Não há necessidade de lembrar quem ganhou.

A OBEDIÊNCIA

Um dos fatores da educação é a obediência. É óbvio que o bebé, a criança está incapacitado para tomar decisões que requerem experiência e sabedoria. O educador é-o precisamente por ter essas qualidades. Não é qualquer pessoa que pode fazer de educador: são necessários requisitos muito exigentes. Incluso, num sistema de educação perfeito a profissão de educador seria uma das mais importantes pela sua responsabilidade.

A obediência é necessária, mesmo quando maiores. A primeira razão disso é que nada é absolutamente independente. Todos temos de depender de algo ou de alguém desde que nascemos até morrermos.

Seria independente quem nasce de si mesmo, balança o seu próprio berço e é alimentado pelo seu próprio peito; o que alcança a estatura que lhe agrada e nada necessita na terra para comer e viver; ao morrer coloca o seu próprio corpo no caixão cava a sua própria sepultura enterrando-se a si mesmo. 

A lógica dependência implica uma obediência natural não forçada ou humilhante, como fomos falsamente forçados a ver. A obediência é um sentimento natural que emana de nós próprios perante a superioridade moral e espiritual de outra pessoa que nos ensina. Obedecemos porque compreendemos a nossa ignorância e falta de experiência sobre as coisas. É uma lei da natureza; o mais sábio guia e ensina aos menos sábios para que eles, por sua vez, ensinem. Obedecemos para poder mandar. “Obedecer aos Deuses é a liberdade”, dizia Marco Aurélio. “Quando obedecia então a minha alma era verdadeiramente livre”, escreve em “Ifigénia” Goethe.

Busto do jovem Marco Aurélio, Roma. Domínio Público

Só existe este método para educar: a criança terá de obedecer para seu bem; ele não está preparado para saber o que lhe convém.

O TRABALHO

Sem trabalho a vida é um sonhar vazio e vão. O espírito do indivíduo torna-se hesitante, lento, e sua vontade raquítica. Um dos principais meios de robustecimento da vontade é precisamente o trabalho, a ação, o esforço contínuo e minucioso. Quem trabalha esquece o desconforto, problemas e indisposições. O trabalho proporciona alegria, bom ânimo, atividade e elevação do espírito. O ócio é morte.  

Para além disso, para a criança o trabalho é um meio de aprender, sobretudo se este lhe é dado como um jogo. Entendemos por trabalho tanto o físico, o intelectual ou psicológico. 

Posteriormente se lhe darão trabalhos mais complexos para habituá-lo para o trabalho quotidiano e o desenvolver desde então o sentido de responsabilidade e do dever. 

Da inatividade nasce a ruína moral e a sua consequência é o atraso espiritual.

O trabalho tem de ser perseverante e concentrado. De nada serve estar a trabalhar todo o dia se dedicam dez minutos a um montão de coisas sem terminar nenhuma. O trabalho sem ordem, não submetido a disciplina e direção, para além de cansar muito mais, torna-se totalmente ineficaz.

O verdadeiro herói não é o que é capaz de levar a cabo uma ou duas ações atrevidas, senão aquele outro que sabe executar com valentia as obras mais insignificantes da vida.

Quando depois de comermos nos invade a preguiça e vencendo-a nos dedicamos ao nosso trabalho, isso é valentia. Quando pela manhã desejamos ficar no calor dos cobertores e, no entanto, nos levantamos rápida e animadamente para cumprir com o nosso trabalho, isso é valentia. Quando rejeitamos qualquer diversão para terminar o nosso dever, isso é valentia heroica. Quando não gostamos de algo e o fazemos apesar de tudo, isso é ser herói. É assim que se desenvolve a vontade férrea por meio do trabalho.

A VONTADE

Há um velho provérbio que diz que a primeira coisa para conseguir uma coisa é querê-la; depois passaremos à ação.

Os principais inimigos da criança, neste sentido, são as emoções, a fantasia e o temperamento. Não os dominamos; portanto, de algum modo nos escravizam, não somos livres.

Nós mesmos estamos submetidos a estas influências; um dia nos levantamos tristes, abatidos, mal-humorados; outro dia, pelo contrário, saltamos de alegria. Se buscássemos a causa do mau humor primeiro e da alegria segunda, não poderíamos dizer qual é. No entanto, bastaria fazer uso de um pouco de vontade, fazermos um esforço para cantar, assobiar ou sorrir e, em breve, o mau terá acabado. 

Uma vontade débil (indisciplinada e desobediente) é incapaz de cumprir qualquer dever sério. Começará muitas coisas mas não terminará nenhuma. A carência de disciplina supõe não saber observar bem, e a faculdade de observar com exatidão e rapidez é imprescindível para a aquisição de conhecimentos. Portanto, uma falta de vontade produz incapacidade para instruir-se e para pensar. Uma vontade disciplinada, que leia devagar, meditando, pesando as frases importantes, não aceita cegamente todas as informações, mas pensa sobre elas para ver se estão de acordo com a realidade, toma nota de coisas interessantes.

É mesmo necessário a força de vontade para a memória.

A regra mais importante para fortalecer a memória consiste em exercitar e vencer algo todos os dias., ainda que seja algo insignificante, e assim durante vários anos. De outra forma podemos dizer, como comentava nessas circunstâncias o imperador romano Tito: “Perdi o dia

Temos tentado neste breve artigo mostrar algumas linhas gerais fundamentais sobre o sistema educativo. Temos descrito algumas qualidades básicas a desenvolver no futuro cidadão: constância, trabalho, vontade, inteligência… Com estes elementos pode perfeitamente todo o homem envolver-se na conquista do seu ser interior, da sua alma, vencer tudo o que o escraviza, o ata. Conseguir sempre obras perfeitas, obras que perdurem, não se arrepender de nada.

Com a fantasia sucede o mesmo. Ela nos impede de nos concentrarmos no que devemos fazer. Nos distrai do nosso trabalho e causa desgraças absurdas.

A meia hora de espera na sala do dentista nos faz imaginar as dores a que seremos sujeitos. Na nossa estupidez, o sofrimento é o triplo do que deveria ser. Primeiro imaginamos como seria doloroso ter um dente arrancado; logo nos mentalizamos enquanto eles puxam nossos dentes, que nos estão fazendo demasiado dano, e mais tarde recordamos o mal que passámos quando nos arrancaram o dente.

Sofremos três vezes mais do que o necessário, e isso devido à fantasia. Bastaria fazendo uso da nossa vontade, nos propuséssemos a deixar de pensar nisso.

Professora lecionando numa sala de aula na Alemanha em 1988, Bundesarchiv. Creative Commons

A educação da nossa vontade é um trabalho sistemático e constante sobre as faculdades tais como: a memória, entendimento, sentidos, imaginação etc.

Não basta só fortalecer a vontade, mas o principal é pôr a vontade ao serviço de elevados fins, é dizer, estar subordinada à alma. Isto é, fazer uso inteligente da vontade, se entendermos inteligência no sentido etimológico: inteligente, eleger entre, discernir, saber eleger. 

De outro modo cairíamos no culto da vontade, o poder cego; o homem convertido numa máquina de vontade, sem coração, egoísta e teimoso.

Ibsen, em Peer Gynt, descreve o estado de homens inconstantes quando com reprovação, estão rodeados pelas horas desperdiçadas e pelos dons preciosos da vida: “Somos os pensamentos – é-lhes dito – que deverias ter pensado. Somos as lágrimas que deveriam ter sido derramadas dos vossos olhos. Somos as ações que podias ter feito e não quiseste realizar”.

É, verdadeiramente, terrível chegar ao fim dos nossos dias, olhemos para trás, e encontremos poucas coisas realizadas, poucas boas obras, que o nosso trabalho tenha sido efémero e desprezível que não tenhamos feito nada de utilidade.

Na nossa contribuição de soluções não vos ofereço nada de novo: penso que já está tudo dito, que muito poucas coisas se podem inventar. Convido-vos à leitura e à reflexão de obras de moral clássica, a moral que não está sujeita a modas, a mudanças, que não depende de pensamentos e pensamentos de gente. Os postulados de Pitágoras, por exemplo, são um firme caminho e que têm garantida a existência e duração ao estar dedicados à alma. Foram válidos na sua época, são hoje e seguirão sendo nos séculos vindouros.

 

Álvaro Ruiz

Arquivo da Nova Acrópole

Imagem de destaque: Crianças estudando em casa. Creative Commons