Princípios Fundamentais da Existência
O valor dominante de A Doutrina Secreta parece ser para mim:
- Os princípios não rígidos e não dogmáticos da existência, apresentados em declarações fundamentais, que são a raiz de todas as religiões, filosofias, ciências, qualquer que seja a antiguidade.
Não alega ser uma revelação. Nega ser uma nova religião. Também não é uma nova verdade que seja divulgada pela primeira vez. É, certamente, uma transmissão de algo de cima, e não tateando uma descoberta que esteja em baixo.
H.P. Blavatsky escreve no Prefácio: “… ela agora transmite aquilo que ela tem recebido…” finalmente acrescenta: “… como para aqueles que rejeitam o seu testemunho … tem o direito de negar, como ela tem o direito de afirmar o dela, uma vez que olham a Verdade de dois pontos de vista diferentes … como pode um estudioso ocidental aceitar como boato aquilo de que nada sabe acerca? - Estes princípios fundamentais são em grande parte obscuros para o leitor ávido e dotado, embora possa estar com a pompa e a circunstância da sabedoria moderna. Assim, tem o dever de descobrir forçosamente, por si próprio, em cada nível do seu estudo. Não existe apenas uma afirmação em A Doutrina Secreta a qual possa ser aceite como ela é. Cada afirmação permanece profundamente ininteligível até que e, a menos que tenha sido descoberta pelo próprio estudante.
- Por isso, A Doutrina Secreta é um desafio ao esforço, e nunca uma imposição de autoridade. Cada página é um chamamento a uma viagem de descoberta, e somente aquele que estabelece a sua viagem, pode esperar compreender A Doutrina Secreta. É um livro que requer ação, liberdade de dominação do pensamento convencional, liberdade de preconceitos de todos os tipos, liberdade das limitações impostas pela ciência, religião, filosofia, expressas no presente, liberdade das restrições do avanço e evolução do estágio presente. Requer um espírito aventureiro, um espírito pioneiro, um espírito de indiferença perante a perseguição de mentes mesquinhas. Requer um espírito daquele que deixou para trás de si todo apego aos números, às multidões, às ortodoxias, e busca para além de tudo isto o apelo convincente do desconhecido.
Intimações de uma Consciência Maior
- A Doutrina Secreta é em especial uma medida de convocação a uma consciência universal maior. Em cada página a consciência maior de cada um de nós bate à porta da nossa respetiva consciência menor, convocando-nos a despertar para os majestosos esplendores à nossa volta, que cada página em certa medida descreve. Ela brilha com feixes de luz desenhados para perfurar nossa escuridão com o seu poder de iluminação, de tal modo possamos ver mais claramente os nossos vários caminhos. Uma das características distintivas do livro é fazer apelo a todos os tipos e condições de estudantes. É uma mina de joias, onde alguns retirarão diamantes, algumas esmeraldas, outros rubis, e outras safiras.
Por outras palavras, A Doutrina Secreta faz os seus leitores pensarem em si próprios. É um vai comigo para a consciência maior, em cada um de nós, e esta é uma das razões porque muitos não veem utilidade – as suas consciências maiores estão adormecidas e não estão em condições de despertar.

Blavatsky na época da publicação da Doutrina Secreta. Domínio Público
É assim tão menos importante ler A Doutrina Secreta, e muito mais importante senti-la. Arriscaria duvidar se H.P. Blavatsky ela própria sabia sempre o que estava escrevendo, ou no mínimo compreendia muitas das implicações das palavras que escrevia. Duvido igualmente se ela estaria sempre preparada para dizer o seu significado. Certamente não podia, tendo em conta as imensas limitações de linguagem comparativamente mais jovens, e, no caso das línguas ocidentais, mais ou menos com o estágio particular que o mundo tinha alcançado. Inevitavelmente, ela vivia tempos obscuros.
Mas não existe nenhum livro em toda a nossa literatura Teosófica que nos dê um desejo tão forte e urgente para viajar diante do nosso caminho de descoberta do que A Doutrina Secreta; e de uma maneira subtil e convincente torna-se claro para nós o facto de que a viagem é imensamente valiosa, e no fim – talvez não exista um fim – gloriosa sem comparação.
A Doutrina Secreta é como um farol distante, enviando feixes de luz na escuridão. Vemos a luz, e ela inspira-nos a trilhar o caminho. Não podemos ir a dormir e esperar acordar no farol. O farol é o nosso eu superior. A Doutrina Secreta é a luz. Nós somos os viajantes.
Esplendores dos Himalaias

Perspetiva dos Himalaias e do Monte Everest e todo o planalto do Tibete (imagem de satélite). Domínio Público
O que são para mim, os desafios supremamente cativantes da Doutrina Secreta?
- O espírito das montanhas as quais cintilam em cada página. Lendo A Doutrina Secreta.
Sabemos que estamos no meio do esplendor Himalaia! Percebemos alturas e distâncias avassaladoras à nossa volta de uma estrutura e substância juntas, incompreensíveis para nós, ainda que estranhamente semelhantes. Temos a sensação de sermos infinitamente pequenos. Perante o infinitamente grande à nossa volta, de certa forma apercebemo-nos de nós mesmos, e da nossa inevitável extensão. A Doutrina Secreta convoca a associar este conhecimento conjurado do futuro pela magia de H. P. Blavatsky, com as vidas do nosso dia-a-dia, para perceber mesmo neste mundo monótono, vivemos de facto no meio das maravilhas dos Himalaias, e o esplêndido repousa para compreensão à nossa volta.
A Doutrina Secreta transporta-nos para fora do tempo, e oferece-nos, por fim, uma fugaz sensação de Eternidade. Transporta-nos para fora de Maya – claramente definida nas suas páginas – para aquele real em que Maya é a sombra. Começamos por fim a aperceber de algo a uma escala imensa na qual a existência é construída. Desconhecemos, provavelmente, onde estamos. Talvez não compreendamos o que nos está a ser dito. Mas existem insinuações, conhecimento de algo subtil, para além dos ensinamentos, e isto é o que A Doutrina Secreta transmite. - A sua extraordinária capacidade de transmitir um sentido de excelência de Propósito de glorificação. Sentimo-nos impotentes neste aperto até que de repente apercebemo-nos de que somos parte e parcela deste Propósito. O sentido de Propósito é despertado em nós e agimos como mais propósito e, portanto, poderosamente, no nosso caminho.
- As insinuações, página após página, da imanência do infinito no Finito. Sempre que há referência ao infinitamente pequeno certo haverá uma declaração de que há um universo em miniatura e um Deus que existe. Não existe nada, por mais pequeno que seja, em que não possa viver uma semente de infinito destinada a tornar-se uma flor de beleza inigualável.
- A insistência que Hierarquia, Lei, Ordem, estão por todo o lado e em todos os tempos triunfantes. Nada no universo ou em alguma parte ou em algum tempo sairá fora de controlo.
- A aparente falta de um Fim Final, mas a presença de muitos temporários fins termina dando sensação de cântico a alguma porção de trabalho individual: Com a resultante estimulação de continuar o trabalho no sentido de alcançar futuras conquistas.
- A fascinante dança do pendulo da evolução entre as mais empáticas personalidades e as mais distantes impessoalidades. Existe um escopo supremo de personalidades, e ainda um extraordinário sentido de refúgio em toda a poderosa impessoalidade. A segurança final da personalidade é vista como sendo o envolvimento perfeito na impessoalidade. O “Eu” é poderoso, mas o “não-Eu” é ainda mais poderoso.
Através de toda a gama da literatura, onde é que existe um livro, que desde os primórdios nos faça mergulhar nas regiões até agora desconhecidas pela humanidade como um todo e em cada página revela características de estranho, incompreensível, e ainda de convincente interesse, e que algures em nós mesmos, vagamente sentimos insinuações sobre a Realidade, embora para além da nossa compreensão e aceitação das nossas mentes? Os trabalhos da ciência estão começando a abrir os seus últimos capítulos aos sonhos e às especulações metafísicas de forma alguma diferentes dos encanamentos de A Doutrina Secreta; nalguns casos na subcorrente da alma superior cintila como um fio de prata através do livro. Mas A Doutrina Secreta proclama com ousadia a preocupação com os fins eternos, de forma alguma desatenta ao desprezo e ao escárnio que necessita ser encontrado, e em inumeráveis permutações e combinações estabelece esses últimos em capítulo após capítulo, e volume após volume.
O Plano do Universo
A razão de A Doutrina Secreta – não estou a referir-me ao livro – é apresentada desde muito cedo. No Prefácio é-nos dito que os seus ensinamentos “não pertencem exclusivamente a Hindus, aos Zoroastristas, aos Caldeus, à religião Egípcia, nem ao Budismo, Islão ou Cristianismo. A Doutrina Secreta é a essência de todos eles. Nascida nas suas origens, os diferentes esquemas religiosos estão agora nos seus elementos originais, a partir dos quais todos os mistérios e dogmas cresceram, se desenvolveram e materializaram.
No Proémio está declarado que A Doutrina Secreta estabelece três propósitos fundamentais:
- Princípio imutável, ilimitado, Omnipresente e Eterno cuja investigação é impossível. Realidade absoluta que antecede tudo o que é manifestado, Ser condicionado… é Ser nada mais que Ser. Por um lado, absoluto Espaço Abstrato… Por outro, Movimento Abstrato/absoluto, simbolizado pela inteligência finita como Trindade teológica.
- A Eternidade Teológica in toto como plano sem limites; periodicamente “no recreio de inúmeros Universos que se manifestam e desaparecem incessantemente.”
- Identidade fundamental de todas as Almas com a Super Alma Universal. Esta última sendo ela própria um aspeto da Raiz e a peregrinação obrigatória para toda a Alma – Uma faísca do passado – através do Ciclo da Encarnação, ou Necessidade, de acordo com a Lei do Ciclo Kármico, durante todo o período.
E, então, somos colocados face a face com aquelas maravilhosas Estâncias de Dzyan, mas de facto uma representação fraca do verdadeiro Plano do Universo em si mesmo. Presentemente, parece-me que existe apenas um caminho no qual podemos entrar no espírito das Estâncias, não obstante ser muito fragmentado. Deixemos as palavras prenderem a atenção e serem o foco da concentração. Mas não nos devemos deter nas palavras para nos envolvermos e nos esforçarmos na compreensão intelectual. O cérebro não existe fora deste nosso mundo exterior que possa apreender a extensão das declarações das Estâncias. Devemos deixar não só as palavras como a mente para trás e buscar a interpretação particular da Estância, com a qual nos podemos identificar em termos de movimento, som e imagem. Cada Estância representa uma ação e um poder tremendos. Temos de tentar penetrar através do poder e da ação, e sentir o seu ritmo e planeamento.

A esfera perfeita do universo observável. Esquema logarítmico com o Sistema Solar no centro e o Big Bang na borda. Creative Commons
Um Livro de Magia
Neste contexto desejo chamar a atenção para o notável poder de A Doutrina Secreta que o torna um verdadeiro Livro de Magia, em que habita o espírito de magia, e possui esse modo de vibração para o qual o livro é concebido.
Suponho que será concedido que saibamos mais do nosso corpo exterior do que o que está dentro dele, e que cá em baixo estamos rodeados de muitas ignorâncias que não existem em mais lado nenhum.
Todo aquele que tenha um certo montante de recordação de consciência no cérebro físico sabe quão ininteligíveis são as experiências encontradas no outro lado do sono, e como difícil é pastorear – a palavra é realmente muito apropriada – a experiência através do mar do esquecimento, que separa o físico dos planos mais íntimos, para a memória desperta da vida quotidiana normal.
É difícil fazer descer do fino ao grosseiro. O fino ressente-se da rudeza do grosseiro, do seu peso sufocante. É como uma pessoa altamente culta e de regime ser convidada a ocupar a sua casa num bairro de lata.
Mas se, no bairro de lata, alguma insinuação de refinamento pode, de alguma forma, penetrar, então ambos os do bairro de lata despertarão para os princípios de uma vida mais requintada, e no bairro de lata começamos a ser atraídos por forças finas que se apercebem da sordidez e do peso gradualmente se dissipando.
A Doutrina Secreta é uma intimação aqui no plano físico dos refinamentos internos. Pela sua própria natureza, a sua tendência é acordar nos mundos inferiores o espírito dos mundos superiores, e acima de tudo ajudar a trazer de volta a memória de muito que sabemos em outro lugar. Atrevo-me a dizer que existem afirmações pontuais feitas em A Doutrina Secreta as quais, aqui em baixo, não significam nada para nós, mas sabemos algures elas são verdadeiras, porque experienciámos a sua verdade em nós mesmos. Quando nos deparamos com estas afirmações em A Doutrina Secreta, inicia-se uma vibração que gera um canal ininterrupto entre a verdade que conhecemos algures, e o plano da nossa consciência física, e por aquele flui a própria verdade.
A minha leitura de A Doutrina Secreta supera largamente esta sugestão. Ler página após página do livro é ler muito mais do que é desconhecido e incompreensível. Aqui e ali encontro velhos amigos, emociono-me com algumas declarações que sabia serem verdade, mas que era inteiramente incapaz de formular, ou que não teria sido capaz de passar para o plano físico. Página após página deparo com velhos amigos, registos de experiências mútuas, e tenho a certeza de que todos que leem o livro devem ter o mesmo prazer.
Deveria talvez indicar-lhe certas passagens as quais expressam factos, estou plenamente consciente, de alguns outros planos de consciência, os quais conheço, e o conhecimento deles pode em certa medida estar presente no despertar da consciência, o qual é imensamente clarificado pela razão do seu estabelecimento em termos não certos no próprio plano físico. É o caso de uma verdade, sem bater à porta da verdade. dentro de um sonolento estado – sonolento porque tem tanta impenetrabilidade contra a qual lutar, tanta inércia por ultrapassar.
O Polo da Sabedoria aproxima-se do Polo da Ignorância, o contacto é feito, a Luz aparece.
O Desafio de Prometeu
Gostaria de sugerir que ler A Doutrina Secreta é como viver num país estrangeiro e, de repente, encontrar um indivíduo que fala a língua do local do seu nascimento ou país. É um choque de surpresa e prazer que sentimos como se um irmão perdido há muito fosse encontrado após uma longa ausência.
Esta foi exatamente a experiência da Dra. Besant quando, pela primeira vez na sua vida, lendo A Doutrina Secreta encontrou a linguagem que conhecia desde há muito, e as Verdades, pelas quais sempre viveu, lutou e morreu. A sua consciência rompeu os laços do aprisionamento nesta encarnação particular – um aprisionamento tão magnificamente suportado e utilizado, e em A Doutrina Secreta encontrou a chave para aqueles problemas de injustiça, do erro, da inutilidade, e do dogma, tanto em relação à religião e à ciência dominantes, no meio da qual se ergueu, rejeitando nobremente uma aquiescência cega e sem vida, rebelde contra as ignorâncias, catastroficamente inquieto pela Verdade.
Relembro uma inquietação similar no caso de Byron e Shelley e gostaria de sublinhar uma citação dos seus espíritos rebeldes, dada por Sir Arthur Quiller-Couch´s em Studies in Literature:
Agarrar no Génesis e sacudi-lo, como o Byron e Shelley fizeram, realizado num tempo (com uma dificuldade de torná-lo concebível por nós) quando até para duvidar do Universo, feito em 6 dias de 24 horas pelo relógio, era evocar todas as maldições dos ortodoxos, é um ato de coragem intelectual, e permanece apesar do ditame de Goethe que “o momento em que Byron começa a refletir ele é uma criança”. Pode ser simples: mas é, ou foi um pensamento, e para dizer e manter isso, contra uma Inglaterra do tempo de Byron, requeria uma mente muito acima da sua infância; não uma mente que não tenha alguma medida do Titanic, pois seja o pensamento em si simples, o desafio é o grande desafio de Prometeu.

Annie Besant em Sydney, 1922. Domínio Público
A Chama torna-se Fogo
Na sua Autobiografia, a Dra. Besant escreve: “Ao virar página após página, a seguir página a página o interesse tornou-se absorvente, mas como parecia familiar, como a minha mente saltava em direção a pressagiar as conclusões, como era natural, quão coerente, quão subtil, e, no entanto, tão inteligível. Fiquei deslumbrado, cego pela luz na qual os factos desarticulados eram vistos como partes de um todo poderoso inteiro, e todos os meus puzzles, enigmas e problemas pareciam desaparecer. O efeito era particularmente ilusório, num sentido, todos tinham de ser lentamente desvendados mais tarde, o cérebro assimilava gradualmente. Aquilo que a rápida intuição agarrou como Verdade. Mas a luz tinha sido vista, e no flash da iluminação percebi que a busca cansativa tinha acabado e a própria Verdade foi encontrada.
Em menor grau poderia A Doutrina Secreta ser para qualquer Teosofista, porque se revela no meio de frustrações de linguagem totalmente imprópria, alguns aspetos daquele fogo eterno e Universal do qual cada um de nós é uma faísca no processo de ser ventilado pela evolução para se tornar chama e, na devida maldição, um Fogo. A Dr. Besant sabia muito acerca do próprio Fogo.
Vida após vida, procurou mal. Vida após vida tinha desenhado mais perto e mais perto: De certo modo sabia. Mesmo, a parte mais antiga da vida recente revelou, em grande medida, a presença desse conhecimento embora o seu significado e poder para já permaneça latente. Mas quando leu A Doutrina Secreta relembrou uma vez mais, que “tinha conhecimento sobre o Fogo e as suas Esplêndidas Verdades.
Nós também somos faíscas desse Fogo, e todos temos também estudado e conhecido um pouco da natureza desse Fogo. Isto não é o nosso primeiro conhecimento de Teosofia. Não é o nosso primeiro conhecimento com o desdobramento das verdades de A Doutrina Secreta. Temos encontrado velhos amigos. E, arrisco a acreditar que se um Teosofista se aproximar de A Doutrina Secreta no espírito de esperar encontrar, velhos amigos após velhos amigos, página após página, ficará muito feliz e surpreso e voltará a viajar na Aventura das aventuras, encontrando alegria e paz no seu caminho.
Uma Nova Técnica
Estou também profundamente sensibilizado pelo facto de uma nova técnica estar a ser utilizada – uma técnica a qual depende de um conhecimento mais alto e não de um mais baixo.
O cientista está circunscrito por aquilo que a máquina fabricada é capaz de contactar e pegar, pelos seus esforços a partir de baixo, pela preocupação exclusiva com o que apelida de mundo material. Pode teorizar com olhar para assuntos para além do manuseamento físico do avião, mas o conjunto da sua superestrutura, a longo prazo, assenta numa base inteiramente física.
As suas deduções devem ser em larga medida, pouco fiáveis, porque está tentando deduzir o mais do menos, e não tem mais nenhuma experiência de qualquer “mais” sobre o que se possa tirar conclusões. É como se tentássemos deduzir o homem da criança quando nunca tivemos alguma experiência do que o homem é. Que tipo de deduções deveríamos fazer, perante a natureza do homem, sem ter tido qualquer experiência do que seja o homem? Penso que estamos completamente errados, porque, embora se diga que é a criança o pai do homem, o homem é em nove de dez casos filho totalmente irreconhecível.
A Doutrina Secreta, por outro lado, liberta conhecimento do alto, de tal forma que o mais é deduzido do menos – proposição inteiramente diferente. Poder-se-á dizer com certeza, de que o indivíduo comum não tem meios para testar a verdade de tais questionamentos a partir de uma consciência alargada. Mas o cidadão comum também não tem meios para testar a validade das conclusões e experiências do cientista.
Para isto, a resposta é que podemos, se gostamos de ter problemas, seguir o percurso do cientista e realizar as suas experiências por nós mesmos. Por isso, podemos seguir o percurso do ocultista e realizar as suas experiências por nossa conta. Da maneira mais pequena possível, eu próprio comecei a trabalhar nestas linhas, e cada passo que dou, confirmo uma ou outra das declarações de A Doutrina Secreta. Não me sinto por um momento que seja capaz de contactar os pormenores da imensa gama revelada neste livro notável. Mas aqui e acolá deparo-me com afirmações de verdade as quais eu próprio conheço. Concluo, portanto, que com toda a probabilidade encontrarei muito mais, embora também seja certo, em muitos casos não serei capaz de chegar à mesma conclusão – sem dúvida tendo em conta os meus mais pequenos poderes.

George S. Arundale. Domínio Público
Magna Est Veritas
Da minha própria experiência, posso finalmente, contestar as alegações contidas no panfleto intitulado The Vicissitudes of Teosophy, escritas por Sinnett, escrito em 1907, no decurso do qual escreveu: “são frequentes as passagens que depois a experiência desacreditou”. As depreciações, feitas pelo senhor Sinnett, de A Doutrina Secreta sincronizadas neste panfleto com a observação que a nomeação do Dr. Besant para a presidência da Sociedade Teosófica foram: “o resultado das ocultas atividades distintamente antagónicas ao verdadeiro bem-estar do movimento”.
Provavelmente, não é preciso dizer que a história subsequente da nossa sociedade é uma refutação enfática da afirmação do Sr. Sinnett, apenas no que diz ao nosso falecido grande Presidente.
Quanto à Doutrina Secreta, as mais recentes revistas testemunham o gradual respeito com esta maravilhosa produção está alcançando nos círculos não Teosóficos, à medida que a ignorância recua perante a verdade. O Sr. Sinnett ficaria surpreendido ao ler alguns dos recentes comentários sobre A Doutrina Secreta, não pelos glamorosos Teosofistas mas pelos revisores fervorosos do mundo exterior.
George S. Arundale
(1 de dezembro de 1878, Surrey, Inglaterra – 12 de agosto de 1945, Adyar, Índia)
Imagem de destaque:
1. A Doutrina Secreta, primeira edição em inglês. Domínio Público
2. Edição russa do início do século XX da Doutrina Secreta. Domínio Público