Na filosofia oriental a parte terrena do ser humano é representada por um quadrado dividido em físico, energético, emocional e mente egoísta. Deverá ser objetivo do ser humano ascender ao seu eu superior através da tomada de consciência da sua realidade mental.

Sendo que não se pode anular a nossa parte terrena, devemos sim harmonizar a nossa mente e as nossas emoções e ter consciência é o primeiro passo para sair do automatismo do eu animal.

Ser consciente é ter um foco para potenciar o poder da mente dirigida, identificando assim hábitos e armadilhas da mente egoísta, de modo a quebrar rotinas e desejos que nos impedem de termos posse de nós mesmos. É estar concentrado no momento presente e não deixar-se ir em fantasias, praticando sim um pensamento consciente, identificando os nossos processos internos para melhor os conhecer e saber trabalhar, de modo a vencer o medo de sermos dominados pela nossa mente.

Estando nós conscientes dos nossos atos, estamos assim mais aptos para passar de uma atenção passiva, que é súbita e involuntária, em resposta a estímulos exteriores que nos atingem rapidamente os sentidos, ou mesmo de uma atenção espontânea, que nos direcciona mais na linha do estarmos apenas atentos aos nossos interesses ou objectos de desejo, a uma atenção voluntária, que significa “atender –  tensão de olhar, de ouvir e ter concentração mental para compreender o que se passa” (in Dic. Priberam), tarefa que implica na sua definição a ocorrência de esforço, e estando o homem disposto a este sacrifício é porque tem nele uma intenção, numa vontade de entender o que se presencia.

Este exercício de atenção voluntária deve ser um trabalho diário pois o nosso dia-a-dia é uma luta entre “os três centros do homem (animal, humano e divino)”, sendo a chave de tudo a harmonia da nossa psique, pois só estando a nossa parte humana ‘centrada’ poderá o divino manifestar-se em toda a sua verticalidade. Para tal será necessário concentrar as nossas energias neste nosso objectivo, sermos perseverantes, para que não cedamos às inúmeras dúvidas que o nosso eu animal nos irá apresentar, para tentar não perder o seu poder sobre a nossa mente.

O ser humano tem a capacidade de poder discernir entre as opções que lhe são apresentadas, o caminho mais inteligente para atingir o seu eu superior, de optar por calar as vozes alheias que influenciam a personalidade e que o prendem ao mundo exterior e deixar de ‘ser pensado’, tomando nas suas mãos a realização da sua individualidade em todo o seu potencial.

Para tal será necessária uma atitude de desapego e um esforço de concentração num objectivo superior, “não ditado pelas preferências mas sim pelo dever”, em que a prática do conhece-te a ti mesmo nos libertará das amarras do nosso eu animal, em busca do ideal de sermos líderes de nós mesmos e da nossa vontade.

A perspectiva de pensar fora da caixa significa ousarmos sair da nossa zona de conforto e colocarmo-nos acima da nossa realidade, de deixarmos o nosso mundo de automatismos, hábitos e desejos, para conseguirmos olhar para as nossas partes constituintes como um todo, e fazermos o exercício de imaginarmos a solução para os nossos problemas, pois já dizia Platão, na sua teoria das ideias, que tudo nasce no plano mental para depois se realizar no plano concreto.