Nesta quarta parte, continuaremos a analisar as lâminas do Zodíaco por Johfra Bosschart (1919-1998).
Desta vez, o signo de Leão.
Recordemos que nas obras deste artista podemos encontrar ideias do neoplatonismo, passagens bíblicas, cabala judaica, astrologia hermética, gnosticismo, magia e mitologia.
O Leão é um signo de Fogo, associado às características deste elemento: extroversão, energia, entusiasmo, iniciativa e auto-suficiência. O regente de Leão é o Sol, centro do Sistema Solar, e é por isso que aqueles nascidos sob este signo são geralmente egocêntricos.
Tal como a ideia que formamos do leão pelos relatos e mitos, aquele nascido sob este signo é geralmente forte, corajoso, elegante, nobre, mas também ávido pelo poder. Não aceita rivais ao seu redor, muito menos outro Leão, consciente, como ele, do seu próprio valor. É bom na posição que ocupa na sociedade, tanto no trabalho como em casa, mas precisa de ser aquele que toma as rédeas, porque caso contrário, podem ocorrer confrontos.
O Sol está muito presente na placa, não apenas no desenho central da estrela e na ornamentação da moldura, mas também no deus Apolo, representado no canto inferior esquerdo, tocando a lira. No canto superior esquerdo, num cartucho, encontramos o selo mais importante do Sol. No grande cartucho à direita, com três «braços» no centro, aparece o selo dos espíritos olímpicos, atribuído a esta estrela. E nos cartuchos menores, vemos os símbolos alquímicos do ouro, o metal do sol.
Esta estrela também está presente nas plantas desenhadas, uma vez que tanto o girassol como a palmeira, a azinheira e os frutos da auranciácea, são símbolos solares. A azinheira oca está associada ao renascido, como o sol, que renasce todos os dias. Além disso, na alquimia, esta árvore é um símbolo do athanor, o forno em que é realizado o grande trabalho, a transmutação do chumbo em ouro, que acompanha o crescimento espiritual do alquimista, que supera o material para se tornar espiritual.
Da mesma forma, o nascido em Leão deve superar-se a si mesmo para alcançar o seu potencial. É por isso que Johfra pintou um leão na terra, em combate, e outro no céu, identificado com o Sol.
Na parte inferior vemos um violento combate que representa o nativo de Leão em luta consigo mesmo. Caracteriza-o como Hércules ou Héracles, o mais nobre dos heróis, predestinado para trabalhos maravilhosos que cumpriu na perfeição. Divino por parte paterna, nobre do lado da parte materna, Hércules é filho do deus Zeus e da princesa Alcmena (O Escudo de Héracles e a identidade do herói).
Um dos duros trabalhos confiados a este grande herói foi matar o leão Nemeia, que aterrorizava o rebanho de ovelhas do Rei Anfritrion, seu pai adoptivo. O que tornava praticamente impossível a tarefa, além do incrível tamanho e força da besta, era a sua pele invulnerável: nenhuma arma podia penetrá-la. Então Hércules agarrou-o firmemente nos seus braços e asfixiou-o. Finalmente despojou-o da sua pele e desde então passou a usá-la como couraça.
É geralmente retratado usando a cabeça do leão como elmo. Simbolicamente, isto significa a luta do nativo de Leão com as forças que existem dentro de si e que deve saber dominar e equilibrar, ou morrer a tentar, já que pode ser o vencedor de si mesmo ou a sua própria vítima. Se for vencedor, torna-se Apolo, deus do Sol, caso contrário pode tornar-se um deus da ira.
O Leão que sabe elevar-se acima do seu próprio nível torna-se uma criatura magnífica; então é, efectivamente, o que ele pensa que é, na dignidade e na aparência, sabe ser gentil, manifesta-se com todo o seu talento e até dá um bom exemplo trabalhando duramente, porque é, por natureza, uma pessoa construtiva.
Eva Garda
FONTE: O Simbolismo do Zoodiac de Johfra, Hein Steehouwer, 1975
Publicado na RevistAcrópolis, Córdoba Argentina (20 de agosto de 2022).
Imagem de destaque: Signo de Leão. Domínio Público