Citando Jean Markal, ilustre estudioso das tradições da Bretanha que na sua obra intitulada O Monte St Michel e o enigma do Dragão, disse que “o monte sagrado é antes de tudo uma belíssima história de amor”. Este amor que une a terra e o céu acontece no oceano, nas águas fervilhantes do norte, onde tudo se transforma ao sabor das marés, num vai e vem incessante dos ciclos da água movida pelo pulsar da vida.

Na Baía da Baixa Normandia, cobrindo uma superfície de 40.000 mil hectares, em período de equinócio o mar avança 18 km da costa para beijar o rochedo a um ritmo de 60 metros por minuto. Neste cenário dantesco o Monte St. Michel emerge como uma barca imutável, prisioneira do lodo das areias movediças. Crucificado entre o terreno e o divino, o monte sagrado aponta como um farol a última fronteira entre o visível e o invisível.

Monte St Michel / Pixabay

Monte St Michel / Pixabay

Este lugar mágico, onde convergem todos as energias do universo, foi desde tempos remotos um caminho de peregrinação. Muitos povos vindos de um período muito recuado, provavelmente desde o neolítico irão ocupar esta zona costeira ocidental e os inúmeros vestígios de megálitos apontam para existir uma relação entre essas construções e uma geografia sagrada orientada desde do céu e da terra. Vários estudos comprovam a localização de pedras erguidas em campos específicos de correntes magnéticas terrestres conjuntamente com a presença de filões de águas subterrâneas, especialmente nas antas ou dólmenes. Vários estudos de arqueoastronomia confirmam a importância que os megálitos tiveram do ponto de visto astronómico, e a maior parte destas construções apontam para momentos importantes do calendário solar e lunar (solstício e equinócio). Os Celtas, os Romanos e mais tarde os Cristãos voltaram a utilizar esses santuários, adaptando esses lugares sagrados ao seu culto e à sua cultura. Do mesmo modo foi reocupado o monte Tombe, que significa um lugar elevado, uma flecha virada para o alto, e que irá tornar-se uma das maravilhas do mundo ocidental atraindo todos os anos milhares de visitantes e peregrinos.

Como todas as histórias de amor, o Monte St. Michel sofreu as provas do tempo, e por ele passaram várias tempestades, relâmpagos, incêndios, derrocadas de parte das suas estruturas, mas sempre voltou a erguer a sua vocação de perdurar até ao fim dos tempos, porque este promontório é uma lenda viva, um mito que conta uma outra história, que tem origem nos primórdios da criação do mundo, que fala da luta do chefe da milícia celeste. MIKAEL, nome que quer dizer: quem é como Deus? Contra o Anjo rebelde Lúcifer, o portador da luz, o Prometeu dos mitos gregos e que a tradição cristã associou depois à imagem do diabo ou Satã. A iconografia medieval reproduziu esta alegoria bíblica através da imagem de S. Miguel que subjuga o dragão, símbolo ancestral da queda do espirito na matéria.

São Miguel Arcanjo por Guido Reni, Santa Maria della Concezione, Roma, 1636 / Wikipedia

São Miguel Arcanjo por Guido Reni, Santa Maria della Concezione, Roma, 1636 / Wikipedia

UM POUCO DE HISTÓRIA

O Monte Saint-Michel é uma ilhota rochosa de forma cónica de 900 metros de circunferência e 50 metros de altura situado na foz do Rio Couesnom, no departamento da Mancha, em França, onde foi construída uma abadia e santuário em homenagem ao Arcanjo São Miguel. O seu antigo nome é “Monte Saint-Michel em perigo do mar” (Mons Sancti Michaeli in periculomari).

Crê-se que a história da abadia do Monte Saint-Michel começou em 708, quando o bispo Aubert de Avranche teria tido várias visões do Arcanjo que lhe pediu para construir no monte Tombe um santuário para honrar o Senhor e conceder assim a sua divina proteção. No século X os monges beneditinos instalaram-se na abadia e uma pequena vila foi-se formando aos seus pés. Durante a Guerra dos cem anos, entre França e Inglaterra, o Monte Saint-Michel foi uma fortaleza inexpugnável, resistindo a todas as tentativas inglesas de tomá-la, transformando-se assim em símbolo da identidade nacional francesa.

Após a dissolução das ordens religiosas ditadas pela Revolução Francesa de 1789, até 1863 o Monte foi utilizado como prisão, sendo chamada ”La Bastille de la mer”. Foi declarado monumento histórico em 1987 e figura na lista do Património da UNESCO.

Le Mont St. Michel, Normandy, France / Wikimedia Commons

Le Mont St. Michel, Normandy, France / Wikimedia Commons

A Bretanha ou a terra Armórica é um misterioso arquivo do passado. Armórica ou Aremorica é o nome dado na Antiguidade à região da Gália que incluía a península da Bretanha e o território Entre-os-Rios Sena e Loire, até um ponto indeterminado no interior. Este topónimo baseia-se na expressão gaulesa are mori “à beira-mar”. Em bretão (idioma que, juntamente com o gaélico e o córnico são as línguas vivas derivadas do gaulês) “à beira mar” diz-se war voor (e gaélico ar for), embora a forma mais antiga arvor seja usada para as zonas costeiras da Bretanha, em contraste com argoad (ar ‘em’, coad ‘floresta’ [em gaélico ar goed (‘coed’, floresta)], para designar o interior. Esta utilização moderna permite deduzir que os Romanos contactaram inicialmente populações costeiras e partiram do princípio que o nome localizado Armórica dizia respeito a toda a região, tanto litoral quanto interior.

Esta terra, outrora coberta pela famosa floresta de Sissiac estendia-se da baia até às ilhas Chaussey e dataria do princípio do último período glacial há 20.000 anos atrás. Desde então a terra abriu as suas costas para o mar e, alguns rochedos resistiram ao avanço das águas. Os três montes sagrados da baia de St Michel considerados ligados entre si por um circuito energético e astronómico são os seguintes: o Monte Tombe (lugar ocupado pela abadia St. Michel) onde foram localizados 2 menhires no topo da colina e que infelizmente se encontram deteriorados.

O segundo é o Monte da Tombelaine visível no mar ao norte do Monte St. Michel e que teria também sido ocupado desde do paleolítico médio (11.000 anos) e o Monte Dol com o seu cromeleque ou círculo de pedras erguidas, também danificado. Este promontório, que comtempla a Baía, é hoje ocupado pela capela de S. Miguel. Neste local também foram encontrados vestígios de 2 altares taurobólios relacionados com o culto de Mitra, o deus solar. Costumava-se sacrificar um touro e o sangue derramado, símbolo de vitalidade solar,  servia para rituais de iniciação. Do Monte Dol pode-se assistir ao levantar do sol sobre o Monte St. Michel quando o sol entra na constelação zodiacal do Touro sendo também o dia 8 de maio a festa primaveril dedicada ao Santo Arcanjo.

 

O CULTO DOS GIGANTES E A LENDA DE GARGÂNTUA

Mas quem foram os construtores destes templos solares? A tradição fala dos gigantes que outrora deixaram as suas pegadas sob a forma de menhires, túmulos e círculos de pedras. Ainda existem muitos mistérios para desvendar à volta dos gigantes e de como desapareceram, no entanto muitas fontes mitológicas e tradições orais de todo o mundo afirmam que eles foram os longínquos antepassados dos povos indo-europeus que meramente teriam reatualizado muitas das suas construções ciclópicas que se encontram espalhadas nos quatro cantos do mundo. As lendas de Gargântua tornaram-se mundialmente conhecidas graças à inspiração do escritor francês François Rabelais (1494-1553) que retratou os famosos gigantes com muito humor e ousadia. Devido às suas fabulosas façanhas e o apetite insaciável que os caracterizava, estes gigantes de ficção já eram os protagonistas de todas as lendas da terra Armórica e conta-se que o Monte St Michel, a Tombelaine e o Monte Dol nasceram das 3 pedras que se encontravam na bota do gigante Gargântua e que este lançou no ar para se desembaraçar do incómodo.

A Infância de Gargantua, Gustave Dore / Wikipedia

A Infância de Gargantua, Gustave Dore / Wikipedia

 

O CULTO DE S. MIGUEL

Existe uma relação entre o culto de S. Miguel e os antigos montes sagrados. Estes costumam situar-se em lugares energéticos e magnéticos muitos fortes, encobrem um túmulo, uma gruta, ou então uma abertura pelas entranhas da terra, como se esta fosse um lugar de passagem entre 2 mundos: o visível e o invisível. Entre a terra dos vivos e dos mortos, S. Miguel é essa luz que desce do céu e penetra no submundo para resgatar as almas. Na sua função de psicopompo (aquele que conduz as almas) ele assume a função de intercessor da justiça divina. A balança, um dos seus atributos, assinala a data do seu aniversário no calendário católico, 29 de setembro, início do período outonal marcado pela entrada do sol no signo zodiacal da balança. Este momento equinocial está vinculado a ideias do fim das colheitas e da necessidade de fazer uma avaliação dos frutos que resultam das nossas ações. “Tudo aquilo que foi dito nas trevas, será escutado na luz.”  St Luca (XII,4).

São Miguel lutando contra o dragão (miniatura do Livro de Horas de o Cavaleiro Étienne) / Wikipedia

São Miguel lutando contra o dragão (miniatura do Livro de Horas de o Cavaleiro Étienne) / Wikipedia

A origem do culto de S. Miguel é muito remota. No Antigo Testamento, ele intercede em nome de Deus junto de Abraão que quer imolar o seu filho Isaa. No Epito de Jude, ele entra em conflito com Satã e nas visões do Apocalipse de S. João ele lidera a luta contra Satã. Na Cristandade, S. Miguel é invocado para a proteção dos demónios. S. Miguel do Hebreu MICHAEL é o mediador entre o polo celeste e o polo terrestre, é um Arcanjo do Judaísmo, Islamismo e Cristianismo; os seus atributos são a balança, a lança, um estandarte branco com uma cruz vermelha e uma palma, sendo representado com 4 asas brancas e vestindo uma armadura imperial. Os lugares mais importantes de peregrinação são o Monte St. Michel na baixa Normandia, o Monte Sant’Angelo Gargano em Itália, o Menez Mikael na Bretanha e Saint Michel’s Mount na Cornualha bem como os muitos lugares da Galiza, Portugal e Açores, onde o culto de S. Miguel é ainda vivo. A França tem-lhe uma particular dedicação, por ter sido o protetor do imperador Carlos Magno e de Joana d’Arc.

A famosa fonte de St. Michel no 4ª bairro de Paris é um belíssimo exemplar das virtudes cardeais que são associadas ao Santo Arcanjo. Estas assinalam os 4 pontos cardeais do zodíaco: o equinócio da primavera com o signo do Carneiro e que corresponde à Força, o solstício de verão com o signo do Caranguejo e que corresponde à Prudência, o equinócio de outono com o signo da Balança e que corresponde à Justiça e o solstício de inverno associado ao Capricórnio e correspondendo à Temperança.

S. Miguel é o padroeiro das Gálias, da Normandia, da Alemanha, da cidade de Bruxelas e também protetor dos paraquedistas.

 Fonte de St Michel. Praça de St Michel, Paris / Wikipedia

Fonte de St Michel. Praça de St Michel, Paris / Wikipedia

 

OS MISTÉRIOS DO DRAGÃO

O dragão é também a imagem da serpente, é o guardião do limiar e dos tesouros ocultos. Nele manifesta-se a combinação das forças e dos 4 elementos da natureza (terra, água, ar e fogo) no meio da qual se desenrola a existência do homem: o desejo de satisfazer as suas paixões seja a que preço for, a rebeldia, os medos, o separatismo, a ambição terrena, a utilização de meios ilícitos e a fraqueza que dá origem a influências deploráveis.

O Dragão Branco / Flickr

O Dragão Branco / Flickr

Na simbologia universal o dragão representa a substância primordial no seu estado caótico, o grande Oceano abismal berço futuro de todas as formas de vida. No mundo da manifestação ele reveste o princípio nocturno húmido, fecundante feminino, lunar dissolvente, as potências obscuras e latentes do inconsciente. Na astronomia os 2 eixos do dragão (a cabeça e a cauda) representam os pontos fictícios lunares onde se centram os eclipses. Na astrologia estes pontos estão relacionados com a necessidade de renovação das potencialidades humanas. Na alquimia o dragão encarna o princípio da dualidade da matéria ígnea sobre a qual opera o mercúrio filosofal dos alquimistas ou o solvente universal, princípio volátil e fixo que permite a penetração, a separação e a exaltação dos elementos puros contidos na matéria sonolenta.

A luta dos dois dragões representa as duas naturezas da matéria, uma fixa e outra volátil, como ilustram as garras e as asas do dragão. O sangue do dragão, essa substância quente, fervilhante e espumosa, licor da imortalidade nascida da fricção dos dois fogos, é o símbolo do poder regenerador do dragão que com o seu alento quente nascido do fogo abismal atrai o relâmpago que liberta a chuva celestial grávida da semente de vida futura.

Vortigern e Ambrose assistindo a luta entre os dragões vermelho e branco / Wikipedia

Vortigern e Ambrose assistindo a luta entre os dragões vermelho e branco / Wikipedia

O fogo celeste ou o Espírito é representado pelo enxofre alquímico, ou a imagem do Arcanjo S. Miguel eternamente virgem que com a sua lança vertical faz descer o fogo das alturas despertando a matéria negra em fusão. Assim o fogo da terra e o fogo do céu formam dois triângulos que se cruzam dando lugar ao símbolo dos alquimistas, a estrela de Salomão, e que nos recorda o axioma da ciência hermética “o que está em cima é como o que está em baixo”.

Selo de Salomão, um símbolo supostamente do anel de sinete do rei Salomão / Wikimedia Commons

Selo de Salomão, um símbolo supostamente do anel de sinete do rei Salomão / Wikimedia Commons

 

QUEM SÃO OS ANJOS?

A palavra Anjo é de origem grega, Aggelos, que significa mensageiro. Na sua origem hebraica a palavra Malakh’in tem o mesmo significado. Os Anjos são seres de luz e de fogo que atuam em diversos planos da Criação, são os fiéis servidores da luz pura e incolor, representada através do ponto central divino. As nove esferas ou hierarquias que circundam o trono de Deus ou o coro dos Anjos representam o corpo místico de Deus. As hierarquias celestiais manifestam os três grandes poderes do Logos: Vontade, Amor e Inteligência. Na sua missão de obediência e serviço à Lei divina assumem aspetos de rigor e justiça ou misericórdia e proteção, zelando por ajudar a restabelecer o equilíbrio do Mundo. Assim vimos o Arcanjo S. Miguel ser ao mesmo tempo um anjo guerreiro que luta contra o dragão mas também protetor das causas justas. Os anjos povoam o espaço e não existe um recanto obscuro do universo onde a luz de Deus não esteja omnipresente.

A esta Hierarquia Celeste pertencem os Anjos custódios que nos acompanham desde do berço até ao ataúde. Vivem na dimensão invisível e atuam por detrás do véu da matéria densa até aos planos mais subtis onde iluminam e inspiram a onda de vida que penosamente busca o caminho da Unidade.

Diz a tradição que quando o homem despertou como entidade consciente, após ter comido o fruto do conhecimento, foi-lhe concedida a liberdade de escolha entre o bem e o mal e que os frutos das suas ações seriam a justa retribuição pelo sofrimento ou felicidade alcançada. Este primeiro homem conhecido sob o nome de Adão seria a imagem do Anjo caído, ofuscado pelo poder da matéria que despertou nele o desejo de viver a qualquer preço e que, seduzido pelo brilho do mundo terreno, teria perdido temporariamente a sua natureza angélica. Talvez aqui se encontre o maior segredo do dragão de S. Miguel que tem asas para voar como os anjos mas que também possui garras para se apoderar dos tesouros da terra.

Do alto da torre da abadia do Monte St. Michel, verdadeiro laboratório alquímico (labor – matéria removida pela presença do Espirito – Oratório), ergue-se o arcanjo com a sua lança dourada apontando para o dragão que permanece submisso. Este combate assinala o eterno conflito entre o fogo terreno e o fogo celeste e mais uma vez é uma alegoria ao eterno desafio da vida que se manifesta através da dialética dos opostos: luz e sombra, dia e noite, vida e morte, espírito e matéria, bem e mal. Numa busca permanente de verdade, é preciso conhecer-se a si mesmo para compreender que o dragão é a projeção dos nossos medos: medo de morrer, medo de sofrer, medo de perder e, como diz muito sabiamente este pensamento africano “não se pode pintar branco sobre branco, nem preto sobre preto, precisamos do outro para nos conhecer”. Também não faria sentido S. Miguel sem o dragão e o dragão sem S. Miguel, o bem só pode ser bem em função do mal, e o mal não existiria se não houvesse o bem.

Torre da abadia do Monte St. Michel / Wikimedia Commons

Torre da abadia do Monte St. Michel / Wikimedia Commons

O dragão de S. Miguel revela todo o processo alquímico que devemos realizar. Como no culto solar do Deus Mitra, onde os iniciados eram ungidos no sangue do touro sacrificado, o homem deve ser capaz de transmutar a sua energia inferior, o fogo subterrâneo, em puro fogo espiritual.

O Arcanjo S. Miguel quis que St. Aubert atendesse ao seu pedido de construir uma abadia no Monte, onde posteriormente teria aparecido um touro augural e que o monge duvidou da veracidade da sua visão. Diz a lenda que S. Miguel, para provar ao padre o seu poder angélico, teria tocado o crânio de St. Aubert, deixando um orifício como sinal irreversível da sua presença. Verdadeiro ou falso? Acreditamos que existe uma parte de verdade nesta lenda já que o buraco do crânio de St Auber corresponde à localização do sétimo centro de energia (Chakra) do corpo humano em correspondência com o despertar da dimensão espiritual. No museu da abadia pode ver-se o curioso orifício no crânio do santo como argumento da veracidade dos factos.

A relíquia do crânio de Aubert, completo com buraco onde o dedo do arcanjo perfurou-lo. Basílica de Saint-Gervais / Wikipedia

A relíquia do crânio de Aubert, completo com buraco onde o dedo do arcanjo perfurou-lo. Basílica de Saint-Gervais / Wikipedia

No mundo onde nada morre e tudo se transforma, a matéria assume a forma do dragão, substância septenária que se renova como as 7 peles da serpente cósmica, e que culmina na imagem do Ouroboros, a serpente que morde a cauda, símbolo da reintegração da multiplicidade dos mundos na unidade divina. A matéria da obra é o próprio dragão, não se trata de matá-lo mas sim de lhe devolver a sua essência alada de origem celestial em detrimento da sua negrura por ausência de contacto com a luz. No caminho alquímico do Monte St Michel existia outrora na capela do século X uma virgem negra chamada “Nossa Senhora Debaixo da Terra”, tendo sido transladada no século XVII para a sala dos pilares e acabou por desaparecer durante a Revolução.

As virgens negras, símbolo da matéria primordial, não tocadas pela luz, representam a fase inicial da alquimia, o homem de chumbo que irá transmutar-se em homem de ouro.

Madonna de Jasna Góra / Wikipedia

Madonna de Jasna Góra / Wikipedia

Neste processo difícil de transmutação progressiva marcada pelas três fases da alquimia: o negro ou putrefação, o branco ou purificação e o rubi ou Iluminação, o homem que se atreve a subir os 7 degraus da sua montanha interior deve aprender a conhecer-se a si mesmo encontrando dentro de si o seu dragão e o seu S. Miguel, então com a colaboração da terra e do céu, purificado pelo fogo que Deus lhe deu, a pedra branca dará à luz o filho de ouro, glória das alturas.

Feliz o bem-aventurado que possui a sétima chave do Monte Tombe, portal da luz que nunca morre.

A Imaculada Conceição de Giovanni Battista Tiepolo / Wikipedia

A Imaculada Conceição de Giovanni Battista Tiepolo / Wikipedia

Bibliografia
– El retorno de los Àngeles de Laura Winckler, editorial Nueva Acropolis 2004
– Le Mont Saint Michel et l’enigme du dragon de Jean Markale, Editeur France-Loisirs, 1987
– Dicionário dos símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, Editions Robert Laffont et  Editions Jupiter, Paris 1982