O Dia da Terra é um bom dia para fazer uma reflexão sobre a Alma Mater e a morada em que vivemos e evoluímos como humanidade. E não apenas nós, mas também os reinos mineral, vegetal e animal que ela abriga e alimenta.
A Terra converte-se, é um quem, um quê, um como, um para onde, um porquê e um para quê daquilo que somos, um fundamento vivo e perene em ciclos de tempo sem fim e a quem a mente humana e os seus resíduos e ações tóxicas estão debilitando e tornando contra. Ao ponto de parecer mais para Ela, a Terra, o ser humano uma anomalia ou um vírus destrutivo, do que um dos seus filhos ou recriadores.
Onde está a Terra? No espaço matriz do Sol, e assim converte-se em fundamento do Macrocosmo, para onde o ser humano olha e tende. E o nosso Sol vive na inter-relação harmoniosa das estrelas, de cujo cúmulo forma parte, e do qual Sírius é um olho ardente. E este cúmulo, como molécula cósmica, na grande célula a que chamamos a nossa galáxia, a Via Láctea. A mesma num tecido de outras semelhantes, no supercúmulo de Virgem e arrastadas para o que chamamos de Grande Atrator, que exerce o seu poder sobre centenas de milhares de galáxias, num raio de 300 milhões de luz de distância, segundo a nossa cosmologia atual.
Onde está a Terra? Onde nós próprios estamos, porque mesmo que viajássemos para Marte ou para uma estrela distante, como na odisseia fictícia de Star Trek, nunca deixamos de ser a Terra.
Onde está a Terra? No equilíbrio dos opostos que permitem a vida como a conhecemos, numa bioquímica e estados da água (líquida, sólida, em vapor) criadora de formas harmoniosas com a nossa essência e evolução.
Onde está a Terra? No coração humano, pois para onde quer que vamos, em futuras viagens espaciais, em viagens de sonho ou de espírito, enquanto seus filhos, agora e daqui a milhares de milhões de anos (segundo as tradições herméticas), será o nosso lugar, para onde queremos voltar, o nosso lar, o Grande Cisne branco e azul que guarda com as suas asas estendidas as nossas almas, ainda infantis. Juntamente com o seu Irmão Celeste, sempre junto a ela e velando-a, a Alma de Vénus, mãe do fogo mental que nos outorga o sentido de identidade e de pertença ao Todo-Uno-Sem Princípio e Sem Fim.
Este quem e este onde, e este para quê, devem colmar a alma de um respeito sagrado, de uma conduta e de uma intenção puras para ela mesma, olhada do espírito que abrirá sem violência as suas portas e recintos mais secretos, segundo diz o livro místico Voz do Silêncio.
José Carlos Fernández
Escritor e Diretor Nacional da Nova Acrópole
Imagem de destaque: Planeta Terra, fotografia de 1968 obtida pelo astronauta Bill Anders, a partir do módulo de comando da Apollo 8. Domínio Público.