Se é verdade que o império português do oriente já não existe hoje, é também verdade que ainda é possível encontrar, nessas longinquas terras e de forma inesperada, vestígios vivos da valorosa expansão lusitana.
Estes testemunhos de uma história que vale a pena ser preservada e compreendida, são como pontes para o passado que testificam que a marca deixada pelos portugueses não é uma invenção saudosista. Mas sim um valioso património cultural que tem sobrevivido ao passar dos séculos, e que revela inequivocamente a força e impacto que um povo pode ter quando se une atravês daquilo que o torna único.
De todas as consequências e efeitos deste lançamento do homem ao desconhecido, um dos com maior significado talvez tenha sido o contacto dos portugueses, primeiramente, e consequentemente dos europeus, com o outro. Neste caso com os povos do sudeste asiático. Este reencontro providenciou (acima de qualquer plano económico, mercantil ou político) que a humanidade se redescobrisse a ela própria na sua diversidade cultural, que povos que não existiam uns para os outros, passassem a comunicar e que o homem expandisse os seus horizontes físicos e mentais. E ainda hoje o mundo vive no rasto desta ondulação deixada pelas caravelas e naus portuguesas. Isto mostra que os vetígios culturais deixados pelos portugueses na Ásia deveriam ser tratados, pelo seu pioneirismo, não só como património nacional mas como um testemunho vivo da capacidade do homem de transpor barreiras consideradas por muitos intransponíveis.
Qualquer português que viaje até Malaca, cidade na costa oeste da Malásia peninsular, compreenderá que os navegadores e aventureiros antigos, atravês de uma ocupação de 130 anos (1511 a 1641), deixaram uma marca na memória deste povo. Quem se identificar como português nesta cidade, é surpreendido com uma proximidade repentina e possivelmente ouvirá o nome Afonso de Albuquerque e algumas palavras malaias de origem portuguesa como por exemplo gereja. Esta atitude por parte dos locais, poderá até parecer estranha para quem não está familiarizado com as peripécias da expansão marítima portuguesa. Mas a verdade é que ainda hoje para um malaio de Malaca, a presença de um português na sua cidade, poderá invocar a memória de grandes homens da história nacional, que muitas vezes são descohecidos dos seus conterrâneos.
Para além disto, existe ainda o bairro português, onde vive uma comunidade com descendência portuguesa que celebra e preserva com orgulho algumas tradições como as festas dos Santos populares. E ainda um dos dialectos falados é o Português de Malaca, uma florescência da antiga língua de Camões semeada pelos portugueses no século XVI. As tradições e festas cristãs são vividas intensamente pela comunidade e fazem-se ainda concursos e competições com grande adesão por entre os mais jovens para promover o dialecto de origem portuguesa.
Como terá sido a atitude e interacção dos portugueses quinhentista para que as suas influências culturais, ainda nos dias de hoje, sejam mantidas e preservadas com orgulho pelos próprios malaios?
Nas palavras de Noel Felix, considerado o mais português de Malaca: “Nussa linggu kum alma nang podi kompra kum pataca. Nus papia mutu tantu antigu, linguasa di cinkocentu anu”
Tanto holandeses como ingleses passaram por Malaca mas não deixaram a herança cultural duradoura que os portugueses deixaram. Membros da comunidade portuguesa dizem com orgulho que foram os únicos a preservar uma ligação com as suas raízes. Nesta Kantiga do grupo musical malaio Trez Amigos está presente a forte influencia lusitana na cultura local.
“Keng teng fortuna ficah na Malaka,
Nang kereh partih bai otru tera.
Pra ki tudu jenti teng amizadi,
Kandu partih logo ficah saudadi.
Ó Malaka, tera di San Francisku,
Nten otru tera ki yo kereh.
Ó Malaka undi teng sempri fresku,
Yo kereh ficah atih moreh”
Em 2011 foi organizada pela comunidade portuguesa uma festa em celeberação dos 500 anos da chegada de Afonso de Albuquerque. Foram convidadas duas tunas masculinas do Porto e de Tomar, que actuaram para os luso-descendentes malaios promovendo assim um fortalecimento dos laços culturais. Ainda no que toca a música, se o Fado é algo que consideramos exclusivo do mundo português, não deixa de ser surpreendente ver a interpretação de um fado de coimbra por um luso descendente de Malaca.
Logo, para aqueles portugueses que ainda têm dificuldade em compreender a grandeza e o caracter universal dos descobrimentos portugueses, e o impacto duradouro que estes tiveram na relação global entre povos, que viajem 11.500 Km e observem, que é possível comunicar com seres humanos que vivem no outro lado do mundo, sem saber outra língua senão aquela que aprenderam em Portugal.
Fontes:
http://malaca-portugal.blogspot.pt/2011_08_28_archive.html
http://blog.lusofonias.net
MARAVILHOSA HISTÓRIA DE PORTUGAL!! AOS FILHOS DE D. AFONSO DE ALBUQUERQUE!! QUE JESUS VOS ILUMINE DE CONHECIMENTO E SABEDORIA. Um abraço de PORTUGAL!!