Mas voltemos um pouco atrás, voltemos à sua profunda necessidade interna de algo superior. Quando confrontado com o seu percurso, costumava dizer que começou pela filosofia indiana, e que entretanto encontrou Gurdieff, que impactou profundamente a sua vida. De forma muito resumida, podemos dizer que Battiato herdou a ideia da necessidade de um centro de gravidade permanente (fez da ideia uma das suas músicas mais conhecidas)[1], de harmonizar diferentes centros de uma falsa personalidade[2] afim de dar voz e espaço a uma identidade mais profunda, identidade essa reflectida em todas as Tradições da Humanidade e que portanto faz parte de uma herança e conhecimentos universais. É desta época o álbum La Voce del Padrone (A Voz do “Dono”, 1981), em que há quem diga que faz referência à indústria discográfica, mas há quem sugira que “Padrone” seja antes o “Senhor”, a voz do Senhor ou Dono, do Rei interno que deve comandar as diferentes partes das quais somos feitos segundo a tradição filosófica que Battiato tanto amava.

As referências que poderíamos fazer são quase infinitas, se juntarmos este último disco aos seguintes… Gli Uccelli (Os Pássaros), fala de geometria existencial… L’Animale (O Animal), mete em cena o animal que carregamos dentro de nós e que nos escraviza e nos prende aos mais diferentes instintos e hábitos. Em Prospettiva Nevski, fala da alegria profunda do estudo com os companheiros e a música acaba com: “E o meu Mestre ensinou-me como é difícil encontrar a aurora dentro do anoitecer”. Acerca desta canção, dirá algo que também diria de outras canções – que teve um auxílio, que a música, a poesia foi-lhe como que ditada, que aquilo mal lhe pertence. Neste caso, nem sequer a queria colocar no álbum (Nómadas, 1987), pois fora-lhe tudo inteiramente dado, da melodia à palavra.

Em 1988 regressa à Sicília, à sua terra natal, pois sentiu um profundo apelo pelas raízes. Entretanto, havia-se enamorado do sufismo, de Rumi, dos dervixes. Talvez seja arriscado colocar as coisas nos seguintes termos, mas quiçá se possa dizer que com Gurdieff ficou-lhe impressa a ideia de uma identidade mais profunda acima dos automatismos da personalidade e que com o sufismo, o neoplatonismo islâmico, alcançou as mais belas regiões da contemplação, elevando-o a profundos reinos internos e ao contacto com dimensões mais puras do Real[3].

Battiato meditava, contemplava, amava profundamente a atmosfera dos mosteiros de clausura. O máximo de tempo seguido que chegou a ficar num mosteiro foram 15 dias, mas visitava-os com frequência e mantinha relações de proximidade com comunidades monásticas. A sua “Missa Arcaica”, de 1994, foi partilhada e comentada com amigos dessas comunidades. Se teria que dar um concelho para viajar, sugeria que se visitassem os mosteiros… Sabe-se que recebeu várias cartas de pessoas agradecendo as suas canções e partilhando que haviam descoberto a sua vocação monástica ao ouvi-lo, ao exaltarem-se e ao elevarem-se com ele[4].

Mosteiro de San Giovanni Theristis, Bivongi, província de Reggio Calabria, Itália. Creative Commons

Sim, algumas das suas canções são autênticas preces e, como nos diz, foram escritas em profundos estados de contemplação. Podemos falar de quatro delas – Lode all’Inviolato, Oceano di Silenzio, Le Sacre Sinfonie del Tempo e L’Ombra della Luce[5]. Como se pode constatar abaixo, O Louvor ao Inviolado engloba aspectos como a relação com a presença invisível, as máscaras da nossa verdadeira identidade (eu e a minha persona), a dignidade de viver desperto, o estado de alegria que reina naturalmente acima de nós, as duras provas do Caminho. N’A Voz do Silêncio, antigo texto tibetano, diz-se: “Aquilo que é incriado habita em ti, Discípulo […]”. Ao Incriado, ao Inviolado, ao mais puro, Franco fez a sua prece:

Ne abbiamo attraversate di tempeste Quantas tempestades não atravessámos
E quante prove antiche e dure E quantas provas antigas e duras
Ed un aiuto chiaro da un’invisibile carezza E um auxílio claro de uma carícia invisível
Di un custode De um custódio
   
Degna è la vita di colui che è sveglio Digna é a vida daquele que está desperto
Ma ancor di più di chi diventa saggio Mas ainda mais de quem se torna sábio
E alla Sua gioia poi si ricongiunge E à Sua alegria então se reúne
Sia Lode, Lode all’Inviolato Seja o Louvor, o Louvor ao Inviolado
Lode all’Inviolato O Louvor ao Inviolado
   
E quanti personaggi inutili ho indossato E quantas personagens inúteis eu não usei
Io e la mia persona quanti ne ha subiti Eu e a minha persona quanto não padeceram
Arido è l’inferno Árido é o inferno
Sterile la sua via Estéril a sua via
   
Quanti miracoli, disegni e ispirazioni Quantos milagres, desenhos e inspirações
E poi la sofferenza che ti rende cieco E depois o sofrimento que te deixa cego
Nelle cadute c’è il perché della Sua assenza Nas quedas está o porquê da Sua ausência
Le nuvole non possono annientare il Sole […] As nuvens não podem aniquilar o Sol […]

Mesmo que muitos possam não concordar, a sonoridade deste louvor ainda não provoca as elevações das restantes (na versão original, pois que com a Real Orquestra de Londres a envolvência é já bem diferente). Um Oceano de Silêncio tem que ser ouvida… a paz que a alma encontra no silêncio, nas leis de uma outra dimensão, onde o tempo parece que não corre… o canto lírico, em alemão, que desponta em duas partes da música faz vibrar a alma até às lágrimas. E como é belo quando diz:

Cosa avrei visto del mond Que coisa teria visto do mundo
Senza questa luce che illumina Sem esta luz que ilumina
I miei pensieri neri Os meus pensamentos negros

Em As Sagradas Sinfonias do Tempo, Battiato fala-nos da condição humana de anjo caído, das influências lunares, de sermos seres cegos que vão percorrendo os séculos e séculos até se curarem das trevas. E, facto curioso, diz como esta elevação lhe surge de uma ideia:

Le sento più vicine Sinto-as mais perto
Le sacre sinfonie del tempo As sagradas sinfonias do tempo
Con una idea Com uma ideia
   
Che siamo esseri immortali Que somos seres imortais
Caduti nelle tenebre Caídos nas trevas
Destinati a errare Destinados a errar
Nei secoli dei secoli Pelos séculos e séculos
Fino a completa guarigione Até à nossa mais completa cura
   
Guardando l’orizzonte Olhando o horizonte
Un’aria di infinito mi commuove Uma atmosfera de infinito comove-me
Anche se a volte Mesmo se por vezes
Le insidie di energie lunari As insídias das energias lunares
Specialmente al buio Sobretudo no escuro
Mi fanno vivere Fazem-me viver
Nell’apparente inutilità Numa aparente inutilidade
Nella totale confusione Numa confusão total
   
Che siamo angeli caduti Que somos anjos caídos
In terra dall’eterno Na Terra desde o Eterno
Senza più memoria Ora sem mais memória
Per secoli, per secoli Por séculos e séculos
Fino a completa guarigione Até à nossa mais completa cura

Eis-nos chegados À Sombra da Luz. O primeiro verso, quando lhe chegou, dizia: “Defende-me das forças contrárias”… Ao longo de praticamente um mês, foi escrevendo um verso a cada dia. Aqui sentimo-nos quase a levitar tal a inspiração é luminosa. Fala-nos do sono, de deixar este ciclo de vidas… da alegria do afecto mais profundo, de como sofremos ao nos afastarmos da Lei. Pede para que o relembrem a não desperdiçar o tempo que lhe falta consumir e diz que a paz que sentiu nalguns mosteiros é somente ainda uma sombra da luz:

Difendimi dalle forze contrarie Defende-me das forças contrárias
La notte, nel sonno, quando non sono cosciente À noite, no sono, quando não estou consciente
Quando il mio percorso si fa incerto Quando o meu percurso se torna incerto
E non abbandonarmi mai E nunca me abandones
Non mi abbandonare mai Nunca me abandones
   
Riportami nelle zone più alte Leva-me de novo às zonas mais altas
In uno dei tuoi regni di quiete Num dos teus reinos de calma
È tempo di lasciare questo ciclo di vite É tempo de deixar este ciclo de vidas
   
[…] Ricordami, come sono infelice […] Recorda-me como sou infeliz
Lontano dalle tue leggi Afastado das tuas leis
Come non sprecare il tempo che mi rimane Como não desperdiçar o tempo que me falta
[…] Perché la pace che ho sentito in certi monasteri […] Porque a paz que senti nalguns mosteiros
O la vibrante intesa di tutti i sensi in festa Ou a vibrante espera de todos os sentidos em festa
Sono solo l’ombra della luce São somente a sombra da luz

Franco Battiato foi um místico contemporâneo. Mostrou como os textos filosóficos podem ser vividos, como é possível estar no mundo e tentar também reconhecer-se como não sendo exactamente daqui. Mas é muito importante que se diga que não se interessou somente pela filosofia não Ocidental, bem pelo contrário. Tinha um profundo respeito pela tradição cristã, pelos êxtases de Sta. Teresa ou São João da Cruz por exemplo, e dizia que o seu conceito de reencarnação era muito semelhante ao de Orígenes. Sobre o cristianismo, a dado momento conta como uma vez confrontou uns eclesiásticos sobre o facto de ocultarem a verdade da reencarnação aos crentes cristãos, pois que este aspecto não é estranho à doutrina de Cristo – a sua conclusão é que querem manter o seu poder.

Derviches executando o ritual do samâ. Pixabay

Pelo percurso interno e pelo seu legado, custaria dizer que Franco foi sincrético e não eclético (e longe destas páginas julgar a sua vida interna). Para ele, as únicas formas religiosas que lhe levantavam suspeitas eram as violentas; não compreendia a luta entre paróquias e dizia que era simplesmente religioso, pois a religião é universal. Embora falasse bastante e aparentemente de forma muito aberta, em Musikanten, o filme que trata de certo modo da vida de Beethoven, coloca uma personagem a dizer que “mostrar o esoterismo a qualquer pessoa não é correcto” – é evidente que estava de certo modo ligado à Arcana Filosofia.

Na sua conversa sobre o seu percurso espiritual, diz que Pitágoras foi um grande mestre esotérico e que a Tradição continuou e que está bem viva. Então como bom esoterista, filósofo, místico[7], não poderia deixar de se interessar profundamente pela morte. De facto, quando uma vez lhe perguntaram o que lhe faltaria para ter uma vida completa, respondeu: “A única coisa que me falta é ter uma boa passagem, uma boa morte.”[8]

É nesta senda que se aproxima do Budismo Tibetano e do Bardo Thodöl, e que produz um documentário inteiramente dedicado ao tema da morte e da importância de voltar a incorporar este aspecto na vida do Ocidente. Este regresso ao fim é importante para que não tenhamos mais medo do grande encontro, para que não nos apeguemos à ilusão; para que recordemos novamente que é muito importante saber viver com essa realidade e saber recebê-la com paz de espírito quando ela por fim chegar – não para nos aniquilar, mas, quem sabe, para nos devolver a uma vida que, após a morte, se assevera ser por fim mais verdadeira.

Atravessando o Bardo

O Ba do falecido. Imagem Paulo Loução

“Será mesmo preciso
Atravessar no fim
A porta do supremo temor”

(La Porta dello Spavento Supremo)

Battiato viveu como falou – falou da morte e preparou-se para ela. Viveu no corpo e deixou-nos os seus amores em várias canções também[9], mas noutras canções, em conferências, filmes, deixou bem claro que não se identificava com ele. Como alguém que sabe ou suspeita profundamente de outras regiões, como alguém que viveu de forma muito íntima esse imensíssimo mistério das coisas, a morte era tudo menos a grande inimiga, a grande destruidora, a que leva consigo tudo e até o sentido da vida.

Assim, em 2014 apresentou o filme-documentário “Atravessando o Bardo – vislumbres do Além”. O bardo, no budismo tibetano, é a período-local de transição pela qual a alma passa depois de desencarnar, depois do corpo morrer – mas é o corpo que fica, a alma vai, e se bem que não é do Egipto que se trata agora, recordemos que a esta região onde o processo ocorre os egípcios chamavam dwat, e figuravam esta saída dos nossos princípios mais subtis com imagens de inefável beleza, como as que se podem admirar no Papiro de Ani.

Este movimento de passar da morte como arqui-rival da vida para uma relação de proximidade com ela é reflectida com muita delicadeza na dança que inicia o filme, que é verdadeiramente um momento muito particular de uma certa beleza sombriamente luminosa.[10] Ao longo do filme fala-se de física, da cisão por relação à vivência da morte entre a cultura pré-industrial e a tecnológica, do Samsara, dos estudos de Kenneth Ring com as pessoas cegas, das experiências de quase-morte… sobretudo, o ponto fundamental é colocado na ideia de que a morte é uma transformação e recobra-se a tradição judaico-cristã por exemplo, ficando a saber que S.Francisco a ela se dirigia como “irmã morte”; que S.Carlos Borromeu, segunda consta, pediu a um pintor que a retratasse e como o resultado final foi um quadro coroado com um anjo tendo na mão uma chave de ouro…“Para a alma, a morte é uma festa”[11], ouve-se a determinado momento. Falam longamente monges tibetanos, aborda-se a ideia da importância de contemplar a morte de forma contínua; e relembra-se Mozart, numa carta ao seu pai, de 4 de Abril de 1787[12]:

Como a morte (considerada seriamente) é o verdadeiro objetivo da nossa vida, há alguns anos que me familiarizei de tal forma com essa amiga verdadeira do homem, a melhor que temos, que para mim a sua imagem não só nada tem de terrível mas, ao contrário, muito me tranquiliza e consola. E agradeço a Deus o ter-me dado a ventura e a oportunidade (sabe a que me refiro) de reconhecê-la como a chave da nossa verdadeira felicidade. Quando me recolho, todas as noites, nunca deixo de pensar (a despeito da minha juventude) que no dia seguinte posso ter deixado de existir; e, no entanto, ninguém que me conheça dirá que a minha maneira de ser é triste ou melancólica. Todos os dias dou graças ao Criador por essa felicidade, que desejo ao meu próximo de todo coração.”

A morte, a reencarnação, os amores daqui, o nosso eu animal, os mundos longínquos… os seus avisos sobre o Rei do Mundo que nos tem preso o coração, os filmes, as músicas, as pinturas – aspecto não abordado neste artigo; as suas elevações, as suas óperas, o seu trabalho editorial, a política, a sua pobre pátria, a Humanidade, o mundo, o Universo – quem foi Franco Battiato[13]? Como amante da religião universal, foi com certeza e pelo menos um místico, um místico contemporâneo, alguém que ao optar por um estilo de música de maior alcance popular, fez com que milhões de pessoas dançassem enquanto se perguntavam quem eram e para onde iam. Não é belo ver jovens na flor da idade, ou adultos ou mais velhos a ouvirem as suas canções e a discutirem se existe vida nas estrelas, a perguntarem-se o que será esta falsa personalidade, a paz que se sente nos mosteiros? É belo, é límpido, é mágico – e se se pode dançar enquanto se filosofa, também se pode ficar extático enquanto nos emocionamos envoltos nos sentimentos mais finos ao sermos tocados pela pureza da sua música e poesia.

Qual foi o último álbum de que nos deixou? Ainda Voltaremos, gravado em 2017 com a Real Orquestra de Londres. A única música nova, a última, tem o mesmo nome – voltaremos, voltaremos porque somos seres imortais a cumprir o seu percurso terrestre, porque a persona ainda ocupa muito espaço, porque ainda estivemos muito longe de nos libertarmos de uma vez por todas deste ciclo de vidas:

Molte sono le vie Muitos são os caminhos
Ma una sola Mas somente um
Quella che conduce alla verità Aquele que conduz à verdade
Finché non saremo liberi Até que estejamos livres
Torneremo ancora Voltaremos ainda
Ancora e ancora Ainda e ainda

Já de tanto se falou e o quanto não ficou ainda por dizer sobre esta querida figura que, como já tanto o esperava, acabou de conquistar o seu par de asas e abandonou o planeta, atravessando o bardo e deixando atrás de si uma obra demasiado original, uma presença incomparável, uma luz muito própria. Terminou os seus dias retirado da ribalta e dos assédios do mundo, quiçá passando horas na capela consagrada que tinha no seu jardim…

Battiato é de certa forma um enigma – neste artigo não procurámos desvendá-lo ou concluí-lo, mas somente partilhá-lo, para que cada um, se assim o quiser, se possa aproximar a esta figura ímpar da nossa cultura contemporânea.

Uma figura que falava de vida interior, de progresso espiritual, que propunha em suma a música, a calma, o silêncio ou a poesia como formas de ir apreciando outras dimensões da vida e de nos irmos envolvendo passo a passo com o sagrado.

*

Volto a cantar o bem e os esplendores
Dos cada vez mais longínquos tempos de Ouro
Quando vivíamos em atenção
Porque não havia lugar para o sono
Porque não caíra então a noite

Beatos no domínio da preexistência
Fiéis ao reino que havia nos Céus
Antes da queda aqui na Terra
Antes desta revolta em toda a dor

(Nos Jardins da Preexistência)

 Antony Capitão

[1] Nesta canção podemos ouvir: “Procuro um centro de gravidade permanente / que não me faça nunca mudar de ideias / sobre o mundo e sobre a gente / Eu precisaria de um centro de gravidade permanente …”

[2] Na música Segnali di Vita, canta: “Sente-se a necessidade de uma evolução muito própria / Libertada das regras comuns / Desta falsa personalidade”. Nesta música, as imagens usadas fazem lembrar profundos momentos de contemplação em que a consciência está para esvoaçar a qualquer momento: “Sinais de vida nos pátios / Nas casas ao cair da tarde / As luzes levam-nos a recordar / As mecânicas celestes”.

[3] Note-se que Battiato criou a sua própria editora, L’Ottava, para publicar e divulgar estes textos para o público italiano.

[4] Estas partilhas podem ser ouvidas na entrevista sobre o misticismo, onde afirma que sabe muito bem não ter sido ele a causa desses movimentos internos. Quando muito, terá somente acelerado algo que já estava no destino dessas pessoas.

[5] Mesmo sendo muito provavelmente perceptível o significado, por via de esclarecer qualquer dúvida, os títulos correspondem a: Louvor ao Inviolado, Oceano de Silêncio, As Sagradas Sinfonias do Tempo e A Sombra da Luz.

[6] Neste artigo não aprofundaremos este tópico, que porém é muito importante. Acima já foi referida a importância do sufismo. A via de ascensão ao divino que propõe, principalmente a Escola de Rumi, com o uso da dança, da música e da poesia, foi de particular importância na vivência interior de Franco Battiato.

[7] Podemos também relembrar que fala em “Mundos Longínquos”, o título de um seu álbum de 1985, assim como fala de Giordano Bruno em entrevistas. Uma sua canção chama-se “Atlântida”. Em “A Música está cansada”, escreve: “Nesta época de baixa lealdade e alto volume / O barulho alucinante das rádios nunca nos larga […] / Nesta época de pouca inteligência e alta involução / Alguns parvos ainda acreditam que vimos dos macacos”. Escreveu e cantou sobre Arca de Noé, fez as óperas Génesis e Gilgamesh… tudo temas clássicos da tradição filosófica.

[8] Ver https://elpais.com/cultura/2013/03/13/actualidad/1363205360_932587.html, “Lo único que me falta es un buen pasaje, una buena muerte.” Consultado em 23 de Maio de 2021.

[9] Sobre o vai e vem do Amor, sobre como desilude e gera desconfiança e medo, de como volta e tudo ilumina e entusiasma, Battiato cantou a muito bonita música “La Stagione dell’Amore”.

[10] Atravessando o Bardo está neste momento, em Julho de 2021, amplamente disponível para quem quiser assistir, em https://www.youtube.com/watch?v=8JMkyRUP4WY.

[11] Id. Frase de Fabio Marchesi (m 47.34).

[12] Esta carta é retirada da tradução brasileira das Cartas de Mozart e foi modificada para português de Portugal. A pré-visualização do livro em questão pode ser encontrada em https://books.google.es/books/about/Cartas_de_Mozart.html?id=ezVTAwAAQBAJ&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false [consultado em 13 de Julho de 2021].

[13] Ele próprio se colocava a questão na sua Chanson Egocentrique: “Quem sou, onde estou / Quando estou ausente de mim? / De onde venho / Para onde vou?”

Imagem de destaque: Franco Battiato. Creative Commons