No dia 25 de Novembro de 1510 a cidade de Goa foi conquistada por uma imponente frota liderada por Afonso de Albuquerque, e com a tomada deste importante ponto de comércio, foram lançados os primeiros passos para erguer um vasto império no longínquo oriente. Para a realização de tão difícil missão eram necessários não só homens que estivessem à altura dos desafios, mas também as tecnologias que os permitissem materializar as suas aspirações. Já desde os princípios do século XV que os portugueses estavam destacados na arte e ciência de construir navios, e foi precisamente deste pioneirismo teacnológico que surgiu uma nau que acompanhou os guerreiros portugueses em importantes batalhas como as conquistas de Goa, Diu, Ormuz e Malaca – A Flor de la Mar.
Esta nau que aquando da sua construção era a maior e de maior porte, foi capitaneada na carreira na Índia por homens como Estavão da Gama, Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque. Sendo que este último proibiu o seu regresso a Portugal, exigindo que continuasse a seu serviço. O que não é inusitado já que para os homens que viviam e lutavam no mar, a superstição não seria algo incomum, e muitas batalhas e vitórias tinham sido conquistadas pela Flor de la Mar, que resistiu a ventos, correntes e tempestades por mais tempo do que os outros navios da sua classe.
Após a conquista de Malaca em 1511, Afonso de Albuquerque navegando na Flor de la Mar e com um saque valiosíssimo foi surpreendido por uma tempestade que acabou por pôr fim à carreira da resistente nau. O fidalgo escapou com vida mas o navio naufragou no mar de Java e ainda hoje caçadores de tesouros procuram os seus vestígios no fundo do mar.
Tal deveria ser a força e reputação desta nau que as ondas do seu caudal chegaram aos dias de hoje. Ironicamente, numa das cidades onde foi utilizada para conquistar – Malaca – existe um museu que é uma réplica da Flor de la Mar.
O primeiro impacto, em forma de choque cultural, que se têm ao visitar o museu é a necessidade de termos que nos descalçar para andar pelo chão extremamente bem polido da nau. Mas fora estas diligências, no primeiro andar podemos encontrar várias miniaturas de navios tanto portugueses, como ingleses e holandeses. Bem como textos informativos sobre a passagem dos diversos colonizadores por Malaca. Sendo que a ênfase é posta sempre na vertente comercial destas interações entre povos tão diferentes, e também na abundância de mercadorias valiosas que transitavam pelo porto da cidade como porcelanas, seda e especiarias
Este museu, inaugurado em 1994 com aparência de nau portuguesa, e com o objectivo principal de mostrar o papel da cidade enquanto ponto nevrálgico do comércio em todo o sudeste asiátco torna inequívoco a dimensão cultural da presença portuguesa no oriente.