Este artigo é a continuação de uma série intitulada
“A cultura megalitica e a linguagem das pedras erguidas“.
Hoje, na era em que tudo tem que ser medido e só o que tecnologicamente é provado tem validade, temos felizmente imensos estudos sérios sobre estas correntes energéticas.
O conhecimento de energias que percorrem a Terra e os seus pontos especiais chave é possivelmente tão antigo quanto a humanidade. Essa capacidade de perceção, talvez mais comum no homem do que hoje, já que quase poderíamos considerá-la como um tato subtil que possivelmente fomos perdendo por várias razões, entre as quais o deslumbre pela matéria no sentido de a possuir, manipular, etc., e o afastamento do contacto com a própria natureza. Poderíamos quase estabelecer um paralelismo desta perceção com a capacidade que certos invisuais têm de perceber as vibrações próprias de cada cor e nós, que captamos a cor através do olhar, não as conseguimos percecionar. Também estas energias em determinados lugares podem ser percecionadas quase por qualquer pessoa, pelo menos com um pouco de sensibilidade e num estado de tranquilidade, chegando-se a poder sentir sensações físicas como de um formigueiro ou de uma corrente elétrica.
Nesses tempos, em que o ser humano estaria mais próximo da natureza, num contacto mais direto e íntimo, isso permitia-lhe escolher os lugares privilegiados para as suas edificações, assim como, pelo menos no caso dos megálitos, utilizar esses pontos para regularizar essa energia como se de uma acupuntura terrestre se tratasse.
Hoje, na era em que tudo tem que ser medido e só o que tecnologicamente é provado tem validade, temos felizmente imensos estudos sérios sobre estas correntes energéticas. As primeiras a serem determinadas foram pelo Dr. Ernst Hartmann por volta de 1950 e que receberam o seu nome denominando-se Linhas Hartmann. Estas linhas formam o género de uma malha, umas nas direcção norte-sul com um espaçamento entre elas de 2 metros e outras na linha este-oeste com uma distância entre elas de 2,5 metros, podendo a sua espessura ser varável, sendo a maioria com 23 centímetros de largura mas algumas podendo ter 90 centímetros. O Dr. Hartmann nos seus estudos concluiu também que as zonas de cruzamento destas linhas são prejudiciais à saúde humana, sendo esse efeito nefasto potenciado quando no local de cruzamento existem falhas geológicas ou linhas de água subterrâneas.
Outas linhas foram descobertas pelo Dr. Curry em conjunto com o engenheiro S. Wittmann, as quais se chamam linhas Curry e que formam uma rede semelhante às Linhas Hartmann mas a sua orientação é nordeste-sudoeste e sudeste-noroeste distanciando-se estas linhas 4 a 6 metros e 6 a 8 metros respectivamente, sendo a sua espessura variável entre os 30 e 80 centimetros. Estas linhas são alternadamente Yang (+) e Yin (-).
Em 1986 o belga Walter Kunnen descobre um outro tipo de rede, denominada “Rede Sagrada”, pois, segundo o autor, o conhecimento destas redes pelos povos antigos fez que praticamente todos os santuários das grandes civilizações fossem construídos sobre elas. Esta Rede Sagrada é uma rede solar, já que ao contrário das Linhas Hartmann e Curry que são energias telúricas, estas extraem a sua energia do Sol. Kunnen refere que são duas as redes sagradas, uma com uma dimensão de aproximadamente 100km e a segunda que desenha uma malha de 100 quilómetros.
Guy Underwood passou mais de vinte anos trabalhando como rabdomante (do grego rhabdos, vara e manteia, adivinhação). Tendo morrido em 1964, desenhou um completo sistema que incluía a representação em mapa e a classificação de diferentes tipos correntes às quais chamou pela primeira vez “força da terra”. Identificou como “fontes cegas” os pontos nos quais convergiam as linhas primárias do seu sistema e deu-se conta de que a força formava espirais nas fontes cegas. Acreditava que essas linhas não só tinham sido percebidas pelo homem antigo mas que também os animais e plantas tinham percepção delas, o que mais tarde Hartmann veio também a verificar em experiências. Underwood acreditava que as fontes cegas existiam debaixo dos monumentos megalíticos e que essa era a razão porque os tinham construído em lugares precisos. Referindo igualmente que a construção das igrejas medievais e catedrais havia sido fortemente determinada pelas linhas de força da Terra.
Francis Hitching, que escreveu o livro “Earth magic” (“Terra mágica”), realizou uma experiência interessante em que participaram um rabdomante gaulês, Bill Lewis, o físico Edward Balanovski e um menir de cerca de 4m ao sul de Gales. A primeira parte da experiência consistiu em realizar a medição da força do campo magnético no local com um magnetómetro, que tinha um valor médio de 0,47 gaus e quando apontou o aparelho para o menir o aparelho registou um valor superior a 4 gauss. Numa segunda experiência pediu ao rabdomante que assinalasse na pedra onde notava que a força era mais intensa; este desenhou uma espiral no menir, medindo com o magnetómetro verificou que quanto mais no centro dessa espiral a intensidade do campo magnético era quase o dobro do resto da pedra.
Parece perfeitamente possível que os megálitos actuem como receptores de energia e que tenham percebido como aí ela podia ser amplificada e transformada nas câmaras de pedra dos túmulos ou nos menires. Também provavelmente terão conhecido a interacção desta energia com os movimentos dos astros, do Sol, da Lua e das estrelas, estudando de tal forma os seus movimentos que conseguiam predizer equinócios e eclipses.
Estudiosos das correntes energéticas nos lugares de edificação de megálitos distinguem os lugares e funções de dólmenes e menires. Assim, enquanto que os menires assinalavam lugares em que as correntes eram particularmente activas, os dólmenes situavam-se em lugares onde a corrente telúrica exercia no homem um estado alterado de consciência que lhe permitiria ter experiências místicas; é nessa “caverna” dolménica que vai buscar o dom da terra de fecundidade e renovação. Relativamente às Linhas Hartmann os dólmenes aparecem numa zona neutra interior, a rede Hartmann afasta-se nas quatro direcções rodeando o dólmen e criando como um escudo de protecção que torna o recinto sagrado neutralizado das energias destas linhas. O menir, pelo contrário, atrai a rede Hartmann, deformando-se para se adaptar a este polo de atracção de maneira a concentrar-se debaixo dos menires, actuando assim como captadores e emissores de energia.
Sabemos hoje que a Terra, tal como os restantes corpos celestes, vibram e possuem a sua própria frequência, não muito diferente do que Pitágoras dizia respeitante à “música das esferas”. Se fosse concebido agora um dispositivo de modo a que a sua frequência de ressonância fosse a mesma que a da Terra, ou se estivesse em harmonia com ela, podia tornar-se naquilo que é chamado um oscilador conjugado e este poderia captar a energia terrestre e vibrar junto com a Terra harmonicamente, sendo assim capaz de transferir energia terrestre com eficiência. Acontece que o cristal de quartzo, abundante nas pedras dos megálitos, tem uma reacção peculiar quando submetido à pressão e à vibração que precisamente comprime os cristais, gerando corrente eléctrica (conhecido como efeito piezoeléctrico).
A laje de topo do dólmen apoia-se numa superfície o mais reduzida possível de modo a estabelecer o menor contacto com a base de apoio. Esta enorme tensão em que as pedras se encontram aumenta o seu poder vibratório.
Louis Charpentier descreve este processo de ressonância do seguinte modo: “…a pedra é um acumulador. A pedra “carrega-se” das influências telúricas ou cósmicas… é uma matéria capaz de entrar em vibração… O notável instrumento que é o dólmen, mesa de pedra sustentada por dois, três ou quatro suportes, é semelhante a uma lâmina de xilofone. Esta mesa, submetida a duas forças contrárias, que são a sua coesão e o seu peso, encontram-se sobre “tensão”. Pode pois vibrar como uma corda de piano tensa.
É simultaneamente um acumulador e um amplificador de vibrações. E o valor da onda telúrica encontra na câmara do dólmen toda a sua potência, pois desemboca numa caixa-de-ressonância”.[1]
Na Grande Pirâmide no Egipto foram feitas investigações na Câmara do Rei que atestam precisamente a utilização deste mesmo processo que a torna uma caixa de ressonância da Terra. A forma como se encontram dispostas umas pedras graníticas nesta câmara cria nelas uma enorme tensão que as faz produzir uma vibração correspondente ao acorde Fá sustenido que a coloca em harmonia com a vibração da Terra, que se diz vibrar nessa mesma nota. Também é curioso que a antecâmara do rei apresenta algo de incomum em relação à restante construção, pois a superfície dos seus blocos não é polida nem nivelada tal como as que vamos encontrar nas construções megalíticas. “A pedra bruta desce do céu, transmutada, eleva-se em direcção a ele”[2] , a pedra bruta é símbolo do acto de criação divino ao passo que a pedra talhada é a obra do homem. É curiosa a passagem bíblica que refere a edificação do templo: “e ali edificarás um altar de pedras; não colocarás ferro sobre elas. De pedras inteiras edificarás o altar do Senhor, teu Deus…” (Deutrónimo, XXVII, 5-6). A pedra bruta é a matéria em estado puro, passiva, a matriz geradora da vida física ou espiritual. É possível também que a pedra bruta, não trabalhada, tivesse uma finalidade prática em relação com a sua capacidade de ressonância e irradiação magnética que ficaria alterada ao ser trabalhada.
É possível também que estas pedras como acumuladoras de um forte magnetismo operassem processos de cura, aos quais muitas vezes estes lugares estão ligados, pois hoje existem imensos estudos de biomagnetismo que provam o efeito dos campos magnéticos, como por exemplo em reacções químicas, na produção e fixação do cálcio que permite maior rapidez na consolidação de fracturas, a sua influência sobre a acidez do meio fisiológico impedindo o desenvolvimento de certas doenças como o cancro, etc.