A nossa intenção é de clarificar a diferença que vemos entre convicção e fanatismo para que, postas as coisas no seu devido lugar, cada qual possa ajuizar sobre si mesmo e sobre os outros com um pouco mais de precisão.
A convicção é um alto compromisso psicológico, intelectual e moral que surge de uma adesão progressiva e fundada em boas razões, em provas, em experiências, em modelos e bases sólidas.
Uma pessoa com convicções demonstra uma saúde integral, uma segurança interior invejável, sabe de onde vem e para onde vai, que lhe permite mover-se com equilíbrio e sensatez. As convicções nascem de exercício constante das nossas capacidades interiores e da transformação paulatina de opiniões mutáveis em juízos estáveis. Não se trata de anquilosamento nem de estagnação; pelo contrário, quem tem convicções vive ao ritmo das Ideias, pois estas têm uma energia própria e um ritmo natural de desenvolvimento.
Uma pessoa com convicções é tolerante. É firme no que lhe diz respeito, mas dá lugar aos outros. Sempre disposta a ouvir, não despreza os que pensam de outro modo. Possui uma tolerância activa: ouve os outros, expõe e defende os seus próprios pensamentos sem ferir, sem insultar. Sabe criar espaço para si mesma e para os demais. Abre espaço, gera espaço, reconhece o seu espaço, não invade o espaço alheio, não importuna, não inquieta nem maltrata os que estão à sua volta. Não se impõe de forma tirânica nem se considera o cume da perfeição. É a sua convicção que a ajuda a avançar, a ser cada vez um pouco melhor.
Uma pessoa fanática pensa pouco ou nada. Admite como bom o que os outros lhe dão e desenvolve, em vez de sentimentos, paixões incontroláveis que a arrastam para acções inconscientes das quais nem sequer se arrepende porque não pode avaliá-las.
O fanático só conhece uma ideia, se é que a conhece. Digamos antes que só aceita uma ideia, e que chegou a essa ideia não por uma adesão pessoal, mas sob o efeito de uma coação habilmente dissimulada na maioria dos casos.
O fanático é, por definição, intolerante. Nem sequer aceita a existência dos que possam sentir e pensar de outro modo; por isso, procura eliminá-los a qualquer preço, sendo a morte e a tortura algumas das terríveis manifestações desta atitude. O fanático não ouve, é incapaz de dialogar. Só sabe gritar alto e em bom som os seus princípios para ficar atordoado com a sua própria voz e não deixar espaço a nenhuma outra opinião. Contenta-se amplamente com o que tem e despreza tudo o resto que para ele não existe ou deveria deixar de existir. O fanatismo é raiz da tirania.
É certo que devemos conviver com muitos – demasiados – fanáticos, mas não podemos cair na cópia inconsciente desta aberração por muito que o absurdo que nos rege faça com que esta aberração ocupe mais tempo e espaço que as obras nobres e produtivas para a Humanidade. Devemos manter a nossa integridade moral e convertermo-nos em seres humanos cabais e com autênticas convicções.
Excelente reflexão, que põe a claro como nos fabricam falsas ideias.
O fantasma dos fanatismos criou-nos o medo das convicções e com ele a criação dos buracos das “incertezas” para facilmente se poder manipular…
¡Magnífico artículo! Nuestra sociedad oscila entre dos extremos tóxicos, los intoxicados por la sociedad de consumo y su individualismo feroz y ausencia de fines, carentes de convicciones profundas, sacralizando el bienestar del cuerpo y las calorías evitadas; y los fanáticos de religiones medievales o alucinados de absurdas profecías, carne de gurús y de todo tipos de odios o sectarismos. O sea,de los que han vendido su alma por la busca hedonista del placer y fuga de sus miedos, y los que jamás la han hallado pues nunca han ejercitado la capacidad de pensar por sí mismos.
Aquellos que tengan firmes y serenas convicciones, nacidas del estudio, la reflexión y de una mente no corrompida por el placer, el odio ni el miedo, bien esos son oasis humanos en medio del desierto.
Portanto, um “convicto” é integralmente livre.