Esta é a história de 2 personagens que se manifestam no interior de uma forma qualquer, raramente se separam e vivem em aparente harmonia.

A história começa na descoberta de que, na língua dos Índios Kogis (Colômbia) não existe a palavra inimigo nem adversário.

Uma ideia muito interessante, pensar que num momento conturbado em que as ideologias se confrontam, poder percecionar com clareza de que não nos deparamos com um inimigo, mas sim com um “outro sistema de pensamento”, que na verdade não há um adversário, mas alguém com valores diferentes.

Com esta descoberta, a nuvem que escurecia o meu vitral pessoal, aquela sombra que fazia com que visse o mundo como sou, me mostrou que as minhas lentes estavam contaminadas com o meu contexto pessoal e as minhas próprias experiências, a partir desse momento essa escuridão que impedia de ver o mundo tal como é, foi-se desvanecendo.

Se desatentos, não vemos o mundo tal como ele é, mas através das lentes do nosso contexto e experiências pessoais, Saketh Garuda. Unsplash

Voltando às personagens, essas que vivem dentro de mim, tudo começou num dia igual a tantos outros: bela manhã, céu azul, brisa fresca, aromas doces do jardim, gato a roçar nas pernas, sorriso no rosto… Tal como as rodas dentadas do relógio, que para fabricar o tempo se encaixam umas nas outras de uma forma perfeita; tic tac, tic tac,… segundos, minutos, horas, o tempo…

Foi então que a certa altura, enruguei a testa e dei por mim a pensar, mas que sensação é esta? Estou a sentir os meus pés a tocar na terra? Caminhei, caminhei, não me lembro durante quanto tempo, mas lembro-me do prazer que sentia de cada vez que os meus pés tocavam no chão. Questionei-me! Como é possível que durante todos estes anos nunca tenha sentido isto? Afinal todos nós caminhamos! É estranho nunca me terem falado deste prazer… Senti um arrepio e fiquei em silêncio, um pouco depois disse para mim “deixa, talvez seja uma daquelas situações que não deves perder tempo a tentar compreender”, e decidi apenas disfrutar, afinal estava a gostar.

Foi então que comecei a sentir o sangue a circular alegremente nas minhas veias, apercebi-me do pulsar do coração no meu peito, no meu pescoço, nos meus pulsos, em todo o meu corpo.  Mas que sensação! Era como se o meu corpo estivesse a tocar uma música, um mantra, uma melodia suave … e mais uma vez não tentei perceber, apenas saborear.

De repente ouço um piiiiiiii…. e olho para o relógio, estou atrasada, tenho que ir já para o escritório, ups a reunião que marquei para as 9h, ainda por cima é a segunda vez que a marcamos porque na semana passada não cheguei a tempo.

E lá vem ela, a primeira personagem, excelentíssima Srª Razão, e claro entra logo em ação:

“Como é possível? Perdi-me a sentir os meus pés na terra, sangue nas veias… que disparate!”

Stress, atrapalhação, corrida, e um conjunto de sensações que não tenho nome para elas. E de repente só consigo ver as horas, só penso no tempo, esse tempo que controla os seres humanos, o tempo que controla o mundo, o tempo que tudo controla. Aquelas pequenas máquinas que tantos de nós carregamos nos nossos pulsos têm um enorme poder, basta olharmos para elas, observar as horas e tudo se transforma.

Nem nos apercebemos que basta apenas um olhar, e de repente: “uff estou atrasada”, o coração bate mais rápido, a respiração acelera, o pensamento automaticamente se altera, tudo muda num instante, num segundo, pois é assim que nos deixamo-nos dominar por essas fantásticas máquinas.

O relógio. Ao mesmo tempo uma ferramenta útil e um tirano com potencial para comandar a nossa vida, Laura Chouette. Unsplash

É então que as 2 personagens, essa fantástica equipa que nunca se separa: o coração e a razão se desentendem e surge um grande CONFLITO.

Nesse dia, descobri que o caminho entre o coração e a mente é longo e demorado, podem ser horas, dias, semanas, meses, anos ou até mesmo a vida toda. Algo mudou, as perguntas surgiram e não paravam: como conquistar o equilíbrio, como colocar o coração e a razão parceiros de vida novamente, como os fazer funcionar numa equipa perfeita.

Mas que grande confusão dentro mim, queria sentir a fúria do oceano, a violência das ondas a bater na areia, a quietude das estrelas. Queria ficar acordada a noite toda e queria dormir de dia, queria ter o brilho de uma criança nos olhos e ver tudo e todos com clareza, sem filtros, sem limites. Queria ser capaz de aceitar tudo o que vem ter comigo, aceitar e acreditar que as leis da vida são exatamente as mesmas da Natureza. Queria ter vontade de tudo querer. Uma infinidade de sensações antagónicas, um espaço interior muito desorganizado.

Até que a determinada altura consegui perceber que dentro de mim se encontrava o sol, a lua, o céu e todas as maravilhas deste universo, que tudo fazia parte de tudo, a “lei” ou “inteligência” que criou essas maravilhas é a mesma que me criou a mim e que todas as coisas que se encontram em meu redor proveem da mesma fonte.

Mas, como e por onde começar? Não sei.

As duas personagens da história, coração e razão, nem sempre estão de acordo. Harmonizá-los é um caminho para a vida toda, Nick Fewings. Unsplash

Mas decidi tentar encontrar uma resposta; talvez identificar as minhas fraquezas e enfrentá-las, procurar os meus maiores valores, definir quais são os padrões necessários para abraçar os valores que fomentam o melhor que temos dentro de nós, agir com autenticidade e estar em consonância com quem sou verdadeiramente, independentemente das pressões externas.

Ir ao encontro da dúvida e do medo, aceitar o terreno fértil que ambos nos oferecem para a autodescoberta. Ver a escuridão das trevas e ver a luz do sol, como poderia saber disfrutar do bom se não soubesse o que é o mau? Mudar as lentes e ver as mesmas “coisas” de uma nova forma, de uma perspetiva mais elevada, apercebermo-nos de que aqueles pormenores que estão aparentemente isolados se encontram na verdade todos interligados. Ter coragem de entrar no mistério da vida e avançar tranquilamente ao longo do caminho, aceitando com humildade qualquer abismo que a natureza nos oferecer e aprender com isso.

Considero que a principal tarefa do ser humano é fazer o seu trabalho interior, diariamente fazer algo significativo para se aprofundar, mas para isso é preciso agir, é preciso construir, e é preciso ter consciência que aquela máquina, o relógio, NÃO PARA. Temos que encarar o facto de que as vidas são curtas e as nossas horas limitadas, para podermos viver plenamente e entregarmo-nos por inteiro a cada instante. Decidí não esquecer a verdade de que estamos aqui e agora no planeta Terra para o enriquecer e que a Vontade é a rainha dos poderes mentais. E ter sempre presente a verdade de que os únicos limites são apenas aqueles que nós próprios estabelecemos.

Em nós, como em tudo no Universo, existem defeitos, virtudes e conflito entre ambos. Cultivar e nutrir as virtudes constantemente permite-nos cumprir o nosso papel como Humanos, Greg Rakozy. Unsplash

Depois de dias e noites de reflexão, decidi avançar e dar início ao meu PROJETO BÉLICO… Iniciei esta viagem, sabendo que se tomei esta decisão é porque estava pronta para isso. Dei voz ao querer, à vontade e ao esforço, sem ser exigente de mais. Acima de tudo sem preocupação com a meta, mas sim viver intensamente cada momento do meu caminho, e principalmente sem esperar nada em troca.

Acabo de chegar ao resultado final da equação em que trabalhei durante muito tempo, e finalmente chegou a hora de passar à etapa seguinte, dar forma e construir um pequeno artefacto, será um objeto de dimensão muito pequena. Coloquei todo o meu empenho e paixão neste projeto. Este artefacto que vou construir irá conter a força mais poderosa que existe, uma força que explica tudo, que dá sentido a tudo, será a única energia no universo capaz de mudar qualquer ser humano. Uma força universal para a qual até agora a ciência ainda não encontrou nenhuma explicação formal.

A solução, ou o ingrediente principal desta minha equação é o Amor, refiro-me ao verdadeiro Amor que é a Luz que ilumina aquele que dá e recebe. A gravidade que faz com que as pessoas se sintam atraídas umas pelas outras. O Amor que é poder, que multiplica o melhor que temos. O Amor que impede que a humanidade não se extinga no seu egoísmo cego, que não se afogue no seu ego e arrogância.

Neste momento estou a trabalhar no aspecto físico que terá este artefacto, está desenhado e quase a dar início aos primeiros protótipos, certa de que será belo e delicado. Trata-se de uma espécie de um gerador que será colocado junto do coração, será ainda mais pequeno que os comprimidos convencionais que todos já experimentámos, será ingerido oralmente e terá a sua própria inteligência e os seus próprios meios para seguir o caminho e aparcar no interior do coração, recorri à ciência e tecnologia que está a ser usada atualmente para as naves modernas que estão a explorar o planeta Marte. Este micro gerador terá uma enorme potência e capacidade suficiente, para destruir o ódio, o egoísmo, a ganância…os sentimentos e atitudes que estão a devastar o planeta, e transformá-los, o seu verdadeiro trabalho será passar de condenação a compaixão, o objetivo final é a reta ação para que a vida de cada ser humano não se meça pelas décadas que viveu, mas pelos feitos de cada um. Este dispositivo permitirá que a recompensa de uma vida bem vivida não se encontre no que obtemos no fim do percurso, mas no que nos tornamos quando chegamos lá.

Partilho este meu projeto porque preciso de voluntários para testar os meus primeiros aparelhos. A decisão tem que ser verdadeira, terá que ser uma autorização consciente porque estou certa de que vai afetar a tua vida, e a vida de todos os que se cruzarem contigo.

Este objeto de que vos falo terá uma capacidade superior à da bomba atómica, começa no interior de cada um, mas rapidamente se alastrará, e por onde passares vais libertando a energia curativa do Amor capaz de modificar tudo e todos que estiverem em contacto contigo.

Terás uma capacidade imensurável. Modificarás cada pessoa, cada família, cada cidade, cada país, …. sem limites. Conseguirás atingir todo o universo e mais além.

O resultado terá que ser perfeito e vou testar e alterar esta minha equação as vezes que forem necessárias até chegar à quinta essência da Vida que supera tudo e que tudo pode. O objetivo final é que todos possamos aprender a dar e receber esta energia universal.

O Amor. Poderoso, contagioso e curador, Wylly Suhendra. Unsplash

Continuo no caminho, mas assim que conseguir o resultado que pretendo, montarei uma linha de produção para conseguir a quantidade suficiente para espalhar os meus artefactos por todo mundo e instalar esta força universal do Amor em todos os seres vivos.

Pois, acredito que não somos seres humanos a viver uma experiência espiritual, somos sim seres espirituais a viver uma experiência humana.

Querido leitor, aceitas fazer parte deste meu projeto? Aguardo Resposta.

Na verdade, não me interessa se vou conseguir ou não, apenas sinto que tenho coragem para ouvir o meu coração. É a voz do coração que guia o nosso destino e para isso temos que o conseguir ouvir.

Eu quero entrar no mistério da minha vida – por favor tenta tu também e por favor não deixes que a tua vida seja pequena.

Ana Fernandes

Nota: também tenho previsto oferecer um dos meus primeiros aparelhos aos exmos srs:  Kim Jong Un (Coreia Norte), Vladimir Putin,… e mais alguns.

Imagem de destaque: Hathor, Deusa da música, da dança, da alegria, do amor… Domínio Público