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Filosofia

Explorações e Conquistas: a Viagem das Ideias

Mª Dolores F.-Fígares 0 396

Entre as duas polaridades extremas no eixo equinocial do mundo, a China no Oriente e no Ocidente a zona de influência da cultura grega: Itália, sul da Gália, Sicília, Cartago, Sardenha e a costa sudeste da Espanha, teceram-se juntas ao longo dos séculos influências e civilizações. As ideias viajaram pelos mais inesperados caminhos, fertilizando no seu rastro as grandes extensões onde surgiram as culturas dos povos semitas, Irão e a Índia, verdadeiros intermediários, lugares de síntese duradouros.
Embora tenhamos a ideia de dois mundos diferentes, que vivem a História com ritmos diferentes, o Oriente e o Ocidente partilham desde tempos antigos formas culturais e meios técnicos, a tal ponto que a divisão entre estes dois mundos é artificial e só resulta de uma oposição inventada pelo reducionismo. Também é impreciso atribuir às chamadas «culturas superiores» todos os avanços civilizatórios, e considerar os povos que sucessivamente invadiram os seus domínios como bárbaros desprovidos de qualquer cultura, pois eles também contribuíram para aumentar o património cultural.

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As Sete Leis da Natureza. Conselhos da Mãe Terra

Delia Steinberg Guzmán 0 486

Queremos ouvir os conselhos da Terra, e estes não podem ser ouvidos de qualquer maneira, mas devemos pôr em jogo alguns sentidos internos, uns sentidos muito especiais, que normalmente não usamos. Não é muito fácil ouvir a voz da Terra, o que ela nos diz através dos seus movimentos, através das suas acções e das suas reacções. Há algo na Terra que inclui linguagem implícita, e deve ser importante, porque se não fosse assim este dia não lhe teria sido especialmente dedicado. O que significa que ainda temos muito a aprender com o nosso próprio planeta. Desde sempre, os seres humanos foram muito atraídos pelos fenómenos do Universo em geral, e especialmente por aqueles relativos ao mundo em que vivemos. Muitos sábios da antiguidade e do presente têm em conta a precisão matemática que manifesta a Terra nas suas expressões de todo o tipo. E mesmo quando essa precisão é minimamente alterada, ainda a consideramos como parte da sua precisão. Além de toda a crença religiosa, há aqueles que reflectiram essa precisão nas leis matemáticas, e outros que a expressaram em motivos filosóficos.

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Necessidade de Ecologia Política

Jorge Ángel Livraga 0 333

Nos últimos anos comprovamos um interesse, a nível mundial, sobre a necessidade de harmonizar o Homem com a Natureza. Antigos preconceitos “religiosos”, unidos ao crescimento deformado da nossa civilização materialista degenerada, numa adoração aberrante do técnico–artificial e de um subjetivismo desumanizado, levaram-nos a este momento histórico altamente conflituoso e asfixiante, sumamente perigoso e com pressentimentos de um futuro apocalíptico.
É de desejar que não seja demasiado tarde.

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As Idades do Medo

Todas as coisas que existem, objetivas e subjetivas, têm o seu momento e o seu lugar para se manifestar, e assim o fazem. Se o interiorizamos, encontraremos um ponto de apoio para construir as nossas ações e reações. E num mundo tão mutante não é supérfluo ter uma referência inicial que coloque a nossa consciência num presente aceito. Não é absurdo pensar, então, que percorremos a vida na companhia de inseparáveis companheiros ​​na forma de medos e esperanças.

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Um Improvável Diálogo entre a Fé e a Razão

José Antunes 0 443

Esta história que vamos contar ocorreu há muito, muito tempo, tanto que o seu final ficou escondido pelas brumas dos séculos. Deambulavam pelos caminhos do mundo a Fé e a Razão num incessante, ininterrupto e constante movimento para chegarem a todos os recantos humanos. Passavam nos mais diversos locais habitados e demoravam-se ora aqui, ora ali, com variada intensidade de tempo. Como tinham de passar em imensos lugares, viajavam ligeiras, nunca a par ou ao lado uma de outra, antes uma após outra, primeiro uma depois outra, e primeiro a outra e depois a primeira, não juntas mas sempre perseguindo-se, ora uma, ora outra. Umas vezes estavam mais próximas entre si e outras, alongando-se os caminhos, ficavam muito distanciadas. Nunca se perdiam e até pareciam que competiam entre si. Quem chega primeiro? Quem prevalece mais tempo? Qual o caminho mais curto?

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Quando a Natureza nos Confunde e Maravilha

João Porto 0 526

Quando o biólogo Michael Levin (www.drmichaellevin.org) demonstrou que uma planária (1) que havia sido submetida previamente a treinos de localização sensorial na procura de recursos alimentares, após ter sido decepada, regenerava novamente um “cérebro” e mantinha este as memórias da outra parte original, fez-nos pensar que as memórias e as ideias se situariam num outro plano, também defendido por outro biologista inglês, Rupert Sheldrake, e designado por Campo do Espaço Morfogenético ou Campo M, considerado por ele como uma variedade de um outro campo de natureza similar ao campo electromagnético. O experimento confirmava que se dividirmos uma planária em diversas porções, todas elas irão acabar por regenerar uma planária integral que manifestará cada uma as memórias da planaria original.

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A Quinta Sinfonia de Tchaikovsky, um Hino de Esperança

Durante o cerco alemão de Leningrado na Segunda Guerra Mundial, os governantes russos ordenaram que a Orquestra de Rádio da cidade tocasse esta Quinta Sinfonia de Tchaikovsky para levantar o moral dos sitiados. Da mesma maneira, em Londres esta peça musical foi transmitida na noite de 20 de Outubro de 1941. Assim que começou o segundo movimento, as bombas começaram a cair na cidade e perto do local onde a estavam a interpretar. A orquestra continuou a tocar até ao final. Esta obra musical teve grande importância durante esta Guerra Mundial porque parece que invoca o Destino e a vitória final através de todas as dificuldades. O tema do Destino ouve-se nas primeiras notas, tocadas por um clarinete, numa comovente melodia e sentimento que impressiona, pela sua beleza e apelo ao mais profundo do ser. E o desenvolvimento da sinfonia é um claro “per aspera ad Astra” (através dificuldades até às estrelas) até se tornar numa marcha triunfante de apoteose, no último movimento.

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Luz, Sombra e Escuridão das Ideias. Traços do Picatrix em Giordano Bruno

Carlos Paiva Neves 0 390

A luz natural procede das estrelas por meio de uma linguagem eletromagnética que é sensível à visão dos humanos e dos seres vivos em geral. É um fogo permanente produzido a partir de transformações termonucleares de fusão que proliferam pelo universo infinito. A luz física natural é o primeiro fundamento para a interação de movimento de todos os elementos do universo. É o principal objeto de trabalho de investigação astronómica, capaz de alcançar fontes luminosas tão longínquas, que transcende a noção de espaço, inconvertível para a inteligência humana. O universo é luz, sombra e escuridão. Em todos os seres universais há luz, sombra e escuridão. As sombras físicas são diferentes das sombras das ideias. As sombras físicas tal como as das ideias não existem sem a luz. Onde há luz há sombra, onde há sombra há luz, sendo impossível discernir uma sombra na escuridão. A sombra não é o mesmo que a escuridão, mas se é um vestígio dessa escuridão em presença da luz ou um vestígio de luz na escuridão, podendo ser uma mistura de luz e escuridão, então a luz é apenas um vestígio daquilo que é verdadeiro ou falso.

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Os Sentimentos

Delia Steinberg Guzmán 0 1194

Quando a esfera de ar se manifesta entre os humanos – e nos animais – surge a psique e a sua expressão característica: os sentimentos. É um mundo amplo, onde talvez Maya se encontre mais à vontade que em qualquer outro lugar. Nunca o homem é tão sensível nem tão falível, nunca é tão débil nem tão forte, nunca é tão grande nem tão pequeno, nunca é tão fácil de convencer como quando se encontra dentro do jogo dos sentimentos. Aqui tudo é ar: nada da solidez da terra onde apoiar-se, nem nada da profundidade racional do fogo da mente onde justificar-se. Os sentimentos movem-se, aéreos, oscilando geralmente entre os dois perigosos extremos: o prazer e a dor, o gosto e o desgosto. E à força de tanto pendular, o homem toma consciência do sofrimento: quando vive o prazer, teme perdê-lo, e então sofre; quando vive a dor, não tem outra coisa senão sofrimentos falíveis nesta esfera sentimental: porque, seja qual for o matiz afetivo que nos domina, temos sempre tendência para cair na dor.

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O Progresso É Sinónimo de Mudança?

Jorge Ángel Livraga 0 312

A frase, contundente e redonda como um postulado científico, resume na linguagem direta do grande escritor espanhol que viveu a cavalo entre os séculos XIX e XX, toda uma filosofia de vida. Não deixa uma brecha para introduzir a menor das perguntas: aceita-se ou nega-se.

E é um facto curioso que as asseverações mais absolutas partam, no geral, de pensadores que apresentaram características liberais. Vale a pena determo-nos nisto.

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Reflexões sobre a Doutrina Secreta

George Arundale 0 455

A Doutrina Secreta faz os seus leitores pensarem em si próprios. É um vai comigo para a consciência maior, em cada um de nós, e esta é uma das razões porque muitos não veem utilidade – as suas consciências maiores estão adormecidas e não estão em condições de despertar. É assim tão menos importante ler A Doutrina Secreta, e muito mais importante senti-la. Arriscaria duvidar se H.P. Blavatsky ela própria sabia sempre o que estava escrevendo, ou no mínimo compreendia muitas das implicações das palavras que escrevia. Duvido igualmente se ela estaria sempre preparada para dizer o seu significado. Certamente não podia, tendo em conta as imensas limitações de linguagem comparativamente mais jovens, e, no caso das línguas ocidentais, mais ou menos com o estágio particular que o mundo tinha alcançado. Inevitavelmente, ela vivia tempos obscuros.

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Crime. Poderemos Fazer Algo sobre Isto?

Gilad Sommer 0 231

Existe uma praga que está ameaçando estragos nas nossas sociedades atualmente, causando angústia, dor e medo. Não estou a falar de COVID, mas da pestilência do crime. Nos Estados Unidos tem sido um tema político para os presidentes de câmara das grandes cidades há décadas, muita reflexão e dinheiro têm sido investidos no problema, mas a solução ainda não parece estar nem um pouco mais próxima. Trata-se de um problema para o qual ainda não foi encontrada uma vacina, apesar dos aparentes esforços desenvolvidos nessa direção.

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O Paraíso das Utopias

A personalidade humana não pode deixar de projectar a visão de si mesma ao longo do tempo, e assim aparecem os planos, projectos e objectivos. Quando crianças vivemos condicionados pelos planos dos nossos pais e familiares, os que traçam para eles e também para nós. Mais tarde, entramos num círculo de amigos cujos planos partilhamos. E quando o amor chama os nossos corações, os nossos planos mútuos ocupam praticamente todo o nosso tempo. Dir-se-ia que estamos perante uma condição do ser humano: a capacidade de sonhar e tentar concretizar esses sonhos que, se não realizados, tornam-se em utopias. A utopia pertence ao futuro. O paraíso, por outro lado, pertence ao passado. Tínhamo-lo no princípio, mas, como todos sabemos, perdeu-se.

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A Linguagem das Pinturas Rupestres

Até agora, a crença mais difundida sobre a razão de ser das pinturas rupestres é que se tratava de uma espécie de magia simpática, uma ideia desenvolvida por James George Frazer nos finais do século XIX que foi rapidamente abraçada pela comunidade científica. Esse conceito assumia, basicamente, que as pinturas eram usadas pelos caçadores para invocar ritualmente as forças da natureza, e que estas lhes proporcionaram uma caça bem-sucedida. E. H. Gombrich, na sua obra A História da Arte, refere-se a estas expressões pictóricas dizendo: «É provável que sejam vestígios daquela crença universal no poder de criação das imagens. Por outras palavras: aqueles caçadores primitivos acreditavam que simplesmente pintando as suas presas, talvez com as suas lanças ou machados de pedra, os animais reais sucumbiriam também ao seu poder.

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Sekhmet, a Deusa das Muitas Faces

João Porto 0 652

Em Dezembro de 2017, a descoberta arqueológica de 27 estátuas em granito de Sekhmet (Sachmet, Sakhet, Sekmet ou Sakhmet) com dois metros de altura, na margem oeste de Luxor, em Kôm el-Hettan, no templo do faraó Amenhotep III (1390 – 1352 AC), situado a cerca de 3 quilómetros do Nilo e que abrange uma área superior a 385.000 metros quadrados, confirmou de uma vez por todas o papel importante e sempre muito pouco compreendido desta deusa egípcia com cabeça de Leoa.

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Hieróglifos Hititas e Luvitas. Notas filosóficas

capital do império hitita, é uma experiência única.
O grande reformador da Turquia moderna, o magnífico Ataturk (que significa “Pai dos Turcos”, já que o verdadeiro nome deste personagem é Ghazi Mustafa Kemal) quis ir às raízes mais profundas desta terra e do seu povo e não se ficar pela tradição islâmica, que já na sua época estava degradada e fechada a todo o tipo de progresso, mas inspirar-se nos grandes impérios que floresceram neste país: os Lídios, os Cários e mais especialmente os Hititas. Quem visitar o mausoléu deste herói da civilização, ficará impressionado com a semelhança à arquitetura hitita, mas ainda mais colossal.

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Carta à Tia Anica

Carlos Paiva Neves 1 526

A obra do escritor e poeta Fernando Pessoa é indiscutivelmente uma referência da literatura mundial, que tem motivado inúmeros investigadores a analisarem os conteúdos literários, assim como sobre a sua personalidade multifacetada, presente nos heterónimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro e Bernardo Soares. Porém, não é vulgar encontrar nesses estudos sobre o poeta, mesmo nos trabalhos de crítica literária, a referência a uma carta de sua autoria, dirigida a sua tia Anica, escrita em Lisboa, no dia 24 de junho de 1916. Este documento da sua correspondência pessoal está publicado em «Escritos Íntimos, Cartas e Páginas Autobiográficas, Fernando Pessoa, Introduções, Organizações e Notas de António Quadros, Mem Martins: Publicações Europa-América, 1986, pág. 127», o qual constitui uma revelação do comportamento mediúnico narrado na primeira pessoa.

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Qualidade De Vida

Delia Steinberg Guzmán 0 1017

Como consequência lógica das exigências da nossa civilização tecnológica, alicerçada na qualidade e performance dos seus produtos, os olhares voltaram-se finalmente para o ser humano, factor principal de qualquer modelo civilizacional, tecnológico ou não.

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O Caminho Inverso

Jorge Ángel Livraga 1 780

Quando lemos os textos de História destacam-se as figuras de um Alexandre, um Júlio César, um Napoleão, um Bolívar, como que sobressaindo do seu fundo, de tal maneira, que somente os vemos a eles. É óbvio que não sonharam, trabalharam e lutaram sozinhos, mas isso pouco importa, e as suas silhuetas tremendas cobrem todo o horizonte dos feitos humanos, quase sem deixar lugar para outra coisa que não sejam eles mesmos. Inclusive, quando os seus colaboradores são mencionados, os seus inimigos, os seus amores, as suas amizades, todos estes parecem anões, e se os conhecemos é somente pelo cruzamento circunstancial com a figura do Herói. Se Xantipa não tivesse despejado em público um balde de água sobre a cabeça de Sócrates, o seu nome jamais nos teria chegado e dela sabemos – ou importa-nos saber – pouco mais do que essa historieta.

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Thot ou Hermes Trimegistos

João Porto 0 1638

Originalmente Thot é considerado o deus egípcio da sabedoria do conhecimento e da luz. Contudo, do intercâmbio da civilização grega com a egípcia, o deus Thot foi assimilado como Hermes grego, e desse sincretismo resultou o Hermes Trismegistos egípcio (três vezes grande), inventor da escrita hieroglífica, também é-lhe atribuída a revelação da aritmética, da astronomia, da música, medicina, desenho, das ciências como um todo e da magia como prática do conhecimento. Também era conhecido como o “Mestre das Palavras Divinas”, sendo-lhe atribuído a invenção do cômputo dos dias e a criação do calendário com 365 dias, muito semelhante ao que usamos ainda hoje.

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O Mito de Osíris e o Rei Leão: as Personagens e o seu Simbolismo

Álvaro Soffietti 0 1795

Estudar a mitologia e o simbolismo por trás do Mito de Osíris é entender o lugar natural do ser humano no Cosmos. Os mitos e ensinamentos arquetípicos fazem-nos refletir e ajudam-nos a explicar como agir no mundo manifestado, do qual falava Platão. Neste mundo, onde as coisas existem, não temos a capacidade de captar o bem ou o mal absolutos, mas podemos nos aproximar e nos afastar relativamente, tanto para um quanto para o outro. Neste mundo, ambos os extremos fazem parte da ilusão da Deusa Maia. E embora estejamos sempre entre os extremos, o filósofo procura descobrir o real neste mundo ilusório. A sabedoria oculta no mito de Osíris permite aproximar-nos do sagrado, usando a inteligência para ver nas entrelinhas os seus ensinamentos. Através das personagens e seus simbolismos, é possível ligar-se com o atemporal, aqueles ensinamentos deixados por outras civilizações para nos mostrar a forma em que o ser humano deve estar ligado à natureza e assim começar a caminhar retamente.

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É bom Recordar o Passado?

Carlos Adelantado 0 698

Os povos que esquecem a sua história estão condenados a repeti-la.
Esta é uma questão que, simplesmente jogada na arena da opinião, pode levar à adopção das mais variadas posições dialéticas, sejam de natureza pró-futurista ou de índole conservadora, passando por um presente palpável, avassalador e “real”.
Isso é inevitável.

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A Ciência e as Suas Chaves Simbólicas

Juan Martín Carpio 0 585

Parece não haver distância maior do que há entre o simbolismo tradicional e a ciência, mas é exatamente o contrário. O pensamento científico avançado fundamenta-se em leis que muitas vezes se expressam com «símbolos» matemáticos, estranhos para o profano, esotéricos para o não iniciado. Como exemplo, consideremos a famosa equação de Schrödinger dependente do tempo, onde se descreve um sistema físico em evolução. Poder-se-ia objetar que o «esotérico» aqui se limita ao desconhecimento duns símbolos matemáticos, que uma vez bem explicados… nos deixam tão confusos como no início, porque a menos que sejamos «iniciados» nos seus segredos, não apenas da matemática, mas do significado profundo da física, não entenderemos nada sobre conceitos como tempo, espaço, matéria, evolução e transformação. Para o profano é tão fantástico ou ilusório como pode ser o mais simples dos símbolos numéricos maçónicos.

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A Vila dos Mistérios de Pompeia, uma Nova Leitura da Grande Sala

Visitar Pompeia é como retroceder no tempo, quase como entrar numa cena congelada do passado, pois as garras deste, que desmoronam e reduzem a pó tudo o que cai sob o seu poder, foram misericordiosas e trataram com delicadeza feminina o tesouro de uma cidade que foi consagrada à Deusa do Amor. O terramoto em 62 d.C. destruiu parte da cidade, e foi um presságio da sua destruição total, em 79 d.C, após a violenta erupção do vulcão Vesúvio, a cujos pés estava confiada. Pompeia foi coberta de cinzas e pedras a altas temperaturas (fluxo piroclástico), extraindo a vida e água de todos os organismos (criando moldes deles, as “estátuas” humanas agonizantes que vemos ao visitar a cidade), mas evitando assim toda a putrefação (inexistente sem água e ar). Como nos lembra o professor Livraga, “a pintura pompeiana nada mais é do que aquela daquela cidade na época do Império Romano”. Com a nota de que aqui se conservaram milhares de frescos murais quase intactos, o que é em si um prodígio museológico se pensarmos numa distância temporal de quase dois mil anos.

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Múmias do Egito Antigo III. Sokar, o Peixe Abdju e as Redes

Juan Martín Carpio 0 134

Continuamos com a descrição do arranjo mortuário do sacerdote Nesperennub, exposto na exposição em Madrid da Caixaforum em colaboração com o British Museum.
Uma pergunta que deve ser feita é por que se revestiam as múmias com um pano em forma de rede ou ligaduras externas com arranjo semelhante. Como já indicamos, nem sempre se cumprem todos os requisitos funerários em todas as ocasiões. Neste caso, apontamos no artigo anterior que este tecido que o cobre em forma de rede, é a mesma que cobre a representação do deus falcão Sokar, uma forma post-mortem de Osíris.

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Uma Onda de Medo

Juntamente com as conquistas científicas que nos deslumbram todos os dias e mostram a grande capacidade intelectual do homem, vivemos situações psicológicas de terror que nada têm a ver com inteligência. Corre por toda a parte uma onda de medo face às epidemias e catástrofes que assolam o mundo sem que ninguém consiga descobrir as causas, não tanto das epidemias ou catástrofes, mas das raízes do medo. Como em qualquer época de decadência civilizacional, disseminam-se formas irracionais de pânico, como se predominasse o medo ancestral do castigo divino em vez da explicação lógica do que acontece. Costumamos observar duas formas de reação: a vaidade da ignorância que procura destruir os problemas pela força, atacando-os cegamente, ou o medo da ignorância que imagina uma mão vingadora atirando pedras e males dos céus, ou esse mesmo medo que nos faz fechar os olhos aos acontecimentos, como se não os víssemos significasse que não existem.

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Conectando com as Musas

Mirta Lopez 0 567

O célebre aforismo grego “Conhece-te a ti mesmo… e conhecerás o Universo e os Deuses” é o alicerce que nos leva a conceber a nossa verdadeira identidade, o que implica a capacidade de recordar experiências essenciais. Deste modo, na sua lógica conta com que as famosas Musas, filhas de Mnemosine, a memória, inspirem o mundo dos seres humanos como a sua mãe faz no mundo dos Seres Divinos. Como teria dito o admirado Platão, nós, seres humanos, também precisamos recordar a nossa origem divina para não nos perdermos neste mundo que nos rodeia. Hesíodo é quem melhor as descreve e que lhes concede o poder do omniconhecimento. Fá-las indispensáveis para quem quer saber ou fazer algo de real importância. Cantam o passado, presente e futuro para transmitir o conhecimento e abrir uma comunicação entre nós e o mais elevado da Natureza; ou seja, as artes que representam inspiram a estabelecer um elo entre a terra e o céu, entre nós e os deuses.

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Peste!

Jorge Ángel Livraga 0 314

Li muito sobre as diferentes pestes que assolaram o planeta em diferentes épocas e lugares. Vi as maravilhas arquitetónicas que se ergueram em memória do seu término, atribuindo-lhe a intervenção divina, como é disso exemplo a famosa Coluna da Peste de Viena. Viajei repetidamente por países onde diferentes formas de doenças mortais, englobadas na palavra “peste”, são endémicas. No momento em que escrevo, Junho de 1991, a UNDRO comunica que em não menos de 60 países existe alguma forma de peste, e não parece que exagerem. Mas jamais me ocorreu viajar conscientemente até ao foco de uma peste declarada (os chamados países do Terceiro Mundo costumam ocultar as suas doenças para não se desprestigiarem, já que se consideram “em vias de desenvolvimento”, ou simplesmente para não espantar o turismo). Assim se dissimula a doença de chagas, a varíola, a febre amarela, o tétano, a raiva, a triquinose, a doença do sono, o paludismo , etc., que atingem as áreas mais deprimidas com intensidade variável, habitadas pela nossa triste Humanidade, onde pelo menos 60% vive em condições precárias, da qual uns 40% não tem uma melhor esperança de vida do que aquela que tinham os povos de há 4.000 anos na Europa.

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