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Culturas

As Quatro Rainhas do Mito Artúrico e a Ascensão da Alma Humana

Trinta anos depois, li novamente, com grande satisfação, o livro de John Steinbeck “Os feitos do Rei Artur e seus nobres cavaleiros”, uma obra infelizmente inacabada e que é um tributo à chamada “Morte de Artur” de Thomas Mallory (1415-1471), livro de referência da literatura inglesa.

No capítulo de Lancelot, este primeiro cavaleiro da Távola Redonda enfrenta uma prova onde deve vencer a magia e as tentações de quatro rainhas. Como Lancelot é o símbolo da alma humana, sendo o cavaleiro mais sublime nesta obra artúrica, as quatro rainhas simbolizam, talvez, as quatro grandes ambições horizontais que arrastam a consciência, fragmentando-a.

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Isabel de Portugal, Rainha de Espanha

Carmen Morales 0 1356

No imaginário de todos os povos, há personagens que perduram através do tempo deixando atrás de si um rastro luminoso de respeito e admiração. Entre as rainhas espanholas dos últimos séculos, há uma que se destaca pela simpatia que desperta, mais de 400 anos depois da sua morte. Referimo-nos a Isabel de Portugal, esposa de Carlos I de Espanha e V da Alemanha, rainha e imperatriz e governadora de Castela e Aragão nos momentos de regência.

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Alquimia e Imortalidade Chinesa

Agostino Dominici 0 998

A alquimia chinesa tem dois ramos principais: “alquimia externa” (Waidan) e “alquimia interna” (Naidan). Ambas as palavras estão relacionadas à palavra dan (elixir), que evolui de um significado-raiz de “essência” (a verdadeira natureza e qualidade de uma entidade). Nesta breve introdução, vou-me concentrar na tradição da alquimia externa ou Waidan. Imagem: Parte do I Ching gravada em pedra, no Museu Beilin, em Xian, China. Creative Commons

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Filosofia do Povo do Sol

José Carlos Fernández 0 1067

Com as palavras deste título, Miguel Ángel Portillo refere-se à profundidade e complexidade do pensamento asteca. Na sua excepcional obra (que já é um clássico sobre este assunto), “Los Antiguos Mexicanos”, através das crónicas e canções mexicanas, mostra que há toda uma filosofia nos seus códices, tradições orais e construções sagradas. Imagem: Huitzilopochtli. Domínio Público

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A Selva dos Deuses Egípcios e o Machado (II) Akhenaton e a Inquisição

Juan Martín Carpio 0 846

No Egito ninguém “pertencia” a uma religião, não havia osirianos, ísisianos ou amonianos. Havia sacerdotes desses cultos, mas em muitos casos permutáveis, como uma espécie de cargos administrativos, e em qualquer caso os Sumos Sacerdotes desses cultos eram apenas representantes do faraó e este representava todo o povo perante o mundo do divino, sem distinções.

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Constituição Interna do Homem no Antigo Egito. O Coração

Juan Martín Carpio 0 1513

Para os antigos egípcios, o coração corresponde a dois conceitos, um é o coração-mente, e o outro o coração psico-emocional que influencia com as suas mudanças as batidas do coração físico. Em todo o caso, o coração representa a consciência em movimento. Estes mesmos conceitos também se encontram na antiga China, onde recebem o nome de fogo imperial e fogo ministerial, respetivamente.

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O que se esconde detrás do Santo Sudário? (Parte II)

Jorge Ángel Livraga 0 606

Neste ponto, a história substitui a mitologia, como é o caso, por exemplo, da fundação de Roma ou da Guerra de Tróia. Os resultados das investigações tornam-se mais precisos e tendem a ser contemporâneos dos factos, e tanto é assim que várias figuras importantes da época, como Calvino, gozavam com a aparente capacidade da Igreja Católica de repor o que foi perdido ou queimado. Imagem: Fotografia do Sudário em duas versões à esquerda, em positivo; e à direita, negativo. Domínio Público

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O que se esconde detrás do Santo Sudário? (Parte I)

Jorge Ángel Livraga 0 847

Estamos no século XIX. Das centenas de lenços de diferentes tamanhos que existem no mundo representando todo o corpo ou apenas o rosto de um homem, – presumivelmente Jesus Cristo – o mais impressionante e venerado é o que se conserva em Turim. O Papa Pio VII, um grande devoto desta relíquia, a caminho de Paris, pediu para a ver e a urna foi-lhe aberta. Corre o ano de 1804. Imagem: Fotografia do Sudário em duas versões à esquerda, em positivo; e à direita, negativo. Domínio Público

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Tradições sobre o Rei do Mundo

Desde o início da humanidade tem sido mencionada a existência de um governo interno do mundo, de uma Hierarquia que dirige tudo o que acontece nele, uma Hierarquia de Seres Superiores que no seu reflexo entre os seres humanos são imagem e semelhança da sua parte interna. É o que se conhece como o Rei do Mundo do qual, embora pouco se saiba, todas as tradições concordam em falar dele. Mas há uma pergunta latente entre os seres humanos: Até que ponto, num mundo indefeso, perseguido pelo materialismo e mergulhado numa profunda crise especialmente espiritual, este Rei do Mundo pode ser concebido se não acaba com todo este sofrimento de uma vez por todas? Para responder a esta pergunta é necessário ter em conta a chave experimental: a humanidade deve aprender com o bem e o mal para decidir por si mesma.

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Devemos Honrar o Deus Polvo?

José Carlos Fernández 0 1336

Talvez Aristóteles, tão devoto do sistema indutivo, tenha sido influenciado pelas aparências quando chamou o polvo de estúpido, apesar de ter destacado a sua adaptabilidade e capacidade de camuflagem. Claro, um símbolo tem inúmeros matizes, e a falta de sistema ósseo ou equivalente (sendo um molusco), também significa aqueles que não têm princípios, se mimetizam, esperam e depois nos devoram, ou tentam fazê-lo. Imagem: Ânfora do palácio micênico, encontrada na Argolida. Museu Nacional de Arqueologia de Atenas. Creative Commons.

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Constituição Interna do Homem no Antigo Egipto. O Aj

Juan Martín Carpio 0 782

Antes de explicar o que é Aj, devemos esclarecer a imagem acima. Representa Aker, o leão, e embora apareçam representados dois é o mesmo em duas funções. O da esquerda, como o hieróglifo indica, é “Duaj”, que significa “Ontem”, e à direita está escrito “Sefer” que significa “Amanhã”. São representados de um lado e do outro por duas montanhas entre as quais aparece o Sol, nascendo ou se pondo. Este último, as montanhas e o sol, é chamado de Ajet, uma palavra relacionada com o Aj que estamos estudando. Ajet é o “Horizonte Luminoso”.

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O Mistério dos Aeromodelos Milenários

Jorge Ángel Livraga 0 1243

Desde os seus remotos ancestrais que o Homem quis voar. E sabemos que do querer ao poder há uma distância curta ou longa, mas que termina inexoravelmente com a satisfação do desejo. Este é um axioma da Natureza que, desta forma, presenteia as suas criaturas com toda a espécie de oportunidades e experiências. Imagem: Jorge Ángel Livraga. Biblioteca Nueva Acrópolis

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Constituição Interna do Homem no Antigo Egito. O Ba e a Sombra

Juan Martín Carpio 0 1465

Aparece frequentemente representado como um pássaro – falcão, cegonha ou íbis – com cabeça humana, com o símbolo do fogo em frente – o quarto elemento da série terra, água, ar e fogo, ou corpo físico, vital, emocional e mental que nos recorda o seu sentido espiritual e ao mesmo tempo a sua origem no mental. O Ba manifesta-se a partir da morte, existe no interior, mora no coração do ser vivo, mas só quando morre aparece claramente definido. São abundantes os amuletos na forma de coração, nalguns pode-se ver uma cabeça humana surgindo do coração e, noutros casos, um falcão com cabeça humana, o Ba. Imagem: Duas imagens do Ba. Templo de Dendera. Creative Commons

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Os Valentes do Graal

Não é fácil transcender o tempo. Os seres humanos, geralmente, encaixam-se no momento histórico que lhes coube em sorte, sem conseguir ver mais além dos dias e das horas, sem encontrar o canal luminoso que une os feitos mais além das datas. Imagem: Os cavaleiros do Rei Arthur, reunidos na Távola Redonda para celebrar o Pentecostes, têm uma visão do Santo Graal. Do fólio 610v do BNF Fr 116, encomendado por Jacques d’Armagnac. Domínio Público

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O Aspeto Esotérico da Cavalaria

Julian Scott 0 1105

O termo “cavalaria” vem do francês “chevalier”, que significa “cavaleiro”. Simbolicamente, o cavalo representa o corpo com suas energias e emoções associadas, enquanto, o cavaleiro, representa o eu superior do ser humano, a melhor e a mais nobre parte de nós mesmos. O cavaleiro não é perfeito, mas está no caminho para a perfeição. Imagem: Lancelot e Guinevere, pintura de Herbert James Draper (1890). Public Domain

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China, uma Amálgama de Povos

Teresa Cubas Lara 0 750

A China, com quase 1400 milhões de habitantes, é um país onde as pessoas mantêm o vínculo à sua história e às suas tradições. O seu legado, tão estranho aos nossos costumes, é fruto de uma história ininterrupta de três milénios e meio, e que chegou até nós através de uma quantidade enorme de documentos escritos. Imagem: Pessoas de Naxi carregando os cestos típicos da região. (Lijiang, Yunnan, China). Creative Commons

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Um Novo Sonho para a China?

À mesma China, sobre a qual se abateram tantas provações, foi-lhe proposto um novo «sonho chinês» (em chinês: Zhōngguó mèng), um conceito defendido por Xi Jinping, actual presidente da República Popular da China. Basicamente, o seu conteúdo é tornar realidade um país próspero e forte, uma nação vigorosa e um povo feliz. Os seus principais objectivos seriam fortalecer a nação, elevar o nível de vida da sua população e acabar com a corrupção nos diversos níveis governamentais.

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Filosofia e Simbolismo no filme Mulher-Maravilha

Cleto Saldanha 0 1459

A palavra “amazona”, segundo a etimologia popular grega, provém de a (não) e madzós (seio), ou seja, sem-seios. Segundo esta tradição, estas guerreiras, que eram situadas no Ponto Euxino, na Cítia ou na Lídia, mutilavam o seio direito para poderem manejar com maior destreza o arco. Toda a mitologia tem um aspeto simbólico e neste caso as amazonas representam a mulher que foge da sua natureza feminina para se masculinizar, ou seja, procura ocupar o papel do homem e não completá-lo.

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Necessidade de Vínculos Humanos

A pandemia dos telefones móveis, e a sua família tecnotrónica, como antes o fizeram os computadores e ainda antes a televisão, por não encontrarmos a medida e domínio do seu uso, arrasta-nos para esta solidão, para este individualismo envenenado, cada um em suas fantasias oníricas. Com relações que não são, com vínculos que não o são, com amizades que jamais o serão, mendigando um “eu gosto” ou simplesmente um novo clique. Sem silêncios e profundidade para criar algo realmente válido, sem conversas que nos enriquecem verdadeiramente e devolvem o sentido da vida, sem uma moderação ou justa apreciação que nos previna de cair em redes ou garras de qualquer pseudo guru estúpido mas aproveitado, ou numa crença fossilizada inútil, ou em qualquer tipo de aberrações que hoje campeiam livremente, como cavaleiros de um apocalipse moral e portanto social, espectros que vão deformando as almas e arrebatando-lhes a sua dignidade humana.

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O Colosso de Pedralva

José Antunes 1 1279

Séculos e séculos percorrem a linha do tempo e eu aqui me mantenho com o braço direito erguido. Sei que não me reconhecem e que adenso o mistério das origens dos humanos que povoaram estas terras de Entre Douro e Minho, mas que poderei mais vos transmitir senão o simples e profundo enigma humano?

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Apresentação do Livro O Templário do Rei, de António Balcão Vicente

José Carlos Fernández 1 1280

O ser humano necessita conhecer a sua história, para deste modo reconhecer-se a si mesmo e à sua própria vontade de ser. E necessita também saber que está a construir o futuro, ou seja, que está a fazer história, que está a escrever no Livro da Vida em traços indeléveis, pois tudo aquilo que não se escreva assim é devorado, como dizia Baltasar Gracían no seu Criticón, na Caverna do Nada.

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O canto de Ullikummi

José Carlos Fernández 2 1815

Talvez nunca tenha sido tão claro como hoje, com as comunicações globais e o conhecimento atual da história, até que ponto a conduta das pessoas é governada pelos mitos. Outrora, os mitos eram narrações sagradas, as ações dos Deuses in illo tempore, ou seja, num tempo sem tempo, pois mais que sucessivo, era alfa e ómega da realidade, o arkhé ou origem imaculada de tudo o que acontecia.

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