“O espelho da alma não pode ao mesmo tempo refletir a terra e o céu, quando um aparece, o outro desaparece.” ISIS SEM VÉÚ de Helena Petrova Blavatsky
“Quid est ergo tempus.” “O que é, por conseguinte, o tempo. Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei. Porém atrevo-me a declarar, sem receio de contestação, que se nada sobreviesse, não haveria tempo futuro, e se agora nada houvesse, não existiria o tempo presente” Santo Agostinho
Ao ler este enigmático pensamento de Santo Agostinho extraído das suas Confissões (XI, XIV, 17), meditei sobre o tempo. Por mais que eu tentasse pensar sobre ele, mais ele fugia da minha mente, como se fosse inexistente. Nesta sensação de vazio, semelhante a um buraco negro, só consegui fixar-me em tempos passados e expandir-me em tempos futuros, e fiquei sem saber se serei eu um ponto em movimento instável ou ele o prestidigitador desta ilusão. Pensar é olhar para baixo, com distância, é crer que existimos enquanto em cada segundo nascem e morrem milhares de células dentro e fora de nós. Tudo aquilo que vimos é a sombra daquilo que foi, tal como a luz das estrelas que chega até nós e que não é mais que o espectro daquilo que foi. O passado do latim “passus” é o passo do tempo, pegadas que a areia do mundo irá apagar, afim de que o futuro se posse realizar.
Questionar o tempo parece uma perda de tempo, no entanto não podemos viver sem ele, substância de vida que a nossa consciência utiliza para existir. Para o homem comum, o tempo é realizações, para o filósofo, o tempo é reflexão, para o sábio o tempo é revelação. O tempo só existe em função da consciência que nela habita, ora somos, ora não somos, puro jogo caleidoscópico entre o visível e o invisível, fazemos do tempo, substância de todos os nossos despertares. Queremos ganhar tempo, aproveitar o tempo, parar o tempo, utilizamos-o como combustível para perdurar.
Ser ou parecer, eis a eterna pergunta!
“Oh tempo, suspende o teu voo, e vós horas propicias, suspendei o vosso curso.” O LAGO de Lamartine
Para os antigos pensadores gregos, o tempo revestia três dimensões: O AIÒN, CHRÓNOS e CRONOS/KAIROS. A palavra AIÓN, significava para Hesíodo e Homero, uma duração vital, movimento ininterrupto e, portanto, eterno. CHRÒNOS, pai do ETER e do CAOS, difere do Cronos da terceira geração (o Cosmos) enquanto que Khrónos representa, o tempo sem velhice, sem limitação, uma expansão virgem ainda não dimensional, Cronos, o ceifador e devorador dos seus filhos, assume uma função de corte e limitação, ou seja, a medida de diferenciação entre o princípio e o fim de qualquer processos existencial. Cronos representa a soma de todas as causas responsáveis pela construção do Cosmos, tais como a imagem de uma pedra lançada por uma mão invisível, produtora de múltiplos anéis nas águas obscuras do Oceano cósmico.
“O tempo é o horizonte possível de toda compreensão do Ser em geral, é aquilo pelo qual o Ser pode ser compreendido.” Heidegger
Cronos e Kairos são filhos de Aión e irmãos inimigos. O primeiro é a medida, o justo, o tempo repetitivo do pêndulo, é irreversível, não nos podemos banhar duas vezes nas mesmas águas, não podemos voltar atrás, porque não se pode viver dois instantes iguais, este é o tempo Apolinário que aprisiona a alma no seu ciclo de nascimento e morte, porque o sol é também solidão, a luz que ofusca o brilho das outras estrelas. Quando a luz de Apolo nasce no horizonte, a vida inicia os seus processos de expansão crescimento e morte, e assim até à consumação de tudo aquilo que evolui, até alcançar o ponto sem retorno do tempo sem tempo.
Kairos é o tempo Dionisíaco, o tempo propicio, decisivo, favorável. É o saltimbanco das nossas vidas que consegue transmutar o determinismo em tempo criativo, é a promessa que Deus nos deu de que tudo é possível quando desafiamos os impossíveis. É um dom do Céu, porque concedeu-nos a liberdade de alterar o curso do tempo, utilizando este com sabedoria.
Heráclito de Éfeso, conhecido como Skoteinós, o “obscuro”, atribuía o nome de Logos ao Princípio Inteligente que governo o mundo. Faísca do fogo de Prometeu, capaz de libertar a alma do fluxo e refluxo do tempo gerador de discórdia. Ele afirmava que todos os homens possuem o Logos, mas também acreditava que a maioria dos homens (que chamou de “adormecidos”) não desenvolvia essa inteligência. Apenas os homens “despertos” utilizavam o Logos de modo consciente.
“A todos os homens é permitido o conhecimento de si mesmos e o pensamento correto.” Aforismo de Heráclito
Platão refere-se ao mesmo fogo no seu Mito da caverna, a saída da alma prisioneira do mundo das sombras e o seu encontro com a luz da verdade. “O que sempre está em devir nunca é” (Timeu). Para Platão, ”o tempo é a imagem da eternidade, que procede segundo o número”. Heráclito sugere que Deus é uma criança que joga aos dados, todas as sequências de tempo são construções hipotéticas de realidade. Na simplicidade do acto puro de jogar, livre de intensões, os dados são lançados e movem os mundos. Deus, a criança, está fora dos condicionalismos do jogo.
“Para Deus tudo é belo e bom e justo; os homens, contudo, julgam umas coisas injustas e outras justas.” Heráclito
Píndaro, também conhecido como Píndaro de Cinoscefale ou Píndaro de Beozia, foi um poeta grego, autor de Epinícios ou Odes Triunfais, e escreveu na oitava Pitica estes versos:
“Efêmero, ser algum? Ser ninguém? Sombra é o homem.”
O Tempo no Pensamento de Aristóteles
Aristóteles no seu livro de Phys IV.II diz que o tempo deve ser pensado em relação ao agora, porque sem a consciência do agora, não pode existir o tempo. Este agora, filho do tempo, é o “Número de um movimento segundo o anterior-posterior” (Phys IV-11,219b). Isto significa que necessitamos de dois agoras para poder delimitar um intervalo de tempo. Este é o agora anterior-posterior que pode ser presenciado, é o movimento, e o motor do tempo. O agora que não pode ser medido, terá que ser indivisível, Movente Imóbil, acto puro, pensamento do seu próprio pensamento. Para Aristóteles, o intelecto é o agente que permite dimensionar o tempo, cada movimento tem as suas próprias causas e nada permite afirmar que cada uma destas causas pode ter uma finalidade, fora do contexto temporal de cada categoria de Ente, pois o homem é o único responsável pelas sucessões dos processos que ocorrem em concordância com a sua natureza.
Para Aristóteles não existe destino, como algo que pode assinalar um propósito anterior ou posterior ao acto, é a ação como movimento que determina o propósito, é esta a única construtora do tempo, logo o tempo é uma sucessão numérica que se extingue na medida onde ele se realiza no acto. Os fenómenos acontecem devido à ocorrência de uma sequência numérica automática ao qual atribuímos o nome de acaso, outros são condicionados pelo intelecto, capaz de favorecer a Tykhé ou fortuna.
O Tempo a a Providência no Pensamento Estóico
“Recorda da substância total, da qual participas escassamente e também do tempo infinito total do qual te foi designado um intervalo, breve e ínfimo.” Marco Aurélio – Pensamentos para mim mesmo
A concepção do tempo para os filósofos estóicos é distinta da visão Aristotélica, pois a divina Providência justifica a necessidade do tempo. Este princípio do Porvir introduz um significado à vida, estabelecendo uma noção de simpatia universal, guia de todos os movimentos. Através dela cada existência, torna-se um elo solidário da Alma do Mundo, contribuindo para restabelecer a harmonia no Cosmos. O tempo passa a ser o momento único, oportunidade de resgate do profundo significado do sofrimento causado pelo eterno movimento de transformação, nascimento-morte, alegria-tristeza, luz-obscuridade de que padece o mundo material. O existencialismo estóico encontra na vontade e na razão, uma via de salvação, contrapondo a capacidade de suportar e enfrentar a dor através da sua cooperação com a razão universal que governa o grande círculo do tempo. Para o Estoicismo, o presente é aquilo que depende de nós, é nele que podemos intervir, já que o passado e o futuro são meras representações daquilo que já não depende de nós. O passado porque já se foi e o futuro porque ainda não existe. Deste modo o tempo é o momento presente, oportuno e decisivo para a escolha certa, e esta deve ser de acordo com o Bem Supremo, único regulador dos movimentos do universo manifestado.
“Mantém-te simples, bom, puro, sério, livre de afetação, amigo da justiça, temente aos deuses, gentil, apaixonado, vigoroso em todas as tuas atitudes. Luta para viver como a filosofia gostaria que vivesses. Reverencia os deuses e ajuda os homens. A vida é curta.” Marco Aurélio
O Tempo para Santo Agostinho
“O tempo é um vestígio de Eternidade.” Santo Agostinho
Para O bispo de Hipona, o ser do tempo é aspirar ao não ser, o tempo não possui realidade em si mesmo, porque unicamente pode ser medido no momento onde ele se manifesta, como percepção para a mente humana. Para o homem, todos os tempos tem origem no presente, ou seja, o ponto onde se situa a consciência. Santo Agostinho refere-se a três tipos de presente:
Praesens de Praeterito – um presente passado Praesens de Praesentibus – um presente presente Praesens de Futuris – um presente do devir
Para Santo Agostinho é o Espírito que introduz as dimensões de passado, presente e futuro, porque o tempo não possui existência em si mesmo, é a Luz do Espírito que o faz existir. Tudo tende na expectativa do encontro amoroso com Deus que fez do seu filho, Jesus Cristo, o mediador do tempo terrenal para chegar até Ele. Por isso a vida é uma distensão da sua eterna espera. O tempo é a sombra da Eternidade, mudanças de estados de consciência, movimentos aparentes que nos afastam da Luz viva.
“A Eternidade, assim não é tempo infinitamente prolongado, mas uma existência sem nenhum limite, ao contrário de, por exemplo a existência humana que é uma distensão cujas fronteiras são o nascimento e a morte.” Santo Agostinho
O Tempo Reversível na Filosofia Budista
“A mente é o grande destruidor do real, que o discipulo destrói o destruidor.” Voz do Silencio
A imagem da nora, roda que permite mover a água, ora para recolher, ora para esvaziá-la é utilizada no Budismo para representar a roda da vida: Samsara, a roda da existência, geradora de tempo. Esta assinala a interdependência do nascimento e da morte e da sua resolução através da libertação do fluxo (Sara-Sarati que significa correr, corrente torrencial que arrastas as existências).
“A lei da mente é implacável, o que se pensa, cria-se, o que se sente, atrai-se, o que se acredita… torna-se realidade.” Buda
O círculo dos 12 elos ou Nidanas assinalam os 12 fatores de transmigração dos seres responsáveis pela dor provocada pelo apego à vida transitória. A ignorância das quatro Nobres Verdades acerca da dor, condiciona o ser humano a renascer, sucessivamente, tornando-se filho do passado e grávido do futuro.
“Eu não conheço o fim da dor, enquanto não fora alcançado o fim do mundo.” Buda
O apego à vida material, o desejo de viver uma vida separada do Dharma, justifica a existência do tempo: Maha Kala, o tempo cósmico, o tempo é idêntico à existência, e a existência é idêntica ao tempo. Buda, o iluminado, tornou-se Aquele que regressou à nascente da corrente, costumando ser representado pelo centro vazio da roda, aquele que dissolveu a sombra do futuro e não mais voltará a renascer.
“O Espírito não nasce e não morre, Ele não provém de nenhum lugar e não vai a nenhum lugar. Ele é imutável e eterno, Ele está vivo mesmo que o corpo esteja morto. Ínfimo e, no entanto, maior do que o maior, Deus está escondido no coração da criatura. A majestade do Ser reconhece, na calma, aquele que, sem desejo, libertou-se da dor e das preocupações.”1
Os 12 Nidanas da roda de Yama, deus da morte, da noite, aquele que conhece as leis do “país além dos limites, assinalam os 12 elos, processos irreversíveis do Sansara, produtor de ilusão ou Maya.
Os 12 Nidanas
- Ignorância (avidya): representada por um cego. A ignorância, é simultaneamente o não saber e a ilusão do saber ou o falso conhecimento da verdadeira natureza.
- Acto de volição (samskara): representado por um oleiro. A ignorância gera a ação, o passado condiciona o presente (símbolo do Karma, a Lei de causas e efeitos).
- Consciência (vijnana): representada pelo macaco que se agita numa árvore, para colher os frutos. Símbolo da mente inferior, dual, que não consegue discernir a real, a dispersão mental movida pela falta de luz interior.
- Nome-forma (nama-rupa) representada por uma barca com 2 barqueiros que voga nas águas da ilusão. Iniciou-se a construção de uma identidade ou personalidade temporal, o nome é o Ego (consciência temporal) e a forma é a máscara (pessoa) ou suporte da consciência egóica.
- Os seis órgãos de sensação (Chayadatana) representado por uma casa com 6 janelas. Os 5 sentidos e a mente condicionam a nossa visão do mundo. Desejo de exteriorizar-se, de ser o centro das representações da realidade.
- O contacto (sparsa) representada por um casal abraçado. A busca de satisfação como via ilusória de plenitude, o contacto gera o desejo de realizações, de procriar no mundo material.
- Sensações (vedana) representado por um homem atingido por uma flecha no olho. A experiência do contacto gera dor, ferida, consequência da falsa visão e compreensão da vida.
- A sede (trsna) representada por um homem que bebe. O desejo, o apego aos objetos de percepções, gera a corrente insaciável de amor à vida.
- A Colheita (upadana) representada por um homem que colhe os frutos de uma árvore. O desejo gera o apego, restituição das ações movidas com fim a resultados, expectativa de restituição do mundo exterior.
- O devir (bhava). Representado por uma mulher grávida. O karma é ativado, irá nascer o filho do passado (karma anterior).
- Nascimento (jati) representado por uma mulher que dá à luz. Quando o Karma está maduro, a existência manifesta-se.
- Velhice e morte (jaramarana) representado por um homem que transporta um cadáver. É certa a morte para aquele que nasce, move-se a nora geradora de um novo tempo. Para reverter o tempo e parar o movimento cíclico do Samsara, o homem deverá libertar-se do desejo de querer viver na impermanência.
“Vaguei por incontáveis nascimentos, buscando sem encontrar o construtor desta casa. É doloroso nascer tantas vezes. Ó construtor de casas! Agora foste percebido. Não mais erguerás a casa. Todos os caibros do teu telhado estão despedaçados, tua viga mestra se rompeu.” Buda
A Nossa Visão Actual
Do Tempo Absoluto e Universal, ao Tempo Relativo
“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.” Albert Einstein
“O tempo é um devir universal, se nós substituímos fogo por energia, de facto a energia é a substância de onde nascem todas as partículas elementares, a energia é aquilo que faz mover, esta pode se transformar em movimento, calor, luz eletricidade, ele é a causa fundamental de todas as transformações do mundo.” Werner Heisenberg
A Física actual, passou do tempo absoluto de Newton ao tempo relativo e maleável de Einstein, deste modo este pode alterar-se em conformidade com os movimentos do observador e a intensidade do campo gravitacional aonde ele se encontra. Para a relatividade existem tempos próprios para cada observador. O tempo passa a ser visto como duração e intensidade sempre intimamente relacionado com o sujeito, que opera num espaço determinado.
“O tempo é uma ilusão produzida pelos nossos estados de consciência, na medida em que caminhamos através da duração eterna.” Issac Newton
A Mecânica quântica revela a incerteza do reino da matéria, ou seja, a sua impermanência. Por outro lado, a teoria do Caos e da Complexidade mostra que a relação de causas e efeitos nem sempre é linear, ou seja, determinista e isto vai de encontro ao pensamento antigo que se referia à existência do livre arbítrio ou escolha, a possibilidade de mudar o curso dos acontecimentos.
Uma figura de proa da física contemporânea, é o Astrofísico Trinh Xuan Thuan, que fala sobre o vazio cheio, os fenómenos são vazios em si mesmo, e unicamente adquiriram significado através da mutua dependência do ente que os liga entre si, como por exemplo as letras soltas: a – m – o – r não constituem uma palavra, a ideia que as une é que constituí uma palavra: amor. Segundo a afirmação de vários autores, para a Física Quântica “a matéria é uma miragem, composta por partículas que são a manifestação de energia vibratória no espaço vazio, a matéria é uma ilusão que existe no vazio, mas que é percepcionada como algo coeso. O átomo, que é a base da matéria, não é uma entidade sólida, é vazia.”
Sobre a Plenitude do Vazio da Lao Tsé
O Tao é vazio inesgotável
E a fonte do profundo silêncio.
Que o uso jamais desgasta,
É como uma vacuidade
A origem de todas as plenitudes do mundo
Desafia a inteligência aguçadas
Unifica todas as diversidades
Desfaz as coisas emaranhadas
Funde em uma só todas as coisas.
Suavizai o corte
Desfazei os nós
Diminui o brilho
Deixar que as rodas percorram os velhos sulcos.
Devemos considerar nosso brilho
A fim de que nos harmonizemos, com a escuridão dos outros
Como é puro e tranqüilo o caminho!
Não sei de quem possa ser filho
pois parece ser anterior ao Soberano do Céu.
Conclusão
Neste percurso pelo tempo, tivemos a oportunidade de constatar múltiplas visões do mesmo, no entanto não são antagonistas, nem definitivas pois o alcançar da verdade só poderá ser efetivo quando estivermos preparados para ela. A mente humana só poderá entender o Todo quando esta estiver emancipada da sua visão parcial que a limita.
Bem que continuemos sem saber ao certo o verdadeiro significado do tempo, não conseguimos viver sem ele. Todos gostaríamos de poder parar o tempo, libertar-nos da sua inexorabilidade: Quantas vezes ao dia não nos sentimos oprimidos pelo tempo, a prisão dos ponteiros do relógio, uma limitação permanente dos anseios da nossa alma que quer perdurar mais além que este breve instante que nos cabe viver. Como a criança que teme o obscuro, evitamos confrontar-nos com ele, porque vimos nele a sombra da nossa temporalidade. Todas os dias matamos o tempo ao o entregar ao efémero, fazemos dele a nossa prisão com dias e horas marcadas. Somos os únicos responsáveis da sua brevidade.
Libertar o tempo é então abrir as portas da nossa mente e do nosso coração pela contemplação do mundo, que todos os dias renova os seus amanheceres. É morrer e renascer quanto vezes for necessário para chegar à certeza de que nada morre e que tudo se transforma. ”Há mais vida na morte que vida na vida”. Nesta frase tão profunda da grande mestra Helena Petrovna Blavatsky, podemos constatar que a vida breve dos grandes génios e sábios da nossa humanidade não se extinguiu com o tempo, pelo contrário, estas intensificaram-se com o tempo, continuando a emitir a sua luz até aos confins das nossas memórias.
Precisamos então resgatar tempo ao tempo para poder presenciar todos os segredos da vida. Reconhecer aquilo que é em detrimento daquilo que não é, porque o Bem, o Bom, o Belo, o Amor, são estrelas fixas no céu dos Homens. Ao tempo, pai da paciência e da necessidade, devemos a benevolente esperança de um amanhã melhor, porque independentemente de termos pisado a lua ainda não sabemos alcançar e amar o próximo.
Ó tempo, não sei se és eterno, também pouco me importa, porque graças a ti eu tive a oportunidade de me reencontrar debaixo das tuas infinitas máscaras. Agora sei que tu e eu caminhamos juntos, companheiro nesta grande aventura que é a vida, porque tu és a sombra e a luz de mim mesmo.
“Cada partícula do mundo é um espelho.
Em cada átomo resplendece a luz de mil sóis.
Fende o coração de uma gota de chuva, e fluirão cem oceanos puros.
Observa de perto o grão de areia e verás a semente de milhares de seres.
E mesmo que a câmara de um coração seja pequena, o Senhor de ambos os mundos com prazer mora ali.” Mahmud Shalestari
Janeiro de 2019
Anotações
1. Extraído do Ensinamento dado a Nachiketa pelo deus da morte, Yama.