Com a popularização do “Esoterismo” (Falácia: o Esotérico, ao vulgarizar-se e dar-se a conhecer a muitos não suficientemente provados, passa a ser “Exotérico”; o Esoterismo Real jamais será divulgado “aos sete ventos”) criou muitos conceitos e opiniões evidentemente deformadas e carentes de fundamento sólido, o que, com o tempo, beneficia somente o materialismo e ceticismo histórico e produz um crescente número de pessoas destroçadas psíquica e fisicamente pelos “aficionados” das chamadas Ciências Ocultas. Por isso vamos esclarecer alguns pontos fundamentais com uma intencionalidade puramente profilática.

Uma forma é sempre mental

A forma não é a matéria quem a reflete, contem ou expressa. Se por baixo de uma folha de papel pusermos um íman e sobre ela limalhas de ferro, veremos que o simples amontoamento anárquico destas partículas toma a forma dos fusos magnéticos emitidos pelo íman. A forma dos fusos não provém da matéria, mas sim da orientação magnética e invisível que o íman produz. Assim, a forma material responde sempre a uma forma já existente nos planos subtis ou energéticos. A variedade de forma energética mais subtil que conhecemos, é a forma mental. Pois, todavia, a forma do íman foi pensada e o seu magnetismo responde a uma modalidade da Mente Cósmica, adaptada pela mente humana sob a aparência de íman. A mente humana é só uma “cristalização” da Mente Cósmica na qual está inserida a sua vontade de ser: o que os indianos chamam Manas Taijasi.

Portanto, a forma material é sempre passageira e perecedora; e vive tanto como a forma mental que a alenta.

Uma forma mental tem grande força

Dada a plasticidade dos planos subtis, uma ideia-forma tem uma grande efetividade, pois adapta-se como Ser para plasmar-se na Substância do mundo fenoménico, que é o que vulgarmente percebemos. Uma forma mental, devidamente expressa e alimentada, produz inexoravelmente mudanças na esfera do material, que sempre se deixa arrastar por ela, já que a matéria não tem nem forma nem vontade, fora da sua própria existencialidade.

Assim se encadeiam as correntes de opinião, as modas e a propaganda. São meras formas mentais dirigidas a operar sobre a matéria depois de ter exercido o seu poder sobre as mentes abúlicas dos homens massificados. O chamado em Espanha “chaquetero”, não é mais do que uma vítima dessas correntes, devidamente apoiadas na robotização das formas materiais, pré-programadas por formas mentais. As cores, os sons e músicas, as atitudes, as maneiras de viver constituem a “moral” do momento; ou seja, o “costume” que rege as massas. Na luta das formas mentais, a mais organizada e forte impõe-se, e com os restos das ideias vencidas constrói reforços para a sua própria forma.

Moda feminina, Florença. Taipei 2013. Creative Commons

 

Uma forma mental tem uma grande força, mas não é invencível

Acabamos de ver, em rasgos gerais, o poder de uma forma mental. Pode-se vencê-la?

Sim, com outra forma mental de sinal contrário e maior força, sobretudo espiritual, já que os atos e as volições expressas nos planos mais subtis têm prioridade sobre os menos subtis, que são mais lentos e frágeis, pela sua própria “vitrificação”. Uma Ideia-Forma motivada pelo espírito e bem delineada por uma mente poderosa, pode sobrepor-se às ideias-forma dos vícios e de tudo aquilo que tenha que ver com o instável mundo psicofísico. Todo o homem, toda a mulher, têm no seu seio espiritual a força necessária para plasmar e emitir formas mentais. A debilidade geral das emissões deve-se ao desconhecimento da técnica e às dúvidas que nas suas próprias Almas foram semeadas pela deficiente educação atual, que entroniza a fragilidade, a dúvida e o capricho. Mas as mentes disciplinadas pelo esforço, a vontade de ser, a carência de vícios e ideias circulares que consomem energia sem sair da sua órbita, dão interessantes oportunidades de vencer toda a forma de adversidade, transmutando-a em experiência positiva e feitos com êxito. Recordai que, em último caso, uma forma mental somente se vence com outra forma mental. A disciplina física, a higiene, as canções, os belos panoramas, os sentimentos altruístas são auxiliares sem preço na luta contra uma forma mental má. São ajudas a oração e o trabalho; o sentido heroico da generosidade em relação aos nossos semelhantes e a própria dignidade da pessoa.

Como se domina definitivamente uma forma mental

Em primeiro lugar, vencendo-a dentro de nós próprios. Quem não se domina a si mesmo jamais poderá dominar o que o rodeia. Pois, se analisarmos bem, a primeira coisa que o rodeia é constituído pelos seus próprios veículos de consciência no passional, vital e físico. Quem, submetido a circunstâncias mais ou menos normais, não pode levantar-se da cama pela manhã ainda que desejando-o firmemente, não sonhe com levantar ideologias nem ter seguidores, salvo que se tratem de idiotas. Quem se levanta dentro de si mesmo e enfrenta a adversidade ou o malefício cara a cara, é o único que pode vencer essas circunstâncias. Quem não o faz e se rodeia dos insetos invisíveis da sujidade mental, é um morto que caminha. E logo a morte física o alcança sem ter deixado no mundo uma pegada da sua passagem.

Logrado este primeiro passo, o seguinte é pô-lo em prática de uma maneira sistemática, sem claudicações nem interrupções. Sabemos que muitos estudantes odeiam visceralmente toda a forma de disciplina, mas esta rejeição foi provocada artificialmente pelos interesses obscuros cujos “testas-de-ferro” são os materialistas de qualquer sinal ou os pseudo espiritualistas de exóticas anarquias, presos pela sua própria campânula magnético-biológica que os bestializa.

Fundamental não “dormir com os louros”, pois a forma mental nefasta pode ter sido afastada mas não transmutada. Se pensamos na plasticidade das formas mentais quando estão no seu plano, veremos que difícil é estar seguro de que as deixamos para trás. Essa segurança irá ser dada pelas mudanças que ocorrem na vida da pessoa que fez o esforço. Se física, vital, psíquica e mentalmente é mais limpo e puro, é porque triunfou. Se isso não ocorre, se se substituíram com drogas e obsessões fanáticas a velha forma mental negativa… ela sobrevive, mas com aparência distinta.

Um ambiente puro, companhias sãs, meios de vida retos. Evitar os “santões” que dão “iniciações” num curso de verão, é a mais sã prevenção. Trabalhar e estudar ativamente. Não dar ao sexo mais importância do que a que tem como elemento para reproduzir os corpos biológicos. Cultivar o Amor, a generosidade, as artes, letras e ciências. Evitar excessos na comida, na bebida e no tabaco. Manter todos os dias ao acabar a jornada uma breve mas fecunda análise de consciência. Crer não por costume, mas por convencimento interior em Deus e na imortalidade da Alma. Amar lealmente a pátria e os seus amigos. Afastar o mal venha de onde vier. Preferir sempre as músicas e ambientes espirituais às desenfreadas orgias. Tudo isso forma um dispositivo seguro vital que nos salvaguarda de cair nas redes das formas mentais que nos são alheias.

 

O Partenon no Parque Centenário de Nashville, reconstrução do Partenon grego. Domínio Público

Quem vive da forma acima referida, transmuta-se lenta mas inexoravelmente. Vive por sua vez um Tempo Novo, pletórico de felicidade, rico em matizes, carregado de possibilidades de triunfo em todos os planos. O nosso conceito de «Acrópole» ou «Cidade Alta» não é outro senão o de formar uma sociedade melhor com indivíduos melhores. A eles não lhes afetam as formas mentais passageiras e não se deixam levar por catastrofismos. Sabem que a Vontade, cavalgando formas mentais novas, jovens e poderosas, vence tudo. De certo modo nem a morte existe para estes seres que se imbricaram na Vida-Una, a que não cessa jamais; que se renova, mas não se detém nunca, com a mesma marcha da Natureza.

 

Um Novo Relógio marca para eles somente horas felizes; eles marcham com o Tempo Novo.

 

Jorge Ángel Livraga

Extraído do livro Artigos Jornalísticos

 

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