O corpo humano sempre foi utilizado como um símbolo e talvez o mais universal de todos. Foi modelo da edificação de templos, como as catedrais medievais, templos egípcios, os stupas da Índia entre tantos outros povos. Tal como o corpo do homem é o reflexo e albergue perfeito da alma humana, seguindo as mesmas leis e proporções o templo era o receptáculo da alma do mundo, Deus. Também muitos eram os rituais e cerimónias que invocavam ou reproduziam as funções e órgãos do corpo humano.
O ser humano é um microcosmos, posicionado entre a Terra e o Céu, composto de corpo, alma e espírito, partilhando destes três reinos, ele é a “imagem de Deus”. Assim como toda a natureza é cristalização de Deus ou expressão dos arquétipos divinos, o corpo humano é a expressão da natureza espiritual do homem. Os seus órgãos e funções são a imagem das ideias (arquétipos) que constituem a natureza humana e o seu caminho consciencial na Vida. Razão pela qual a antiga medicina de raiz iniciática buscava na dimensão metafísica as causas da doença que se reflectiam no corpo e o tratamento como meio de levar o doente à harmonia com o mundo, ideia esta que se encontra contida na própria etimologia da palavra terapia e que significa “tornar a colocar em harmonia”.
Estabelecendo-se assim uma série de analogias entre as diferentes partes do corpo e órgãos, como por exemplo com os signos do zodíaco, que encontramos na astrologia medieval e renascentista, assim como numa relação com os deuses, que podemos encontrar no Egipto e na América , conformando uma ligação entre as formas e funções expressas na harmonia do corpo humano e os arquétipos ou modelos demiúrgicos da construção de todo o universo.
O universo foi comparado a um homem e o homem a um universo em miniatura. Ao universo maior se chamou macrocosmos, o grande corpo universal, e ao corpo do homem, ou universo humano, em miniatura, foi denominado de microcosmos. Assim, a chave para as analogias entre os órgãos e funções do corpo humano (microcosmos) e do universo (macrocosmos) estava na relação que existe entre o homem e Deus. Estas instruções transmitidas nas escolas de mistérios levavam o neófito à vivência do “conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”.
Esse microcosmos é um reflexo do macrocosmos, pois no Universo, o “grande” e o “pequeno”, têm a relatividade da comparação, mas sempre são regidos pelas mesmas leis. Nesse sentido: os sistemas solares seriam semelhantes aos nossos átomos; um conjunto de sistemas solares (agrupamentos estelares) equivaliam às moléculas; uma galáxia o equivalente a uma célula; um ninho de galáxias seria no corpo semelhante a um órgão; e o universo, unidade de todas as partes, como o corpo humano com todos os seus órgãos, células, moléculas e átomos.
Também se fala do nosso corpo humano como uma árvore, como a grande árvore cósmica, a árvore invertida, que tem as suas raízes no céu e se expande para baixo, como o sistema nervoso que se nutre da sua parte superior, o cérebro e se expande por todo o corpo até abaixo.
Os alquimistas, tanto ocidentais como de forma muito especial os chineses, falam do corpo humano como o grande atanor, o lugar da grande transmutação. Esse forno é aquecido pelo fogo serpentino, kundalini, que desde a base ascende através da “chaminé” da coluna vertebral e alcança a cabeça onde se dá a transformação final.
O corpo humano possui cinco extremidades distintas: duas pernas, dois braços e uma cabeça, a qual governa as outras quatro, é a unidade (1 cabeça) que governa a manifestação dual no mundo (2 braços e 2 pernas). Deste modo, o número 5 e o pentagrama foram utilizados como símbolos do homem. Inscritos na pirâmide, as quatro esquinas simbolizam os braços e as pernas e o vértice a cabeça. As mãos e os pés relacionam-se com os quatro elementos, os dois pés são a Terra e a Água e as duas mãos o Ar e o Fogo. O cérebro simboliza o quinto elemento, o éter, que controla e unifica os outros quatro.
As 3 dimensões
Do mesmo modo que sempre se falou das três dimensões do mundo: o céu, a terra e o mundo inferior ou inferno. Do mesmo modo dividimos o corpo em três partes:
- Céu, o crânio
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Terra, a coluna vertebral
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Mundo inferior, órgãos reprodutores e pernas
O céu, ou o mundo habitado pelos deuses, corresponde com o crânio, contendo o cérebro com as suas 12 cavidades em volta do terceiro ventrículo que se encontra precisamente a meio do cérebro e que foi relacionado com os 12 signos do zodíaco em torno do Sol.
Na cara encontramos também um reflexo da trindade em relação com os orifícios: Os olhos que representam o poder espiritual; os orifícios nasais que representam o poder de preservação e vivificador; e a boca e orelhas o poder demiurgo do mundo inferior. Por vezes a divindade também é representada por: um olho, significando a consciência divina; uma orelha, a escuta ou “interesse” divino; um nariz, a vitalidade divina; ou uma boca, a ordem divina.
De seguida encontramos o nosso mundo intermediário: a coluna vertebral, a qual é denominada no conhecimento tradicional (especialmente no Oriente) de “caule do lótus”, em que a flor de lótus seria a cabeça, o desabrochar de todo o potencial. No interior da coluna, a medula, encontramos o “rio sagrado” que vivifica todo o mundo e o corpo.
O mundo inferior seria a parte inferior do corpo, principalmente o aparelho reprodutor e as pernas, o nosso enraizamento na terra, que nos mantém apoiados, em contacto com a terra, e perpetuando a vida física.
Vamos falar um pouco mais detalhadamente de cada um destes “mundos”, começando pelo céu no nosso corpo, o cérebro.
O cérebro encontra-se dividido em dois hemisférios, as duas polaridades da vida: racional e intuitivo, masculino e feminino, yin e yang, rajas e tamas, Cain e Abel, etc. São o confronto entre estes elementos, a dinâmica da polarização para chegar à harmonização. Simbólicamente refere-se que o hemisfério direito encontra-se regido por Mercúrio, a sabedoria, e através dele se domina o lado esquerdo do corpo, e o hemisfério esquerdo sendo regido por Marte, a força, a potência, e que domina a parte direita do nosso corpo.
Assim como se diz que no céu existe uma estrela ou constelação, a luz visível do arquétipo que rege uma potência da vida universal, assim, no nosso céu-cérebro existe um centro que rege cada órgão e função do nosso corpo.
Para a ciência esotérica existem outros elementos importantes no cérebro que são a hipófise ou glândula pituitária e a glândula pineal e que constituem mais uma dualidade como a que vimos relativamente aos dois hemisférios cerebrais. Estas glândulas, pelo menos no que se conhece, não têm funcionamento ou o têm de modo muito restrito. No entanto sabemos que sendo a natureza a maior e melhor economista esta não preservaria estruturas que não têm ou virão a ter uma função. Então se estas glândulas se mantêm é porque estão em funcionamento, mesmo que não tenhamos conseguido determinar bem a sua função, ou então como no caso da glândula pineal, que se encontrando calcificada servirá futuramente, como dizem os ensinamentos esotéricos.
A glândula pituitária, encontra-se relacionada com a polaridade negativa, passiva, e coordena o funcionamento de todo o nosso sistema glandular e as demais glândulas. É a que rege a expressão da energia física, dependendo dela o peso, o tamanho e a expressão do nosso corpo.
A glândula pineal é a chamada no esoterismo de “terceiro olho”, “o olho que tudo vê”. Dizem-nos que apesar de actualmente estar sem funcionamento, terá estado em tempos remotos relacionada com um órgão que facultava ao homem uma certa visão interior das coisas, de clarividência, e que à medida que se foram materializando e aperfeiçoando os nossos sentidos, nomeadamente a visão física que possuímos, levando-nos cada vez mais até ao mundo sensível, esse olho clarividente foi-se interiorizando convertendo-se na glândula pineal. Não pode deixar de nos espantar o facto de ocorrer uma degeneração rara em crianças que nascem apenas com um olho central denominado de ciclopismo. Que informação bloqueada existe no nosso histórico ADN para que por vezes se possa manifestar? As mesmas tradições esotéricas referem que a humanidade voltará a despertar este órgão e com ele uma visão mais profunda, uma maior compreensão.
Ainda referente ao cérebro podemos encontrar uma relação com o que as tradições descrevem como “os três Reis que estão sentados junto ao Trono”. O “Trono” é o terceiro ventrículo que se encontra no meio do cérebro e que permite que toda a vida do cérebro se ponha em contacto com a coluna e todo a vida corporal. Os Três Reis sentados em torno do Trono são a glândula pineal, a glândula pituitária e o tálamo óptico, sendo este último o responsável pela visão tridimensional e é o centro de organização cerebral, recebendo e organizando toda a informação vinda da periferia e dirigidoa-a posteriormente ao centros superiores, nomeadamente ao córtex.
Também é interessante verificarmos a relação anatómica entre este conjunto de estruturas (terceiro ventrículo, pineal, pituitária e tálamo óptico) e o Odjad ou olho da visão interior do Egipto.
Fala-se também da curiosidade de alguns dos ossos da nossa cabeça, como os esfenoides, osso que torna possível a configuração do crânio humano tal como ele é, com as suas asas abertas, recolhendo debaixo a glândula pituitária e entrando em contacto em cima com osso frontal localizado na nossa fronte, por cima do nariz, onde em muitas figuras antigas, como no caso evidente das figuras de Buda com uma joia incrustada ou nos 3 traços horizontais dos yoguis, assinalam o que de espiritual o homem possui, é a “Joia do homem”.
Esta relação entre o esfenoide, a meio, a pineal sustida na sua base e em cima o osso frontal ou “Joia” recorda-nos a representação de Kepher, o escaravelho sagrado egípcio.
Também a calota craniana, vista de cima, assemelha-se com a carapaça do escaravelho. O nome Kepher provém do verbo kheter que significa “vir à existência”, relacionado com o sol que renasce de si mesmo, também, segundo o conhecimento esotérico, é por aqui que a alma encarna e saía do corpo na morte, era símbolo da vida que se renova eternamente a partir de si mesma.
A calota craniana, de forma oval, é construída geometricamente a partir de dois círculos, cujos centros correspondem à glândula pineal e à pituitária.
Enquanto que o cérebro é o centro do mundo divino, o plexo solar é o centro do mundo humano, a semiconsciência, que une a inconsciência de baixo com a consciência de cima. O pensamento do ser humano não se dá apenas a nível do cérebro, mas um certo nível de pensamento é produzido pelos nervos do plexo solar. O plexo solar é um cérebro invertido, no cérebro a massa cinzenta encontra-se no exterior e a branca no interior, no plexo solar é ao contrário. A massa cinzenta é constituída por células nervosas que permitem pensar e a massa branca por fibras nervosas, prolongamento das células, que permite sentir tudo o que se passa no organismo, em todas as células.
Cérebro -> Individualização -> masculino, emissivo
Plexo Solar -> Ligação com o mundo -> feminino, receptivo
Se considerarmos o homem como uma árvore, diremos que o cérebro, tal como as flores, as folhas e os frutos, são o resultado visível do desenvolvimento da árvore, mas o plexo solar são as raízes que estão na sua base, ligam-nos à terra e se as cortarmos toda a árvore morre.
Coluna Vertebral
Passando-se agora à coluna vertebral teremos que falar de um outro veículo do homem que interpenetra e vitaliza o físico e que é o veículo energético. Desse veículo encontramos três energias que correm ao longo da coluna vertebral: uma pelo centro e de movimento rectilinio e duas laterais que se entrecruzam entre si formando uma figura semelhante ao Caduceu de Mercúrio, com as duas asas no topo representando os dois lobos cerebrais, também com simbolismo semelhante o tirso de Dionísio, ou Quetzalcoatl, a serpente emplumada, na América Central e do Sul, assim como o bambu de 7 nós no oriente e tantas outras representações.
As duas energias laterais, que se entrecruzam, têm polaridades distintas e complementares, uma é negativa e outra positiva, passiva e outra activa, denominadas no Oriente Ida e Pingala, a serpente negra e a serpente branca, enquanto que a energia central, Kundalini, que corre pelo canal central Sushuma, é directa, rápida e potente como o fogo, é o Fogo Mágico, como já vimos anteriormente, que desperta na base da coluna até chegar à parte superior, à cabeça, e desperta a espiritualidade no Homem, mas como o próprio símbolo da serpente, mortalmente venenosa se não se está preparado, purificado, é como querer fazer passar a corrente eléctrica por um cabo de metal cheio de impurezas no seu interior, o fará rebentar, e no individuo pode criar-lhe enormes danos neurológicos e musculares.
Esta energia encontra-se em relação com os nervos, gânglios e plexos, enquanto que energética e etéricamente estão relacionadas com as chamadas 7 flores, rodas ou chakras.
Algo importante, e que devemos referir, é a relação que se estabelece da coluna vertebral com uma escada espiralada de 33 degraus que une a parte superior do homem com a parte inferior, que une o cérebro com sistema reprodutor, é o caminho de purificação e virtude das velhas Escolas Iniciáticas e que levava à sublimação do poder criador na matéria ao poder criador espiritual, libertar o poder encerrado na matéria e ascende-lo até aos seus cumes mais elevados, aos centros divinos do cérebro.
O número de vertebras de cada divisão da coluna segue uma ordem numérica simbólica importante: 7 vértebras cervicais, em relação com os 7 Raios Divinos; 12 vértebras dorsais, em relação com as 12 etapas, ou signos zodiacais; 5 vértebras lombares em relação com o número do ser humano ou pentagrama; e abaixo as vértebras sacras e do cóccix que constituem a cabeça da serpente cujo corpo seria a restante coluna.
Dediquemos um pouco de atenção a uma curiosa imagem egípcia onde mostra a árvore simbolizando o sistema nervoso e a serpente a energia serpentina da coluna vertebral e o gato Mau, símbolo da luz solar, corta a cabeça da serpente.
A cabeça da serpente é o sacro e cortar o sacro significa o sacrifício, o trabalho que se deve realizar sobre a zona sacra, a inversão do triângulo do chakra básico para que a energia possa ascender e a serpente se inverta transmutando o poder criador na matéria no poder criador espiritual representado pela serpente Uraeus na fronte dos faraós, por vezes dupla, representando as duas energias Ida e Pingala.
No topo da coluna vertebral, a primeira vértebra, denominada Atlas, sustem o crânio, como na mitologia grega Atlas suporta o mundo. A rigidez nas ideias é uma das principais causas da rigidez na nuca. É na coluna que muitos dos bloqueios, medos e recusas de viver a vida na sua plenitude se somatizam. Na coluna vertebral residem a firmeza, verticalidade, dinâmica e flexibilidade, virtudes que devem conduzir o homem ao mais elevado de si mesmo.
A vértebra Atlas, na verdade bem distinta das características das outras vértebras é um eixo ou anel, neste caso na parte superior da coluna, que faz par com o eixo inferior, o osso pélvico. Um constituindo o eixo superior e o outro o eixo inferior da coluna.
Se das consideradas 33 vértebras da coluna vertebral retirarmos a Atlas, distinta das restantes, e as coccígeas que são variáveis de indivíduo para indivíduo, temos 28 vértebras ou 4 septenários (4×7), estando cada um deles inserido nos círculos que conformam as curvaturas da coluna vertebral.
Esta divisão não é arbitrária, pois corresponde às quatro zonas de irradiação nervosa da coluna para o corpo (pode-se observar a relação da cor dos círculos com a cor das zonas corporais).
Sangue
Vamos falar agora um pouco desse fluido vital e fundamental que é o sangue. Este sangue é para o esoterismo o que diferencia verdadeiramente as plantas dos animais, é o que se pode falar de uma “consciencialização”, de uma “individualização”, mesmo que mínima como no caso dos animais. O sangue é como o mar e os rios do nosso corpo.
Sabe-se que a água do mar pode ser utilizada para transfusões e que inclusive as realizadas com água do mar (Plasma de Quinton) levam a uma recuperação muito superior das intervenções cirúrgicas do que as transfusões sanguíneas, assim como podem ajudar crianças com problemas sérios de desenvolvimento, para além de muitos benefícios terapêuticos que advém da ingestão de água do mar isotónica (ou seja, com o teor de salinidade apropriado para a espécie).
O sangue é individual em cada um de nós. Quando se cristaliza forma figuras geométricas que são distintas em cada um de nós, como a nossa impressão digital é algo que caracteriza a nossa individualidade.
Os antigos conhecimentos referiam-se ao sangue como tendo a propriedade de guardar, como uma pelicula impressionável, toda a história da alma. Afirmava-se que o sangue tinha como duas memórias ou propriedades: uma que seria a ancestral, a capacidade de registar a “história” do nosso grupo humano, da nossa família; e outra que estaria relacionada com os elementos que no chegam do exterior, as nossas vivências individuais e que constituem a nossa experiência.
Coração
O conhecimento esotérico refere que embora todas as partes e membros do corpo estejam resumidos no cérebro, tudo que está no cérebro está resumido no coração. Nesse sentido, os Mistérios reconheciam no coração o centro da consciência espiritual. É o elo de ligação entre o Eu superior e o eu inferior participando num e noutro.
O coração é uma unidade tríplice, tal como os antigos conhecimentos se referiam ao coração do sistema solar ou Triplo Logos (Vontade, Amor e Inteligência): um coração físico, um coração sensível e um coração espiritual.
No Egipto falava-se de dois corações: Ib e Hatty, o primeiro era a consciência e o segundo o coração físico, também em relação com as emoções. O coração era representado como um vaso, semelhante ao Graal, que contém o sangue de Cristo, símbolo da alma (“anima”) que anima o ser e todo o corpo. O coração é o primeiro órgão a formar-se e o último a morrer, é o sempre presente.
Como refere a Prof.ª Délia Steineber Guzmán: “Quando no final da vida, frente ao Tribunal de Osíris se “pesava o coração do defunto”, não se mediam somente os seus sentimentos, mas também os seus pensamentos e as suas acções, a sua condição moral e os seus veículos espirituais. Todos os aspectos da vida ficavam reflectidos no espelho do coração.”
Mais à frente refere: “Para os egipcios, o coração era o “primeiro cérebro”, o Centro, a confluência do divino e do terrestre, o domicilio das virtudes, e entre elas a principal, a Justiça, representada por uma pena: Maat, a ordem da vida humana no Universo.”
O coração é estruturado de modo septenário, tal como 7 são os princípios do Homem: As 4 cavidades (2 aurículas e 2 ventrículos) e 3 capas (pericárdio, miocárdio e o endocárdio).
Embriologia
Não queria deixar de dedicar algum espaço também no que concerne à embriologia, à evolução ou desenvolvimento do feto que ao longo dos 9 meses vai repetindo paulatinamente os esquemas de evolução do universo e as cadeias evolutivas pelos quais fomos transitando segundo os conhecimentos esotéricos: primeiro assemelhando-se a um mineral, seguidamente vegetal, depois animal e por fim humano.
Segundo diferentes filosofias esotéricas o ser humano não é apenas composto de um corpo físico mas de 7 veículos ou corpos, a saber: o físico, ou melhor dito, étero-físico, que para além da matéria possui forças eletromagnéticas que lhe dão a forma; um veículo energético, que permite a vitalidade, o movimento; um veículo emocional ou astral, que constitui as nossas emoções, o nosso modo de sentir; de seguida temos a mente analítica, concreta. Estes quatro veículos relacionam-se com os 4 reinos da natureza em nós: mineral que é o nosso corpo sólido; um vegetal que é a nossa vitalidade; um animal que são as nossas emoções; um aspecto racional que é a nossa mente analítica. Para além destes existem três veículos superiores: uma mente pura, desligada das exigências da personalidade; uma intuição, capaz de captar a essência das coisas sem as pensar; e uma vontade como cume, uma força, a essência do Sêr.
Para a anatomia esotérica estes veículos vão-se formando ou consolidando paulatinamente, correspondendo a cada um deles 4 semanas (1 mês lunar), estando o feto formado e viável ao fim das 28 semanas (7 x 4) e nascendo, de um modo geral, às 40 semanas (10 X 4).
Estes 7 veículos encontram-se também em relação com os sistemas corporais e órgãos. O veículo superior, a Vontade, encontra-se associada ao sistema neuronal ou sistema nervoso, o mais complexo e sensível de todos, como um poder que coordena e ordena todo o corpo. Em seguida surge-nos a Intuição, associada ao sistema respiratório, subtil como o ar e que invisivelmente tudo interpenetra. Depois temos a mente pura em associação com o aparelho digestivo, a capacidade de assimilação. Abaixo temos a mente concreta ou analítica relacionada com o aparelho circulatório, veículo de uma troca constante entre o oxigénio e nutrientes e os produtos residuais dentro do nosso corpo. “Descendo” ao longo dos veículos chegamos ao mundo das emoções relacionado com o sistema glandular, em especial o fígado, quantas vezes perturbado pelas nossas iras, como diz a expressão popular “com os maus fígados” ou devido às emoções contidas. A seguir vêm o veículo vital ou energético relacionado com o sistema renal, como refere a medicina chinesa, a sede da energia. Por último chegamos ao corpo físico representado pelo sistema reprodutor.
Estes elementos que procuramos expor nestas breves linhas têm um simples objectivo: levar-nos a olhar o mundo e o pequeno universo que é o nosso corpo humano com outros olhos, com uma transcendência, um olhar profundo e vertical sobre o sentido das coisas, um sentido de ligação entre todas as formas da criação e encontrando nelas o impulso espiritual oculto atrás das formas. Como no Homem de Vitrúvio de Leonardo, que possamos transcender a mecânica do Homem-matéria que toca o quadrado da Terra para nos abrir-mos à transcendência e tocar o circulo que a envolve.