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Vénus

Jakob Böhme: o Príncipe dos Obscuros

Françoise Terseur 0 287

A Teosofia alemã dos séculos XVI e XVII está impregnada de naturalismo e de um panteísmo híbrido, alicerçado numa mistura de misticismo e teologia, utilizando três fontes de inspiração: Deus, o Homem e a Natureza.
A Teosofia de Jakob Böhme surgiu da conjunção entre o hermetismo, representado por Paracelso, e o misticismo alemão, que juntos prefiguraram o sistema de Baader. Podem também ser traçadas algumas analogias entre a Cabala judaico-cristã, frequentemente associada à Teosofia, e a sua cosmogonia mística. Os escritos de Böhme contêm muitas semelhanças com as teorias filosóficas da Alemanha do século XIX, sendo ele considerado um precursor de Espinosa e Schelling. A sua influência foi significativa no pensamento alemão, particularmente em Franz von Baader. Böhme exerceu um verdadeiro fascínio sobre Hegel e toda a geração romântica, tendo a sua influência também chegado ao campo religioso, tanto na Holanda como na Alemanha, através do pietismo.

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Gilgamesh e a Roda dos Astros

Laura Winckler 0 299

Sumérios, babilónios, hurritas e hititas conheciam esse mito, e podemos estimar que a poesia épica grega antiga o tomou como modelo, uma vez que o personagem de Héracles é semelhante a Gilgamesh em vários aspetos. As suas marcas sobreviverão até à Idade Média europeia, onde o encontraremos sob a forma de São Jorge e do dragão, o que lembra uma das obras do herói sumério.
A versão suméria parece hoje ser mais pobre que a versão babilónica, devido à perda das tábuas mais antigas. Restam apenas 35.000 versos do épico sumério. A seguir apresentaremos a versão de Kramer, tentando encontrar as correspondências astrológicas do relato.
Na verdade, o mito de Gilgamesh é um mito solar; razão pela qual, poderá em determinado momento, vencer os escorpiões, símbolos da consumação da vida, que deverão ceder-lhe o lugar. Igualmente, o seu caráter é confirmado por sua oposição à deusa lunar Inana. A passagem pelos doze signos do Zodíaco, refletem-se nos trabalhos de Gilgamesh e, na realidade, em toda a sua existência. Isto confirma o parentesco entre o mito de Gilgamesh e o de Hércules.

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Ibn Arabí e os Caminhos do Amor

José Carlos Fernández 0 543

Todos os místicos de todas as eras ensinaram que existem tantos caminhos quanto caminhantes. Mas, como na lenda do Graal, só alguns são escolhidos para viver esta aventura espiritual que une as experiências de um modo tão misterioso, «elétrico» e definitivo.
Nos textos tibetanos – os livros de Dzyan -, fala-se destas sendas como as Sendas da Felicidade, sete em número. Para cada alma, a estrela ou Deus interior estende um raio de luz que é projetado sobre a terra em que essa alma está de pé: esta é a senda. Mas assim como a lua traça infinitos rastros de prata sobre o mar, tantos como os olhos que observam, para cada buscador a senda é uma: desce como um raio de luz e é projetada no karma de cada um, dando-lhe um significado, uma teleologia; estruturando-o sob a forma de uma escada interna; pois «UM SÓ SER NÃO PODE AMAR MAIS QUE UM E ÚNICO PRINCÍPIO».

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Um Ensinamento Mistérico no Salmo 110

José Carlos Fernández 0 1208

Um dos momentos musicais mais sublimes da Oratória de Natal de Saint-Säens é quando no oitavo movimento, a voz do tenor se ergue sobre as ondulações musicais e cintilações de prata do órgão e harpa, pronunciando “Tecum Principio”. Ainda desconhecendo o significado destas palavras sentimos que a alma estremece diante delas, e mais quando uma voz feminina (soprano) responde, repetindo o mesmo tema que se entrelaça com a primeira, e com uma terceira de um barítono.

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