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Transformação

A Alegria, a Dor e a Graça, de Leonardo Coimbra

Débora Ferrage 0 259

Leonardo Coimbra foi um filósofo português do início do século XX com ideias que, creio eu, merecem ser conhecidas de todos nós, e que tornam inevitável a rendição ao que pensa. A propósito de uma oportunidade de contactar, pela primeira vez, com a filosofia preconizada por Leonardo Coimbra, surge este texto como resposta à reflexão que foi espoletada pela sua obra A Alegria, a Dor e a Graça cuja leitura foi realizada sempre com um lápis na mão, pronto fazer anotações e comentários a cada linha, tornando a partilha deste contacto, imperiosa.

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A Velhice, a Doença e a Morte

Carlos Adelantado 0 584

Por volta do ano 563 a.C., segundo os escritos de Asoka, as crónicas chinesas e as crónicas cingalesas (Dipavamsa e Mahavamsa), nasceu no norte da Índia, no pequeno reino dos Sakya, um príncipe a quem chamaram Siddhartha Gautama. Um dia saiu do seu palácio com a intenção de ver o seu povo, e viu-o contente e feliz. Mas, de repente, encontrou sucessivamente a velhice, a doença e a morte. A Teoria do Impacto, que provoca uma ativação da consciência, fez-se realidade para o Príncipe Siddhartha, que a partir desse momento decidiu recluir-se no seu palácio. Percorreu a grande velocidade a primeira etapa do Despertar, pela qual mais cedo ou mais tarde todos os humanos temos de passar. Sentiu curiosidade em ver os velhos, os doentes e a morte, e aproximou-se para conversar com os seres humanos, vítimas do sofrimento, através de Channa, o seu cocheiro. Esta aproximação, provocada pela atração, permitiu-lhe entrar em contacto com a dor que os seres padecem, e o foi tanto o seu interesse que se propôs dedicar a sua vida a encontrar o remédio para aliviar essa dor. Decidiu seguir o dharma da casta a que pertencia, uma vez que a palavra «Kshatriya» significa «aquele que alivia a dor dos outros».

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A Busca Espiritual e as suas Falsas Portas

José Ramos 1 1431

Atualmente, vivenciamos uma busca espiritual, desvinculada de aspetos religiosos, mas orientada para o contato com diversas disciplinas e técnicas focadas no desenvolvimento pessoal, exemplificado pela abundância de livros que exploram o poder do pensamento para alcançar sucesso profissional, conquistar relacionamentos desejados, ganhar a lotaria e satisfazer uma infinidade de desejos. É fácil iludir-nos, acreditando que estamos evoluindo espiritualmente, quando na verdade estamos utilizando apenas técnicas recolhidas de sistemas espirituais que se colocam ao serviço do fortalecimento do nosso ego. A busca espiritual atual tende a concentrar-se no bem-estar e na busca pela serenidade, enquanto o verdadeiro caminho espiritual envolve renúncia, esforço e lutas internas, sendo tudo, menos um caminho de comodidade.

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O Anjo Negro da Melancolia. Parte I

Françoise Terseur 1 679

Vivemos tempos de incerteza e de vazio, tempos difíceis que anunciam profundas mudanças para os próximos séculos. Todos os dias nos cruzamos com esta sensação de insegurança e de mal estar, ainda mais acentuado com o difícil confinamento causado pela pandemia do coronavírus. A tomada de consciência da nossa vulnerável existência obriga-nos a parar o ritmo frenético das nossas fugas para a frente, sempre à espera da tão desejada felicidade temporal, ilusão reinventada pelo materialismo secular responsável pela alienação global do ter em desfavor do ser. Curiosamente, é nestes períodos de crise que volta a aparecer a sombria melancolia, companheira do taciturno planeta Saturno que, na astrologia tradicional, caracteriza o tempo que tudo desgasta. A visita cíclica nas nossas vidas deste gigante planetário, de movimento lento, aureolado de nebulosos anéis, convoca a tempos de reflexão e pausas para a realização das mudanças necessárias para a renovação estrutural do devir humano. A trajetória da vida não é linear, pelo contrário, tem avanços e recuos, momentos altos e baixos, em que a obscuridade e a luz auxiliam no movimento pendular do relógio cósmico. Na luta dos opostos, na fricção constante dos átomos que produzem todos os fenómenos, intercalam-se a vida e a morte, o bem e o mal, o prazer e a dor, a alegria e a tristeza, estados transitórios que, progressivamente, conduzem ao derradeiro ponto sem retorno do equilíbrio, embrião eterno e indestrutivo onde tudo converge.

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Meditações sobre a Sabedoria

Henrique Cachetas 2 1655

É filósofo o que ama a sabedoria, o que leva a sua vida em torno desse amor. Amor, neste sentido, não é só o que nos faz querer algo para nós mesmos, algo que nos falta, algo que nos pode completar. É, além disso, o que nos faz encontrar o melhor de nós mesmos para o oferecer e o colocar ao serviço. Filósofo não é só o que procura a sabedoria, mas o que se predispõe a dar o melhor de si ao serviço da sabedoria. Amar a sabedoria é servi-la, é colocar todas as nossas melhores faculdades em ação, pois são os filósofos os agentes da sabedoria. Imagem: Símbolo, Nicholas Roerich (1915). Domínio Público

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