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Nilakantha Sri Ram

Miguel Torga e o Veneno de Sartre

José Carlos Fernández 1 321

Ao ler o V Diário de Miguel Torga (1907-1995) constatamos que este poeta transmontano estudava, em 1949, como milhares de jovens na Europa, os livros de Jean Paul Sartre. Estes milhares, então, à medida que iam passando os anos, converter-se-iam em milhões, e o efeito tangível da filosofia deste autor existencialista haveria de se notar, nos ventos de destruição, caos, angústia e dissolução que provocaram, inclusive, no que um escritor francês chamou: a encarnação do desastre cultural francês do pós-guerra. E sendo a França o coração da Europa, essa arritmia, gangrena ou náusea, a escuridão do puro nada ou morte moral, estenderam-se por todos os membros, chegando também, está claro, a Espanha e a Portugal, nosso país irmão.

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Pinceladas de Estética na obra de Wagner: Os Mestres de Nuremberga (I)

Numa das cenas mais engraçadas deste drama musical de Wagner, Beckmesser, um dos mestres cantores que aspira ao prémio humano do concurso, a jovem e bela Eva, começa na sua canção a alterar e dizer incoerências, uma sequência de estupidezes, um ato de loucura. E é lógico que assim seja, porque ele está possuído pela paixão de conseguir a mão de Eva a qualquer preço, ele roubou a letra da dita canção na casa de Hans Sachs (o poeta, sapateiro e protagonista desta ópera), ele não a sabe bem de memória, não entende o sublime das suas imagens, porque a sua mente é estreita, o seu temperamento não é artístico, e o seu caráter é vil e egoísta, ganancioso e mesquinho… e não tem o menor direito moral de aspirar sequer ao prémio, que é o futuro, a felicidade e o dote de Eva. No final, todas as pessoas riem e zombam dele, porque o que fez, embora temporário, não passou de um ato de loucura.

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