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Música

Às Portas de Uma Nova Idade Média

Jorge Angel Livraga 0 289

Antes de mais, devo dizer-vos que a Idade Média é algo completamente natural. Todas as coisas são pautadas por um sistema de ritmo. Há Verões, há Invernos, há dias e há noites. Há momentos felizes e há momentos infelizes. Todas as coisas continuam como elos de uma corrente, umas com as outras. As montanhas com os vales, os vales com as montanhas. Assim, ao longo do passado humano, encontramos muitas vezes idades médias.
Que significado se dá a uma Idade Média? É algo que está entre uma coisa e outra, que está na metade; uma espécie de “mergulho” ou depressão no que consideraríamos um nível civilizacional; chamamos a isso Idade Média. Como já mencionámos várias vezes, a China, por exemplo, que é milenar e não sabemos exatamente quando começou a sua civilização, pois em épocas longínquas já a encontramos trabalhando os metais, fazendo filosofia, tendo religião, tratados de arte militar, etc., sofreu várias idades médias.

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A Função Mágica dos Rituais e Cerimónias

Julian Scott 0 572

De um ponto de vista esotérico, um ritual depende da existência da dimensão invisível. Esta dimensão invisível é constituída por um aspeto espiritual-mental, que é o domínio dos arquétipos ou seres vivos de ideias de que falam os platonistas; e por um aspeto astral, que é um mundo intermédio entre o espírito e a matéria, tal como a imaginação é a ligação entre o mundo das ideias e o mundo físico. Nesta visão, o mundo invisível existe, o mundo material reflete. O visível é a sombra do invisível.
Um ritual ou uma cerimónia é uma reconstituição da criação do mundo, uma oportunidade para se ligar às forças criadoras das origens e, assim, recomeçar, regenerar-se e emergir renovado. Um exemplo disto é o rito do batismo, que consiste em ser imerso nas águas primordiais, sofrer o Dilúvio e ressurgir no monte primordial de uma nova criação. Uma outra forma de encarar o ritual é vê-lo como uma porta para a dimensão invisível, um meio de acesso ao sagrado. E é por isso que os rituais são necessários, porque o invisível é, pela sua própria natureza, de difícil acesso para nós, prisioneiros como somos da carne e da matéria. Por isso, precisamos de ferramentas e dispositivos especiais para nos ajudar a alcançá-lo. Essas ferramentas são os símbolos, os mitos e os rituais.

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Mary Poppins: Alimenta os Pássaros, Vive os Teus Ideais

José Carlos Fernandez 0 334

Na Disney World, na Flórida, por ocasião do primeiro centenário do nascimento de Walt Disney, foi-lhe erigida uma estátua em bronze, com o braço direito estendido e erguido, como se abrisse passo entre as brumas ou chamando e saudando todos os visitantes. Richard Sherman, um dos dois irmãos músicos que criaram muitas das canções da Disney, foi convidado para a comemoração, para interpretar a canção preferida deste mago e artista do século XX. O músico não hesitou nem um momento; segundo ele, a canção preferida de Walt Disney é a que começa com Feed the birds (Alimenta os pássaros) e que mais tarde se chamou Tuppence, abreviatura de Two Pence, dois cêntimos, o humilde pedido para dar pão aos pássaros de Mary Poppins.

Enquanto ele tocava piano e cantava esta maravilhosa oração, um pássaro desceu do céu, pairou mesmo por cima do músico e depois voltou a subir e perdeu-se no azul infinito. Na filmagem que foi feita deste acontecimento, podemos ver claramente a sombra de um pássaro a esvoaçar e depois a sair do alcance da câmara.

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Consciência Humana e Consciência Artificial

Juan Martín Carpio 0 1280

Pelo menos é curioso, senão ridículo, observar como em livros, filmes, etc., se justifica a «humanidade» de certas máquinas ou robôs pelo facto de terem sensibilidade e emoções.
Não tem muitos anos, numa famosa série, Star Trek, uma personagem curiosa era o do cientista-chefe Spock, metade humano e metade nativo do planeta Vulcano. Ao longo da série, ele luta constantemente entre a sua metade vulcana, caracterizada pela razão e a lógica, e a sua metade humana, regida pela emoção. Muitos duvidavam precisamente da sua humanidade pela sua aparência fria, por não expressar emoções.

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A Arte de Maria Bethânia

Ricardo Santos 1 750

A música trabalha com potências. Toda a música. Porém, a música erudita e, nesta, sobretudo a instrumental, quase que totalmente, porque abstrai da voz e do seu fonologocentrismo. Ainda que, no caso do canto lírico, a técnica vocal que este implica seja, desde logo, já uma das formas em que a voz se deixa diluir para além do logocentrismo. A arte do canto lírico seria a do contorno do logocentrismo, na exacta medida da formação artística que expressa. Se é exacto que o canto lírico é uma arte derivada da poética como potência da alma, esta potência joga-se ela-mesma no limiar aberto pela fonética própria a essa arte. Talvez a técnica do pianíssimo de Montserrat Caballé fosse aqui absolutamente paradigmática. É nesta medida que a música devém potente.

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Plotino e os Degraus da Virtude

Henrique Cachetas 4 1862

De acordo com a tradição deixada por Platão, as virtudes cívicas são quatro: a sabedoria, a coragem, a moderação e a justiça. Estas são as virtudes que fazem o nosso eu terreno assemelhar-se tanto quanto é possível a um reflexo do mundo inteligível. Isto é possível pois todas resultam da aplicação de uma mesma Medida, ou seja, de um sentido ético profundo da alma humana, proveniente da Inteligência, que assim consegue conduzir todos os pensamentos, emoções e ações pelo caminho medido, isto é, o caminho reto e virtuoso.

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Inteligência Estética. Um Fator de Equilíbrio.

Quando falamos de equilíbrio ou de harmonia, do que falamos? Quando falamos de estética, a que no referimos? Estética, beleza, harmonia, equilíbrio, arte. São palavras que de alguma forma estão relacionadas, unidas, guardadas uma dentro da outra como numa boneca russa (matrioshka) que guarda dentro de si outra mais pequena, e, assim, até chegar à de menor tamanho, mas a mais importante, porque cria o modelo ou molde para todas as outras. Imagem: Apolo e as nove musas. Domínio Público

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A Música em “Casablanca”

Alfredo Aguilar 0 1308

Numa manhã de sábado, enquanto eu assistia e ouvia um concerto na televisão, uma das músicas chamou a minha atenção. Tratava-se da suite “Casablanca” de Max Steiner, que fazia parte de um programa de temas norte-americanos, ou sobre a América do Norte, como a “Rapsódia Azul” de Gershwin ou o Quarto Movimento da “Sinfonia do Novo Mundo”, de Dvorak, entre outros. Esta suite chamou a minha atenção porque é, em essência, a música que identifica aquele filme, englobando os diferentes momentos pelos quais passa o seu enredo, desde os de maior tensão aos mais íntimos ou românticos. Como é o caso da Marselhesa, que todos já identificamos com “Casablanca”. Imagem: O músico Dooley Wilson e o ator Humphrey Bogart em “Casablanca”. Domínio Público

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As Formas de Arte e os Caminhos do Belo:
As Visões de R. Wagner e E. A. Poe

José Antunes 2 1152

Desde que o ser humano tem consciência de si mesmo, desde que deixou de caminhar olhando apenas para o chão vendo onde colocava os pés e ergueu o olhar para as nuvens ou estrelas, desde esse momento inicial, que todas as Tradições associam com a descida da consciência, a presença do Belo terá acompanhado a estrada da Vida que é a evolução humana.

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H. P. Blavatsky e a procura espiritual de Elvis Presley

José Carlos Fernández 2 2774

O que é menos conhecido é que o Rei do Rock era um autêntico apaixonado pela sabedoria antiga, motivado pela procura profunda do segredo da vida. Uma busca, infelizmente, desordenada – inclusive caótica – e sem um guia seguro para percorrer o labirinto de autores e temas que esta oferece. (…) Resta-nos, como da flor o seu perfume, a beleza que não morre de muitas das suas canções, a sua ternura e sensibilidade, a sinceridade da sua voz, de um carisma que ninguém pode negar, o impacto e transformação que gerou na sua época, que o convertem de um modo ou de outro, num dos “mitos do século XX”.

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