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Mistério

A Poética de Guerra Junqueiro

É muito difícil traduzir Guerra Junqueiro (1850-1923) e trazer para a língua espanhola, embora próxima, os seus ritmos de puro fogo. Este poeta, um verdadeiro Hércules lusitano em todos os aspetos – político, filosófico, científico, destruidor de sofismas e de todo o tipo de engendros monstruosos – foi considerado pelo seu amigo Miguel de Unamuno, o melhor poeta ibérico do seu tempo. Foi amigo e camarada de lutas políticas e literárias, das mais excelentes almas de Portugal do seu tempo: Antero de Quental, Eça Queiroz, Oliveira Martins, Camilo Castelo Branco e muitos outros; e um dos personagens mais polémicos e revolucionários da sociedade portuguesa em que viveu.
Filho de um camponês proprietário, estudante de Teologia e posteriormente licenciado em Direito, deputado nas Cortes, jornalista, embaixador na Suíça, colecionador de antiguidades e, mais tarde, poeta-lavrador e eremita na sua quinta vinícola, em Barca d’Alva, junto ao Douro, é talvez o filósofo lírico, da natureza mais insigne, das terras e das gentes lusas. A sua Velhice do Pai Eterno foi um golpe para o clericalismo católico medieval; Os Simples, um retorno à alma das pessoas singelas, com uma fé vital e uma harmonia com a natureza e os seus poderes invisíveis, agora impossíveis de alcançar em cidades sacudidas pelo materialismo, pelo ceticismo moral e pela ausência de valores. E a sua Oração à Luz é um verdadeiro hino religioso, filosófico e científico, à quintessência mãe de tudo o que vive, a presença do próprio Deus na alma e na carne e no sangue humanos, como energia solar, como vida ardente.

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Os Substitutos de Deus

Delia Steinberg Guzmán 0 216

Confesso que este tema, que à primeira vista pode parecer polémico, não o é para mim, posto que não posso fazer menos que partir da base de uma realidade de Deus, de uma existência de Deus.

Para mim, não há polémica nesta questão; em todo o caso, pode haver polémica em tratar os distintos substitutos e o valor que eles podem ter. Pode haver polémica em repassar as mudanças históricas que temos registado ao longo dos séculos, e as mudanças que nos foram impostas a nós, os seres humanos.

Mas como falar de substitutos de Deus se não admitirmos previamente esse Deus que se tentou substituir de tantas maneiras? Como não admitir uma realidade de algo “Superior” que, isso sim, é difícil de pensar e de raciocinar? Porque por mais que tentemos raciocinar, sempre termina por se resolver num mistério, numa coisa enorme, numa coisa intangível; em algo que se pode admirar ou desprezar – cada qual com a postura que queira colocar-se – mas que está.

De modo, que se nos considerarmos essa essência, essa realidade, esse “Deus” que foi substituído de mil maneiras; se partirmos desta base, daremos ao nosso tema um enfoque que irá passando pelos seguintes pontos: O que é ou quem é este Deus que se pode admitir ou que estamos a tentar substituir? Porque é que Deus é um mistério para nós, humanos? E porque é substituído, porque é mudado ou porque é negado?

Assim, pois, temos de começar por aquilo: “o quê ou quem é Deus”? Sei que em pleno século XX, ou melhor dito, no final do século XX, numa época de substituições (milhares), é muito difícil enfocar este tema. Somos impedidos de o fazer por todas as modas, pelas ideias que circulam atualmente. Falar de Deus ou tentar referir-se a Ele, para o bem ou para o mal, é piroso, ridículo, é coisa de velhos, é “conservador”, está fora de moda, etc. Há tantas coisas que se dizem a respeito, que só de tentar pronunciar esta palavra já nos trava a língua.

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Jakob Böhme: o Príncipe dos Obscuros

Françoise Terseur 0 399

A Teosofia alemã dos séculos XVI e XVII está impregnada de naturalismo e de um panteísmo híbrido, alicerçado numa mistura de misticismo e teologia, utilizando três fontes de inspiração: Deus, o Homem e a Natureza.
A Teosofia de Jakob Böhme surgiu da conjunção entre o hermetismo, representado por Paracelso, e o misticismo alemão, que juntos prefiguraram o sistema de Baader. Podem também ser traçadas algumas analogias entre a Cabala judaico-cristã, frequentemente associada à Teosofia, e a sua cosmogonia mística. Os escritos de Böhme contêm muitas semelhanças com as teorias filosóficas da Alemanha do século XIX, sendo ele considerado um precursor de Espinosa e Schelling. A sua influência foi significativa no pensamento alemão, particularmente em Franz von Baader. Böhme exerceu um verdadeiro fascínio sobre Hegel e toda a geração romântica, tendo a sua influência também chegado ao campo religioso, tanto na Holanda como na Alemanha, através do pietismo.

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Mística e Mistério

E como começar para referirmo-nos a essas ideias que, embora singelas, são tão profundas que nos escapam das mãos? O que acontece connosco, seres humanos do final do século XX, que nos é tão difícil entender o que é singelo, que nos tornamos tão cheios de complexidades e laços que nos amachucam e prejudicam? Acontece que não só o nosso século XX está a terminar, mas de alguma maneira, como muitos filósofos e pensadores começam a assinalar cada vez mais, uma forma de vida, um ciclo civilizacional, está a terminar.

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Perguntas de Natureza Filosófica e Científica

Anton Musulin 0 1144

Neste número do boletim, colocamos uma série de perguntas importantes de natureza filosófica e científica e tentamos dar algumas respostas que possam colocar ainda mais perguntas. A ideia principal é esclarecer que há muito que não sabemos sobre o Universo e destacar a necessidade de reconhecer e aceitar as limitações do nosso próprio conhecimento. Ao contrário da natureza monológica dos textos e ensinamentos dogmáticos, a filosofia e a ciência são dialógicas e sugerem a busca de respostas aceitáveis e mais verdadeiras para as perguntas difíceis.

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Meditações sobre a Sabedoria

Henrique Cachetas 2 1768

É filósofo o que ama a sabedoria, o que leva a sua vida em torno desse amor. Amor, neste sentido, não é só o que nos faz querer algo para nós mesmos, algo que nos falta, algo que nos pode completar. É, além disso, o que nos faz encontrar o melhor de nós mesmos para o oferecer e o colocar ao serviço. Filósofo não é só o que procura a sabedoria, mas o que se predispõe a dar o melhor de si ao serviço da sabedoria. Amar a sabedoria é servi-la, é colocar todas as nossas melhores faculdades em ação, pois são os filósofos os agentes da sabedoria. Imagem: Símbolo, Nicholas Roerich (1915). Domínio Público

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O Sentido Heroico da Vida

Carlos Adelantado 2 5443

O sentido heroico da vida é um tema que se pode encarar de muitas maneiras, e devem existir milhares de livros escritos sobre este assunto, sobre o herói, sobre os mitos heroicos. Há muitas formas de encarar este assunto, mas nós vamos fazê-lo desde um ponto de vista filosófico: cada um dirige os seus assuntos quotidianos com o que tem à mão. Nós o que temos é a filosofia, pelo que vamos falar deste tema tão atemporal, desde um ponto de vista filosófico. Imagem: A vitória. Estátua em Bruxelas, Bélgica. Pxfuel

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