Alice no País das Maravilhas
Este trabalho teve como base dois vetores: o primeiro foi o facto de o trabalho de Lewis Carrol ser, por si só, um corpo laboral envolto em mistério e simbologia, muito mais se o estendermos à vida do próprio autor – Charles Lutwidge Dogdson – que, por intermédio de charadas e contos nos fez descobrir uma das obras mais vendidas do mundo da fantasia e, igualmente, da literatura juvenil e adulta – Alice no País das Maravilhas. Contudo, considerar um mundo de maravilhas a vida do autor será apenas um sonho idílico, já que, por intermédio de uma análise cuidada (e um pouco freudiana, confessamos) do autor, descobrimos sonhos reprimidos, pulsões fortes, simbologias de desejos proibidos e uma grande dança entre o divino e o maligno. O segundo vetor foi a própria obra e a sua simbologia transcendental, muito pouco analisada e, por vezes, até negligenciada. Negligenciada, porque a análise freudiana e onírica do Eros e do Thanatos ocupa a maior parte das obras de análise do conto infantil e, por essa mesma razão, perdem-se outras análises, deixando apenas à vista a polémica e deixando a obra numa espécie de Maya, sala produtora de ilusões. Todavia, devo partir de um princípio empírico factual para depois o mergulhar numa análise simbólica transcendental, sem que para isso perca a lucidez. Analisarei a obra por aquilo que a obra se me apresenta, um conto baseado ora na imaginação ora na fantasia, uma obra com uma intensa ligação à realidade e uma obra que, ao contrário da maior parte das obras infantis, não tem uma moral direta, mas sim uma lição obscura, obscura não por ser negativa ou, de alguma forma, maligna, mas sim obscura por estar envolta em muitos véus. Todavia, eis que a vida de Lewis Carroll não é mais do que isso… uma vida envolta em véus.
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