Múmias do Antigo Egito. A Vida que Continua
Geralmente entende-se a mumificação como um processo pelo qual o cadáver adquire maior solidez e resistência à corrupção e desintegração. Embora o objetivo inicial pudesse ter sido esse, a realidade é que na maioria das mumificações, a sua rica composição em líquidos balsâmicos, perfumes, sais e resinas, etc., deteriorava bastante os corpos. De facto, aqueles enterrados nas areias do deserto em tempos pré-dinásticas conservavam-se melhor do que as múmias posteriores. Desde os primeiros tempos, uma constante foi o uso do natrão, um carbonato de sódio natural que tende a hidratar-se fortemente e, portanto, é capaz de extrair os líquidos dos corpos com os quais entra em contato. O hieróglifo que o representa, ḥsmen, poderia ser traduzido como “aquilo que torna firme, permanente ou estável por toda a eternidade”, que é justamente a função do natrão. Curiosamente, no papiro médico de Ebers há uma fórmula para “permanecer eternamente jovem”, na qual, além do pó de alabastro (alba-astrum, a estrela da manhã ou Vénus), mel e outras substâncias, e incluído o natrão. O natrão aparece às vezes entre as ligaduras, dentro da múmia, ou noutras cavidades naturais, etc. Isso consistiria principalmente em “mumificar”, ou seja, secar, como se faz com o peixe salgado, ou no processo de cura de certas carnes conhecidas de todos. Os demais ingredientes utilizados variaram com o tempo, mas em geral eram perfumes, óleos, gomas resinosas, etc., cuja finalidade era “embelezar”, cuidar, mostrar respeito e honrar o defunto.
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