Resgate da Pureza da Infância
Valeria a pena conhecer a versão original deste versículo, para melhor compreender o seu sentido. Ainda assim, a aventura de procurar compreendê-lo, tal como tem sido traduzido recentemente, vale por si mesma. O fascínio deste versículo encontra-se na antítese em que ele se constitui. Aparentemente, Jesus contrapõe a inocência (dos pequeninos) e a pena capital (a morte, a violência entre a violência); ou seja, para Jesus, aquele que atenta contra a inocência é réu de morte.
O que haverá de tão importante na inocência, que quem o ponha em causa deva morrer, antes que o faça? O que haverá de tão fulcral na inocência da infância, para que em outras passagens Jesus diga se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus (Jo. 3, 3) e deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas (Mt. 19, 14)? A idade da inocência termina, sensivelmente, com o início do Estádio das Operações Concretas, de Piaget (por volta dos 7 anos). Até esta idade, a criança não mente. Não sabe mentir, não vê interesse em mentir, não reconhece qualquer valor à mentira. Até esta idade, a criança conhece apenas a Verdade. Sente, pensa, vive e relaciona-se na Verdade.
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