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Idade Média

1492: O Latido da América

Jorge Ángel Livraga 0 366

Por vezes, quando se mergulha na História, parece como se houvesse um grande diretor de orquestra marcando a entrada de um instrumento ou de uma voz. Não pensamos que os acontecimentos históricos sejam casuais, mas que tudo obedece a um ritmo secreto, profundo, que existe nas coisas.
Mais do que um descobrimento da América, eu falaria de uma integração da América na imagem do mundo. Porque é muito provável que o conhecimento do continente americano já existisse muito antes da época de Colon. Mesmo os navios utilizados não eram superiores ao que puderam ser os navios romanos que levavam o trigo do Egito para Roma. Não havia uma verdadeira superioridade.
Alguém que conheça o tema, pensará que os navios antigos tinham dois timões de popa e não um. Isso não é nem uma vantagem, nem uma desvantagem; um navio pode ser governado igualmente com timões laterais ou com um timão de popa. Este aparece também em algumas gravuras de pequenos navios em Pompeia e Herculano. Entre os etruscos, vemos grandes veleiros de três mastros com timão de popa, ou seja, os navios antigos podem bem ter cruzado o mar.

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Às Portas de Uma Nova Idade Média

Jorge Angel Livraga 0 448

Antes de mais, devo dizer-vos que a Idade Média é algo completamente natural. Todas as coisas são pautadas por um sistema de ritmo. Há Verões, há Invernos, há dias e há noites. Há momentos felizes e há momentos infelizes. Todas as coisas continuam como elos de uma corrente, umas com as outras. As montanhas com os vales, os vales com as montanhas. Assim, ao longo do passado humano, encontramos muitas vezes idades médias.
Que significado se dá a uma Idade Média? É algo que está entre uma coisa e outra, que está na metade; uma espécie de “mergulho” ou depressão no que consideraríamos um nível civilizacional; chamamos a isso Idade Média. Como já mencionámos várias vezes, a China, por exemplo, que é milenar e não sabemos exatamente quando começou a sua civilização, pois em épocas longínquas já a encontramos trabalhando os metais, fazendo filosofia, tendo religião, tratados de arte militar, etc., sofreu várias idades médias.

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A Trágica Profecia de Malthus

Jorge Angel Livraga 1 463

Há alguns meses atrás, por ocasião de um congresso sobre a Hispano América, surgiu o tema da fome entre os povos do chamado, por alguns, Terceiro Mundo, e por outros, Grupo de Países em Desenvolvimento.
Mais tarde, diferentes meios da imprensa espanhola estavam interessados no tema mencionado e por alguém que, há 150 anos, desde Londres, lançou um folheto no qual se faziam algumas reflexões muito originais para o seu tempo, sobre as probabilidades de que a Humanidade fosse um dia, não muito distante, vítima do flagelo da fome ao nível quase planetário. Era o reverendo Thomas Robert Malthus, nascido em 1776 e falecido em 1834.
A sua obra não pretendeu ter muita importância, e tanto é assim que este cientista a publicou de maneira anónima, expondo a sua teoria simplista sobre a progressão geométrica em que a Humanidade crescia e a aritmética em que podia produzir alimentos, envolta nos algodões de um ecletismo invejável. Diz, por exemplo: o autor (…) é consciente de que ao usar tão negras tintas fê-lo convencido de que existem realmente na imagem e não são o resultado de preconceitos nem temperamento rancoroso. Na verdade, digno exemplo a seguir por todos os que vivemos no século XX, tão carregado de absolutismos e que costumamos escrever sem ter seriamente em conta que as nossas razões podem estar erradas.

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Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo: o Conflito Ideológico que Dividiu a Idade Média

Ana Paula Pereira 0 771

O intuito inicial deste trabalho era explorar a vida e obra de grandes nomes da dialética e abordar ao menos um momento em que o uso dessa contraposição de ideias e argumentos tenha sido determinante no pensamento humano. Intuito inicial vencido, quando já nos primeiros momentos de pesquisa nos deparamos com uma contenda mal contada, mal-acabada e que tanto gera debate e suposições até hoje. O embate entre Bernardo de Claraval, São Bernardo, e Pedro Abelardo. São tantas as versões e tantas as opiniões que se chega à dedução que foi o encontro divisor de águas e ideias que dividiu uma era, e quiçá ainda não se definiu. As biografias dos oponentes são tão duras quanto fabulosas. Trata-se de dois gigantes. Cada um no seu modo, contexto e filosofia, que com algum cuidado, será abordado. Há quem diga que o debate estratosférico entre São Bernardo e Pedro Abelardo foi o confronto entre o mosteiro e a academia. Em que pese a simplicidade da metáfora, algum fumo de verdade há nessa afirmação.

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O Eterno Mistério: os Templários

Voltemos no tempo, imersos no nostálgico sonho, para despertar na sagrada terra de Jerusalém, ao ponto de extasiarmos na contemplação de como o sol dá vida com a sua luz às igrejas cristãs, às mesquitas árabes e às sinagogas judaicas, testemunho todas elas de um verdadeiro Céu Universal.

O rei Balduíno II está sentado no seu trono olhando com gesto complacente para o cavaleiro que, no meio dos sons de ferro e clarins, fez ranger as lajes de pedra ao cravar o seu joelho na terra. É uma manhã de primavera no ano da graça de 1118 e o cavaleiro que está de cabeça inclinada chama-se Hugh de Payns. Atrás dele, brilham os olhos acerados de Godofredo de Saint Omer, e alguns passos mais atrás estão outros sete cavaleiros que levam os seus nomes escritos nas laminas das suas espadas: Godfredo Bisoi, Godfredo Roval, Pagano de Mont Didier, Archembaldo de St. Amaud, Andrés de Montbard, Fulco d’Angers e Hugo I, Conde de Champagne

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Luz, Sombra e Escuridão das Ideias. Traços do Picatrix em Giordano Bruno

Carlos Paiva Neves 0 748

A luz natural procede das estrelas por meio de uma linguagem eletromagnética que é sensível à visão dos humanos e dos seres vivos em geral. É um fogo permanente produzido a partir de transformações termonucleares de fusão que proliferam pelo universo infinito. A luz física natural é o primeiro fundamento para a interação de movimento de todos os elementos do universo. É o principal objeto de trabalho de investigação astronómica, capaz de alcançar fontes luminosas tão longínquas, que transcende a noção de espaço, inconvertível para a inteligência humana. O universo é luz, sombra e escuridão. Em todos os seres universais há luz, sombra e escuridão. As sombras físicas são diferentes das sombras das ideias. As sombras físicas tal como as das ideias não existem sem a luz. Onde há luz há sombra, onde há sombra há luz, sendo impossível discernir uma sombra na escuridão. A sombra não é o mesmo que a escuridão, mas se é um vestígio dessa escuridão em presença da luz ou um vestígio de luz na escuridão, podendo ser uma mistura de luz e escuridão, então a luz é apenas um vestígio daquilo que é verdadeiro ou falso.

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Perigos do Esoterismo na Era de Aquário

Jorge Ángel Livraga 0 839

No manifestado, tudo é descontínuo e dual. Como as ligações de uma longa cadeia, como os ossos num esqueleto, como as ondas no mar, tudo o que a nossos olhos se mostra, vai conservando particularidades que articulam o conjunto. Mas não devemos ver nisto uma “dialética de oposições”, pois as “oposições” não são outra coisa que complementos de uma imensa Escala Harmónica. E através de tantas coisas e seres como há no Universo, circula potente a corrente da Vida com o seu destino ou direcionalidade, à qual os antigos magos da India chamam Sadhana.

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A Balsa dos Náufragos

Jorge Ángel Livraga 0 614

À medida que nos vamos aproximando do final do século XX, torna-se mais evidente que estamos às portas de uma nova Idade Média. Os sistemas vigentes da moda tratam de o dissimular com a máscara do progresso, aparentemente imparável, no ramo da eletrónica e da cibernética, e com grandes promessas que, na melhor das hipóteses, alcançarão somente os países desenvolvidos… pois nos outros, que são a grande maioria, os problemas de sobrepopulação, higiene, medicação, reaparição de pestes que se acreditavam superadas, educação, economia, transportes e contínuas guerrilhas, somadas a vícios e toxicopedendência, terrorismo e violação dos direitos humanos fundamentais, são a única esperança que existe.

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O Rei Artur e o Aparecimento do Mito

Franco P. Soffietti 0 1308

No século VIII a.C., o poeta Homero apareceu na Grécia cantando eventos que ocorreram pelo me-nos quatro séculos antes da sua época. A Guerra de Tróia na “Ilíada” e os sofrimentos de Ulisses na “Odisseia” lançaram as bases para a cultura helénica.
Os romanos consideravam a Grécia como a sua «mãe», então, este espírito helenístico deu suporte, em parte, ao Império Romano. Se continuarmos a avançar no tempo, a cultura «ocidental» atual de-riva diretamente de Roma e, embora englobe amplamente a Europa e a América, no atual período de globalização todo o planeta a partilha. Homero, inspirado pelas Musas, encontra-se nas bases mais profundas do momento humano atual.

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Leonardo e o Valor da Tradição

Henrique Cachetas 0 1400

Verrocchio, discípulo de Donatello, foi o mestre de Leonardo, assim como de Perugino e de Botticelli. O destino, responsável pela reunião de tão grandes talentos na mesma cidade, e até na mesma casa, sabia bem a importância da continuidade na transmissão dos conhecimentos através das gerações. Imagem: O Batismo de Cristo, Verrocchio e Leonardo. Creative Commons

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A História Repete-se?

Delia Steinberg Guzmán 0 1948

Muitos foram os estudantes de história e especialistas nas várias disciplinas – sem contar com os milhares de interessados na questão – que fizeram esta pergunta. É evidente que não existe uma resposta simples e que responder sim ou não requer, no mínimo, que se tenha em conta algumas considerações. Precisamente aquelas que pretendemos abordar aqui da maneira mais humilde nestas páginas. Imagem: A Expulsão dos Judeus, por Roque Gameiro (Quadros da História de Portugal, 1917).Dominio Público

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Leonardo e o renascer da civilização

Henrique Cachetas 0 1158

Mas não basta a presença dos arquétipos para garantir a bondade da realização. É necessária a compreensão e a manutenção da Unidade. Não bastou proclamar a primazia da razão para conduzir os destinos humanos. Teria sido necessário, mas foi esquecido, preservar o sentido sagrado de unidade entre o destino do Homem e o destino da Natureza.

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