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Idade Média

A Trágica Profecia de Malthus

Jorge Angel Livraga 1 186

Há alguns meses atrás, por ocasião de um congresso sobre a Hispano América, surgiu o tema da fome entre os povos do chamado, por alguns, Terceiro Mundo, e por outros, Grupo de Países em Desenvolvimento.
Mais tarde, diferentes meios da imprensa espanhola estavam interessados no tema mencionado e por alguém que, há 150 anos, desde Londres, lançou um folheto no qual se faziam algumas reflexões muito originais para o seu tempo, sobre as probabilidades de que a Humanidade fosse um dia, não muito distante, vítima do flagelo da fome ao nível quase planetário. Era o reverendo Thomas Robert Malthus, nascido em 1776 e falecido em 1834.
A sua obra não pretendeu ter muita importância, e tanto é assim que este cientista a publicou de maneira anónima, expondo a sua teoria simplista sobre a progressão geométrica em que a Humanidade crescia e a aritmética em que podia produzir alimentos, envolta nos algodões de um ecletismo invejável. Diz, por exemplo: o autor (…) é consciente de que ao usar tão negras tintas fê-lo convencido de que existem realmente na imagem e não são o resultado de preconceitos nem temperamento rancoroso. Na verdade, digno exemplo a seguir por todos os que vivemos no século XX, tão carregado de absolutismos e que costumamos escrever sem ter seriamente em conta que as nossas razões podem estar erradas.

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Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo: o Conflito Ideológico que Dividiu a Idade Média

Ana Paula Pereira 0 425

O intuito inicial deste trabalho era explorar a vida e obra de grandes nomes da dialética e abordar ao menos um momento em que o uso dessa contraposição de ideias e argumentos tenha sido determinante no pensamento humano. Intuito inicial vencido, quando já nos primeiros momentos de pesquisa nos deparamos com uma contenda mal contada, mal-acabada e que tanto gera debate e suposições até hoje. O embate entre Bernardo de Claraval, São Bernardo, e Pedro Abelardo. São tantas as versões e tantas as opiniões que se chega à dedução que foi o encontro divisor de águas e ideias que dividiu uma era, e quiçá ainda não se definiu. As biografias dos oponentes são tão duras quanto fabulosas. Trata-se de dois gigantes. Cada um no seu modo, contexto e filosofia, que com algum cuidado, será abordado. Há quem diga que o debate estratosférico entre São Bernardo e Pedro Abelardo foi o confronto entre o mosteiro e a academia. Em que pese a simplicidade da metáfora, algum fumo de verdade há nessa afirmação.

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O Eterno Mistério: os Templários

Voltemos no tempo, imersos no nostálgico sonho, para despertar na sagrada terra de Jerusalém, ao ponto de extasiarmos na contemplação de como o sol dá vida com a sua luz às igrejas cristãs, às mesquitas árabes e às sinagogas judaicas, testemunho todas elas de um verdadeiro Céu Universal.

O rei Balduíno II está sentado no seu trono olhando com gesto complacente para o cavaleiro que, no meio dos sons de ferro e clarins, fez ranger as lajes de pedra ao cravar o seu joelho na terra. É uma manhã de primavera no ano da graça de 1118 e o cavaleiro que está de cabeça inclinada chama-se Hugh de Payns. Atrás dele, brilham os olhos acerados de Godofredo de Saint Omer, e alguns passos mais atrás estão outros sete cavaleiros que levam os seus nomes escritos nas laminas das suas espadas: Godfredo Bisoi, Godfredo Roval, Pagano de Mont Didier, Archembaldo de St. Amaud, Andrés de Montbard, Fulco d’Angers e Hugo I, Conde de Champagne

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Luz, Sombra e Escuridão das Ideias. Traços do Picatrix em Giordano Bruno

Carlos Paiva Neves 0 612

A luz natural procede das estrelas por meio de uma linguagem eletromagnética que é sensível à visão dos humanos e dos seres vivos em geral. É um fogo permanente produzido a partir de transformações termonucleares de fusão que proliferam pelo universo infinito. A luz física natural é o primeiro fundamento para a interação de movimento de todos os elementos do universo. É o principal objeto de trabalho de investigação astronómica, capaz de alcançar fontes luminosas tão longínquas, que transcende a noção de espaço, inconvertível para a inteligência humana. O universo é luz, sombra e escuridão. Em todos os seres universais há luz, sombra e escuridão. As sombras físicas são diferentes das sombras das ideias. As sombras físicas tal como as das ideias não existem sem a luz. Onde há luz há sombra, onde há sombra há luz, sendo impossível discernir uma sombra na escuridão. A sombra não é o mesmo que a escuridão, mas se é um vestígio dessa escuridão em presença da luz ou um vestígio de luz na escuridão, podendo ser uma mistura de luz e escuridão, então a luz é apenas um vestígio daquilo que é verdadeiro ou falso.

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Perigos do Esoterismo na Era de Aquário

Jorge Ángel Livraga 0 681

No manifestado, tudo é descontínuo e dual. Como as ligações de uma longa cadeia, como os ossos num esqueleto, como as ondas no mar, tudo o que a nossos olhos se mostra, vai conservando particularidades que articulam o conjunto. Mas não devemos ver nisto uma “dialética de oposições”, pois as “oposições” não são outra coisa que complementos de uma imensa Escala Harmónica. E através de tantas coisas e seres como há no Universo, circula potente a corrente da Vida com o seu destino ou direcionalidade, à qual os antigos magos da India chamam Sadhana.

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A Balsa dos Náufragos

Jorge Ángel Livraga 0 561

À medida que nos vamos aproximando do final do século XX, torna-se mais evidente que estamos às portas de uma nova Idade Média. Os sistemas vigentes da moda tratam de o dissimular com a máscara do progresso, aparentemente imparável, no ramo da eletrónica e da cibernética, e com grandes promessas que, na melhor das hipóteses, alcançarão somente os países desenvolvidos… pois nos outros, que são a grande maioria, os problemas de sobrepopulação, higiene, medicação, reaparição de pestes que se acreditavam superadas, educação, economia, transportes e contínuas guerrilhas, somadas a vícios e toxicopedendência, terrorismo e violação dos direitos humanos fundamentais, são a única esperança que existe.

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O Rei Artur e o Aparecimento do Mito

Franco P. Soffietti 0 1079

No século VIII a.C., o poeta Homero apareceu na Grécia cantando eventos que ocorreram pelo me-nos quatro séculos antes da sua época. A Guerra de Tróia na “Ilíada” e os sofrimentos de Ulisses na “Odisseia” lançaram as bases para a cultura helénica.
Os romanos consideravam a Grécia como a sua «mãe», então, este espírito helenístico deu suporte, em parte, ao Império Romano. Se continuarmos a avançar no tempo, a cultura «ocidental» atual de-riva diretamente de Roma e, embora englobe amplamente a Europa e a América, no atual período de globalização todo o planeta a partilha. Homero, inspirado pelas Musas, encontra-se nas bases mais profundas do momento humano atual.

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Leonardo e o Valor da Tradição

Henrique Cachetas 0 1316

Verrocchio, discípulo de Donatello, foi o mestre de Leonardo, assim como de Perugino e de Botticelli. O destino, responsável pela reunião de tão grandes talentos na mesma cidade, e até na mesma casa, sabia bem a importância da continuidade na transmissão dos conhecimentos através das gerações. Imagem: O Batismo de Cristo, Verrocchio e Leonardo. Creative Commons

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A História Repete-se?

Delia Steinberg Guzmán 0 1781

Muitos foram os estudantes de história e especialistas nas várias disciplinas – sem contar com os milhares de interessados na questão – que fizeram esta pergunta. É evidente que não existe uma resposta simples e que responder sim ou não requer, no mínimo, que se tenha em conta algumas considerações. Precisamente aquelas que pretendemos abordar aqui da maneira mais humilde nestas páginas. Imagem: A Expulsão dos Judeus, por Roque Gameiro (Quadros da História de Portugal, 1917).Dominio Público

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Leonardo e o renascer da civilização

Henrique Cachetas 0 1077

Mas não basta a presença dos arquétipos para garantir a bondade da realização. É necessária a compreensão e a manutenção da Unidade. Não bastou proclamar a primazia da razão para conduzir os destinos humanos. Teria sido necessário, mas foi esquecido, preservar o sentido sagrado de unidade entre o destino do Homem e o destino da Natureza.

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