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Humano

Os Substitutos de Deus

Delia Steinberg Guzmán 0 257

Confesso que este tema, que à primeira vista pode parecer polémico, não o é para mim, posto que não posso fazer menos que partir da base de uma realidade de Deus, de uma existência de Deus.

Para mim, não há polémica nesta questão; em todo o caso, pode haver polémica em tratar os distintos substitutos e o valor que eles podem ter. Pode haver polémica em repassar as mudanças históricas que temos registado ao longo dos séculos, e as mudanças que nos foram impostas a nós, os seres humanos.

Mas como falar de substitutos de Deus se não admitirmos previamente esse Deus que se tentou substituir de tantas maneiras? Como não admitir uma realidade de algo “Superior” que, isso sim, é difícil de pensar e de raciocinar? Porque por mais que tentemos raciocinar, sempre termina por se resolver num mistério, numa coisa enorme, numa coisa intangível; em algo que se pode admirar ou desprezar – cada qual com a postura que queira colocar-se – mas que está.

De modo, que se nos considerarmos essa essência, essa realidade, esse “Deus” que foi substituído de mil maneiras; se partirmos desta base, daremos ao nosso tema um enfoque que irá passando pelos seguintes pontos: O que é ou quem é este Deus que se pode admitir ou que estamos a tentar substituir? Porque é que Deus é um mistério para nós, humanos? E porque é substituído, porque é mudado ou porque é negado?

Assim, pois, temos de começar por aquilo: “o quê ou quem é Deus”? Sei que em pleno século XX, ou melhor dito, no final do século XX, numa época de substituições (milhares), é muito difícil enfocar este tema. Somos impedidos de o fazer por todas as modas, pelas ideias que circulam atualmente. Falar de Deus ou tentar referir-se a Ele, para o bem ou para o mal, é piroso, ridículo, é coisa de velhos, é “conservador”, está fora de moda, etc. Há tantas coisas que se dizem a respeito, que só de tentar pronunciar esta palavra já nos trava a língua.

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O Príncipe de Maquiavel

Isabel Areias 0 286

Apresentar um dos principais nomes da política no Renascimento, entendendo por política o tratamento dos assuntos da “polis” com o intuito de a harmonizar através de um Ideal que a unifique, ou como diria Platão, de um arquétipo promotor de justiça, pode ser desafiante quando falamos da obra “O Príncipe” de Maquiavel.

Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, integrou um importante momento histórico vivido no período do Renascimento entendido como a canalização de um retorno às origens e aos ideais platónicos e neoplatónicos do mundo clássico. Esta magnífica etapa do nosso movimento histórico procurou igualmente recuperar o conhecimento de uma das maiores civilizações de todos os tempos, o Egipto e a tradição Hermética, que milénios antes tinha edificado o conhecimento iniciático e mistérico, ao qual o renascimento não ficou indiferente. Estamos perante o reaparecimento dos fundamentos que alicerçaram a edificaram grandes civilizações com foco no Humanismo e na razão ética, com o paulatino afastamento do pensamento dogmático vigente até esse momento.

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Tempo de Fazer

Delia Steinberg Guzmán 0 271

O compromisso que assumi nesta ocasião é tentar falar do nosso tempo; sobre este tempo que me atrevo a chamar de TEMPO DE FAZER.

Escolhi este tema porque nós, aqueles que gostamos de pensar no nosso tempo e nos questionarmos sobre a época em que vivemos, às vezes também gostamos de rever palavras e escritos antigos.

Textos muito antigos que todos conhecemos nos contam como Deus trabalhou seis dias e no sétimo descansou. Isto deveria ser uma norma para nós, um guia para a ação; porém, os seres humanos do nosso tempo são tão especiais e únicos, temos tanta capacidade de contrariar absolutamente quaisquer leis que nos sejam impostas, que fazemos exatamente o contrário: dos sete dias primordiais, trabalhamos um, e os outros seis descansamos; não sabemos do quê, mas descansamos.

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O Melhor Amigo do Homem e o Pior Amigo do Cão

João Pedro Pio 0 259

O Ser Humano e o Cão estão unidos desde o início, e talvez possamos dizer que um não existiria sem o outro. O Cão, porque nasceu ao aproximar-se da mente humana, e foi moldado por esta, e o Ser Humano, porque, tirando proveito das muitas forças do Cão, como fiel protetor e corajoso caçador, pôde sobreviver às muitas idades negras que o nosso mundo já viveu. O kanji (caracter japonês) para cão ilustra bem esta relação já que se escreve “犬” (lê-se inu) e é claramente representado por um Ser Humano de braços abertos com um pequeno traço assinalando o seu inseparável companheiro, situado alto e perto da cabeça.

Quem tem a oportunidade de viver com um cão pode confirmar que estes são seres especiais pois, talvez mais que qualquer outro animal, estão intimamente ligados ao Ser Humano. Ao passearem juntos, um cão frequentemente procurará o olhar do dono para saber como reagir perante o inesperado. Se o dono está medroso ou ansioso, a ameaça está confirmada e o cão prepara-se para o defender. Por outro lado, se o dono está tranquilo, isto transmite ao cão que não existe ameaça, e que não deve ladrar ou morder.

Esta ligação vai mais além da visão, e não faltam histórias de cães que, seguindo uma qualquer bússola misteriosa, atravessaram grandes distâncias, por terrenos desconhecidos, só para no final se reencontrarem com os seus desaparecidos donos. O olfato apuradíssimo que os caracteriza não é suficiente para explicar estes eventos, uma vez que em alguns casos a deslocação dos donos foi feita de avião, o que apagaria qualquer rasto olfativo para o cão. E se deixar um cão noutro país for um caso demasiado raro, conseguimos encontrar um exemplo mais comum: Quem nunca foi alertado pelo seu cão da chegada de um familiar muito antes de este bater à porta ou estacionar o carro longe de casa? Um conhecido autor, Rupert Sheldrake, famoso pela teoria dos campos mórficos, dedicou um livro inteiro a este fenómeno, intitulado “Cães que sabem quando os seus donos estão a chegar a casa”. Uma leitura recomendada para qualquer cético.

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Devemos Preservar a Pureza da Natureza… e do Homem

Jorge Ángel Livraga 1 778

Depois da “guerra fria” ou “guerra suja” que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, ainda que se tenha mantido o mito dos maus e dos bons, a juventude do Ocidente caiu numa grande confusão. Como se fosse uma criança assustada, na sua intenção de excluir as “palavras malditas” que sobreviveram depois de 1945, também o fez com grande parte da memória coletiva a que chamamos “História”.

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O Caos

Isabel Areias 0 841

Os livros e textos sagrados que vamos conhecendo e estudando retratam sempre um momento inicial sobre o qual não existia nenhuma identificação concreta da matéria ou de uma existência em movimento. Esta ideia do “nada” ou de um “oceano primordial” assemelha-se a um estado que podemos definir como sendo o caos, um equilíbrio imóvel ou uma inércia em potência. Uma espécie de estado adormecido ou de Pralaya, tal como o útero de uma mãe aguarda algo que desperte vida no seu interior. Tesla referia que a dimensão obscura no universo está apenas adormecida, ou seja, à espera de algo que a desperte. Também o mesmo acontece no Ser Humano. No seu interior residem inúmeras zonas de matéria negra numa potência inerte à espera de algo que a torne consciente, viva e desperta.

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O Anjo Negro da Melancolia. Parte III

Françoise Terseur 0 528

Na Holanda, país predominantemente protestante, a melancolia assume a forma de suas famosas ”Vanitas”, pinturas muito populares  que representam o  vazio da existência terrena, considerada vã, precária e sem valor: MEMENTO MORI (lembre-se que todos iremos morrer).

De todos estes objetos, o crânio humano é um dos mais recorrentes. Mas também, frequentemente, encontramos a vela parcialmente consumida (a luz da vida que vai apagar-se), a ampulheta ou o relógio (o fim que chega de forma inexorável), a bolha de sabão (a futilidade da vida), as flores murchas (a decrepitude de tudo aquilo que nasce).

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