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Fogo

Jakob Böhme: o Príncipe dos Obscuros

Françoise Terseur 0 403

A Teosofia alemã dos séculos XVI e XVII está impregnada de naturalismo e de um panteísmo híbrido, alicerçado numa mistura de misticismo e teologia, utilizando três fontes de inspiração: Deus, o Homem e a Natureza.
A Teosofia de Jakob Böhme surgiu da conjunção entre o hermetismo, representado por Paracelso, e o misticismo alemão, que juntos prefiguraram o sistema de Baader. Podem também ser traçadas algumas analogias entre a Cabala judaico-cristã, frequentemente associada à Teosofia, e a sua cosmogonia mística. Os escritos de Böhme contêm muitas semelhanças com as teorias filosóficas da Alemanha do século XIX, sendo ele considerado um precursor de Espinosa e Schelling. A sua influência foi significativa no pensamento alemão, particularmente em Franz von Baader. Böhme exerceu um verdadeiro fascínio sobre Hegel e toda a geração romântica, tendo a sua influência também chegado ao campo religioso, tanto na Holanda como na Alemanha, através do pietismo.

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ALQUIMIA

Delia Steinberg Guzmán 0 770

Quando a Alquimia é recuperada na nossa Idade Média – e digo recuperada porque vem de muito mais atrás – reaparece com os seus elementos metafísicos bastante dissimulados, com os conhecimentos teóricos perdidos em grande parte, e com noções práticas que devem ser reexecutadas para comprovar a sua autenticidade e efetividade.

É assim que na Idade Média encontramos um grande número de experiências. Houve alquimistas na Idade Média (e refiro-me a eles porque são deles os que temos mais notícias históricas), que levaram a cabo a sua obra, o seu processo, conseguindo o que nos parece uma utopia: a conquista de ouro; há menções de reis e príncipes que recompensaram alquimistas por terem obtido ouro, e também há relatos de nobres e reis que não os trataram tão bem, apesar das suas promessas e de toda a boa vontade do mundo, não o haviam logrado. Também há relatos dos que voaram, com laboratórios incluídos! E, por se tratar precisamente de uma ciência prática, o perigo que se corria, por seu desconhecimento, era muito grande.

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O Desafio da Convivência. Segunda Parte

Carlos Adelantado 0 540

E sempre esteve relacionado com a convivência. A zona de onde venho, antigamente fazia parte do reino da Coroa de Aragão. Há muitos anos tive que fazer um trabalho de investigação. Nos arquivos da Coroa de Aragão, muitos documentos estavam em latim, ou em catalão ou em valenciano antigo. Em documentos de cerca de 1200 é muito curioso que quando se fala de cidades, lugares, aldeias, não dizem “há dez casas” ou, por exemplo, “há 40 famílias em 40 casas”… Não dizem isso. A expressão literal em latim, catalão e valenciano é “em tal cidade há 40 fogos”. É daí que vem a palavra casa: da palavra fogo. Ou seja, quando falamos de fogo, inevitavelmente estamos a falar de convivência: os seres com fogo, os seres humanos, reúnem-se em redor do fogo, em círculos ou em linhas, porque ao fim e ao cabo o que une os seres humanos, de uma maneira ou de outra, é sempre o fogo. Se pensarmos nas características do fogo, perceberemos que, além de muitas outras, o fogo dá-nos luz e calor.

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Reflexões sobre a Doutrina Secreta

George Arundale 0 746

A Doutrina Secreta faz os seus leitores pensarem em si próprios. É um vai comigo para a consciência maior, em cada um de nós, e esta é uma das razões porque muitos não veem utilidade – as suas consciências maiores estão adormecidas e não estão em condições de despertar. É assim tão menos importante ler A Doutrina Secreta, e muito mais importante senti-la. Arriscaria duvidar se H.P. Blavatsky ela própria sabia sempre o que estava escrevendo, ou no mínimo compreendia muitas das implicações das palavras que escrevia. Duvido igualmente se ela estaria sempre preparada para dizer o seu significado. Certamente não podia, tendo em conta as imensas limitações de linguagem comparativamente mais jovens, e, no caso das línguas ocidentais, mais ou menos com o estágio particular que o mundo tinha alcançado. Inevitavelmente, ela vivia tempos obscuros.

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Fogo, Sol e Coração: sua Relação Simbólica

Javier Saura 0 349

Primeiro a ter presente é que vamos falar destes três elementos segundo o simbolismo, e que o simbolismo é a linguagem para falar do sagrado a partir da intuição e não da razão. E neste sentido, fogo, sol e coração são a mesma coisa refletida em três diferentes e complementares planos da realidade.
Quando à noite fazemos uma fogueira no acampamento, todos nos reunimos ao seu redor, tornando-se o fogo no centro dele mesmo, é o centro da união de todos. E isto é o que significam o fogo, o sol e o coração: a união em torno de um centro. Centro que no mundo simbólico é o espírito e os seus valores, que transcendem espaço e tempo.

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O Zodíaco de Johfra: Leão

Eva Garda 0 789

Nesta quarta parte, continuaremos a analisar as lâminas do Zodíaco por Johfra Bosschart (1919-1998). Desta vez, o signo de Leão. Recordemos que nas obras deste artista podemos encontrar ideias do neoplatonismo, passagens bíblicas, cabala judaica, astrologia hermética, gnosticismo, magia e mitologia. O Leão é um signo de Fogo, associado às características deste elemento: extroversão, energia, entusiasmo, iniciativa e auto-suficiência. O regente de Leão é o Sol, centro do Sistema Solar, e é por isso que aqueles nascidos sob este signo são geralmente egocêntricos. Tal como a ideia que formamos do leão pelos relatos e mitos, aquele nascido sob este signo é geralmente forte, corajoso, elegante, nobre, mas também ávido pelo poder. Não aceita rivais ao seu redor, muito menos outro Leão, consciente, como ele, do seu próprio valor. É bom na posição que ocupa na sociedade, tanto no trabalho como em casa, mas precisa de ser aquele que toma as rédeas, porque caso contrário, podem ocorrer confrontos.

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Zoroastro e os Princípios do Zoroastrismo

Saúl Sam Sam 0 1355

Zoroastro foi um antigo profeta (ou líder espiritual) fundador do zoroastrismo. Apresentou-se como um reformador da religião praticada por tribos de língua iraniana que se instalaram no Turquestão Ocidental entre o segundo e o primeiro milénios antes da nossa era. Alguns historiadores e académicos situam Zoroastro nos séculos VII e VI a.C., quase contemporâneo a Ciro, o Grande e a Dario I. Plínio atribui-lhe uma antiguidade de 1000 anos anterior a Moisés; Plutarco remonta a sua existência em redor de 5000 anos antes da Guerra de Troia, enquanto Hermipo – que traduziu os seus livros para o grego – situa a vida de Zoroastro 4000 anos antes da famosa batalha entre aqueus e troianos; Eudóxio, por sua vez, menciona que teria vivido 6000 anos antes da morte de Platão. O livro sagrado deste movimento conhecido como zoroastrismo é o Zend Avesta, que na língua zenda significa “palavra da vida”. Na sua cosmovisão destaca-se Ahura Mazda, que é o começo e o fim, o criador de tudo, aquele que não pode ser visto, o eterno, o puro e a única verdade. Além disso, Zoroastro chama Ormuz ao princípio do bem (ordem) e Ahriman ao princípio do mal (caos). Também é mencionado que Mitra ocupou um lugar entre os dois princípios e é por isso que os persas dão a Mitra o nome mesites, ou seja, o mediador. Em homenagem a Ormuz, Zoroaster prescrevia sacrifícios, orações e ações de graça, enquanto que, para Ahriman, eram dedicadas cerimónias sombrias destinadas a desviar os males.

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O Fogo

Delia Steinberg Guzmán 0 558

A Terra move-se com base em transformações que, embora não alterem a sua essência, modificam as suas apresentações. Mudanças químicas, físicas, fervilham continuamente no coração do planeta, e em conjugação com a água, o ar e mesmo o fogo, a Terra altera-se sem mudar o seu lugar no espaço. A água mostra-se dotada de uma maior mobilidade; para ela não há segredos no que diz respeito ao movimento horizontal; rios e mares deslocam-se, com maior ou menor ímpeto, e percorrem as suas bacias de um extremo ao outro, ainda que sempre apoiados na terra-mãe, no suporte necessário para poder mover-se. Só a água das chuvas assume uma atitude vertical, a que se aproxima de outro movimento de espiritualização vertical, como veremos a seguir. E o ar? Este movimenta-se na horizontal e na vertical, varrendo a superfície da terra, e sem necessidade de apoiar-se totalmente nela; não tem a sua origem nas bacias dos mares nem no leito dos rios. O fogo necessita apenas de um ponto de apoio na sua base, e daí em diante, todos os seus movimentos são verticais, uma eterna dança com aspirações à altura, o símile mais acabado da espiritualidade humana que busca o seu Deus acima, apoiando-se apenas no corpo que tem para se expressar.

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As Quatro Rainhas do Mito Artúrico e a Ascensão da Alma Humana

Trinta anos depois, li novamente, com grande satisfação, o livro de John Steinbeck “Os feitos do Rei Artur e seus nobres cavaleiros”, uma obra infelizmente inacabada e que é um tributo à chamada “Morte de Artur” de Thomas Mallory (1415-1471), livro de referência da literatura inglesa.

No capítulo de Lancelot, este primeiro cavaleiro da Távola Redonda enfrenta uma prova onde deve vencer a magia e as tentações de quatro rainhas. Como Lancelot é o símbolo da alma humana, sendo o cavaleiro mais sublime nesta obra artúrica, as quatro rainhas simbolizam, talvez, as quatro grandes ambições horizontais que arrastam a consciência, fragmentando-a.

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Agni – o Fogo do sacrifício

Françoise Terseur 0 1719

Desde dos primórdios da presença humana, o fogo exerce um fascínio, enquanto que todas as outras criaturas fogem na sua presença, o homem conseguiu ultrapassar o seu medo e reconheceu nele o símbolo do poder. O fogo reanima o corpo em hipotermia, o fogo ilumina a obscuridade e desperta o conhecimento das coisas, o fogo no olhar é símbolo do brilho da vida interior.

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