Em tempos, Jorge Angel Livraga (1930-1991) escreveu um artigo, muito interessante, não tanto pelo tema em si mesmo, mas sobretudo pela sua visão sobre a temática. Esse artigo foi intitulado «O que fazem os mortos no além», refletindo numa linguagem acessível, as relações que os mortos têm com os vivos, ou simplesmente, a comunicação entre desencarnados e encarnados. Em certo momento, Jorge Livraga transmite-nos a convivência com o mecanismo da mediunidade, sem referir o termo, escrevendo que «tanto os vivos como os mortos são interdependentes e fazem-nos chegar os seus desejos e temores por uma espécie de telepatia, e nós fazemos o mesmo com eles». Mas logo confessa que esta instrução que nos fornece é voluntariamente limitada. Claramente que Jorge Livraga tem a noção da complexidade deste mecanismo espiritual complexo, muitas vezes conhecido por sexto sentido. A mediunidade é de facto esta capacidade de o ser humano compartilhar o mundo físico e espiritual, apoiado no princípio universal da crença na sobrevivência da alma. A humanidade também tem o seu próprio Espírito, que podemos designar por «Espírito do Mundo», anima mundi, ou simplesmente «Espírito», o Geist ou Weltgeist, entendido como a atividade humana exercida no interior da mente do ser humano. A mediunidade é então um intermediário de si mesmo, proveniente dos níveis mais profundos da personalidade anímica, da consciência subliminar. Geist é um conceito central na obra «A fenomenologia do Espírito», de Georg Friedrich Hegel (1770-1831), que deve ser interiorizada como a história do Espírito ou da Consciência, muito difícil de entender, mas que influenciou muitos outros pensadores.
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