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Equilíbrio

Uma Arqueologia da Noite. Segunda Parte

Ricardo Martins 0 940

O nosso laboratório, ou melhor, o nosso museu interior deve ser um museu tendencialmente vazio de peças, que se aprofunda na noite e se engrandece para o dia, mas vazio, digno da presença de Deus apenas. Mas para isso, temos de aproveitar este tempo nocturno e não ter medo de fazer perguntas ao seu interior, não temer cair pela frágil escada do crescimento hipócrita, e não temer arrancar a mais identitária das máscaras. Mais vale espreitar-se timidamente por uma cara de pecador que se deseja arrancar do que fechar os olhos dentro de uma máscara de virtudes que se quer manter, por maiores que sejam estas virtudes, porque, por não serem nossas, quando se forem, arrancar-nos-ão a insubstituível face, e o peso que sentiremos depois não desaparece. Com a experiência, a noite interior há-de converter-se numa metodologia, num conjunto de técnicas para a prospecção, escavação e análise, no mais real e brutal dos métodos invasivos, doloroso, é certo, porque pressupõe sempre a destruição do sítio arqueológico. O próprio frio da noite congela-nos, endurece-nos, só para nos estilhaçar depois, mas faz parte do processo de identificação e de levantamento de dados, se somos feitos disto ou daquilo, quantos pisos temos, o que o habita, onde e há quanto tempo, o que é passivo, organizado, perturbado, resoluto e até divino.

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Sobre a Cordura

Delia Steinberg Guzmán 0 949

Entre tantos valores que faltam, a cordura ocupa um lugar muito especial. Se ser cordato é o oposto de ser louco, hoje há traços variados de loucura em todos os níveis humanos, ao ponto de ser difícil reconhecer quem é quem e onde está o limite subtil que diferencia uns dos outros.

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O Movimento

Delia Steinberg Guzmán 0 698

Tudo vibra. Todo o Universo está em movimento. Embora levados pela ilusão de Maya, às vezes acreditamos sentir quietude e falta de movimento, mas tudo o que está manifestado participa desta lei da ação. Já vimos que, sabiamente disposto por Maya, cada degrau da Natureza é afetado por uma particular forma de movimento. A terra move-se sobre si mesma, ao redor do Sol, dentro da galáxia; e milhares de movimentos afetam-na no seu próprio coração de planeta. A água, o ar e o fogo movem-se na Terra, correndo, soprando, queimando… e movem-se nos seus mundos especiais de vida, emoção e mente. As pedras movem-se resistindo ao movimento, e no limite das suas forças, dilatando-se e contraindo-se. As plantas movem-se crescendo, os animais fazem-no sentindo; e os homens demonstram uma ação onde se conjuga a resistência da pedra, o crescimento da planta, a emotividade do animal e o raciocínio exclusivamente humano.

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O Caos

Isabel Areias 0 779

Os livros e textos sagrados que vamos conhecendo e estudando retratam sempre um momento inicial sobre o qual não existia nenhuma identificação concreta da matéria ou de uma existência em movimento. Esta ideia do “nada” ou de um “oceano primordial” assemelha-se a um estado que podemos definir como sendo o caos, um equilíbrio imóvel ou uma inércia em potência. Uma espécie de estado adormecido ou de Pralaya, tal como o útero de uma mãe aguarda algo que desperte vida no seu interior. Tesla referia que a dimensão obscura no universo está apenas adormecida, ou seja, à espera de algo que a desperte. Também o mesmo acontece no Ser Humano. No seu interior residem inúmeras zonas de matéria negra numa potência inerte à espera de algo que a torne consciente, viva e desperta.

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