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Educação

A Contaminação Ideológica

Jorge Ángel Livraga 1 272

É evidente para todos que a utilização aberrante dos recursos em prol do consumo indefinido, para o qual nos têm precipitado os romanticismos políticos, sociais e económicos dos séculos XVIII e XIX, precipitaram-nos no abismo obscuro e fétido de uma poluição contaminante em que a Humanidade se espreme, manchando a pureza das águas, a diafanidade do céu, a fertilidade da terra; e transtornando o equilíbrio ecológico que, talvez demasiado tarde, temos descoberto como imprescindível para a nossa vida. O sacrifício irracional das zonas verdes, dos espelhos de lagos, das manchas verdes dos bosques, reduz a beleza do planeta e, na procura do conforto, agoniza a vitalidade que permitiu o desenvolvimento das espécies e a convivência harmoniosa dos seres.

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Druidas, Bardos e Escaldos “Influenciadores” e Guardiões da Sabedoria Nórdica

Franco P. Soffietti 0 692

Em grande parte das culturas conhecidas, os poetas caracterizavam-se pela sua eloquência e a sua maneira bela de traduzir ideias mediante palavras, geralmente cantadas. No mundo celta existiam dois tipos de poetas, duas classes diferentes: bardos e druidas, cujo papel ia muito mais além do mero entretenimento, já que eram guardiões da sabedoria, da história, dos mitos, dos valores e das tradições do seu povo.
Se bem que os druidas eram líderes religiosos, sábios, juristas e frequentemente considerados mediadores entre os deuses e as pessoas, nos seus atributos também se destacava o de poetas. Tanto druidas como bardos eram os educadores dos povos e pais da cultura. Numa cultura onde a escrita não era a principal forma de registo, os poetas desempenharam um papel crucial na preservação da história e da mitologia. A sua habilidade para memorizar e recitar extensos relatos, era essencial para manter viva a memória coletiva e a identidade dos povos.

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Meios de Comunicação. A Informação Confusa

Delia Steinberg Guzmán 0 235

Uma parte importante do mundo – o nosso mundo – vive à custa dos meios de comunicação social. Não é a maioria, mas em todo o caso é aquela que tem suficiente peso para atrair a atenção geral e tornar-se no centro dos acontecimentos.

E mais: se a história do nosso tempo tivesse que ser escrita e o enfoque histórico dependesse dos meios de comunicação, seriam contados alguns factos que dizem respeito às zonas do planeta e aos países que governam o destino de toda a humanidade, ou seja, que se falaria de poucos em detrimento de muitos que, como é habitual, permaneceriam na triste sombra do anonimato, nas trevas do desinteresse e do egoísmo. O curioso é que o egoísmo e o desinteresse não são naturais no coração do homem comum, mas crescem sob a asa da informação que lhe é oferecida, imitando inconscientemente as personagens que assim agem, podendo fazê-lo de outra maneira.

Muitas vezes foram feitas tentativas para mudar o mundo, e este século não ficou imune a essas tentativas. Em cada momento, individual ou coletivamente, um meio ou outro foi utilizado para alcançar essa mudança; e agora vemos que, apesar dos esforços de alguns e da hipocrisia de muitos, as coisas permanecem as mesmas. Por outras palavras: a única igualdade que conseguimos é que as coisas continuem como antes; que persistem a desigualdade, a injustiça, a exploração dos fracos em todos os sentidos, a corrupção e que as minorias continuam a determinar o curso da história ou, pelo menos, o que nela é contado.

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A Economia da Felicidade: o Decrescimento Económico Controlado

Carlos Paiva Neves 0 298

Amiúde, damo-nos conta com a reflexão sobre a ideia de felicidade. Esse exercício parece estar envolto numa complexidade que muitas vezes é referida como subjetiva. Vamos tentar simplificar, uma vez que essa subjetividade está muito provavelmente relacionada com a infelicidade e a insatisfação do ser humano. Parecendo dois conceitos antagónicos, atrevo-me a afirmar que a via para a infelicidade é muito mais percetível, do que aquela ideia que teimamos em dificultar, quando buscamos a sua natureza – a felicidade. Porque não assumimos o caráter singelo e puro da felicidade, como um estado de espírito que está tão perto de nós? A felicidade pode transmitir-nos com grande fulgor, e simplesmente, um estado de uma consciência plenamente satisfeita. A sua origem do latim, felicitas, pode significar fertilidade, felicidade, boa fortuna, sorte, favor dos deuses e prosperidade. Heráclito, filósofo pré-socrático (500-450 a. C.), deixou-nos com esta máxima: Se a felicidade residisse nos prazeres do corpo, diríamos que os bois são felizes quando encontram feno para pastar. Sócrates (470-399 a. C.) afirmava aos seus discípulos que tinha tudo o que desejava, mas que adorava ir ao mercado para descobrir que continuava completamente feliz, sem todo aquele monte de coisas. Platão (428-348 a. C.) promoveu o exercício da temperança no que diz respeito à busca de riqueza material, de modo que, ao fortalecer a moderação, a pessoa pudesse preservar assim, a ordem de sua psique. Diógenes de Sínope (412-323 a. C.), filósofo cínico interpretou a felicidade através de uma vida simples, e a necessidade de retornar à natureza, apesar de todas as convenções e costumes que nos tendem a afastar. Epicuro (342-270 a. C.) identificou que a raiz do mal se encontra na intemperança dos desejos, que sobre o efeito de uma falsa representação do prazer e da felicidade, impulsiona-nos a possuir sem limite, quando não é buscar a qualquer preço um diminuto poder ou glória de um curto momento. Lao Tse (V-IV séc. a. C.), filósofo da Antiga China, preconizou a rejeição do supérfluo, e defendeu uma certa ética da frugalidade e da autolimitação, valorizando a busca de harmonia com a natureza, mais do que a acumulação de bens materiais. Diz-nos ainda, Lao Tse, que a sabedoria é o caminho que desprende o excesso, a extravagância e o exagero. A ideia de felicidade não tem, afinal, qualquer subjugação ao subjetivo material, sem ligação às conquistas da posse e das coisas transitórias.

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Filosofia: Um Modo de Vida

Delia Steinberg Guzmán 1 643

Estou convencida de que todos os seres humanos, mesmo que não o saibam e não tenham um título, são filósofos. Estou convencida de que qualquer ser humano que questiona as coisas e quando está sozinho consigo mesmo, quer saber quem é, deu nascimento a um filósofo.
O que é a filosofia? Não gosto de definições, talvez porque tive que estudar muitas, porque percebi que nesses casos a memória pouco serve, e o que tem servido é o que nos vai ficando na Alma. A filosofia, para além dos muitos conceitos que se têm explicado ao longo da história, para além do equilíbrio de finalidades que lhe têm dado, é a Grande Arte, a Grande Ciência. É uma atitude perante a vida. É uma atitude que requer uma Ciência; se alguém se faz perguntas, necessita respondê-las. E é uma atitude que implica uma arte porque essas palavras não se podem responder de qualquer forma.
O que é atitude perante a vida? É… ir por ela com os olhos abertos; é não ter medo de indagar os grandes mistérios; é não ter medo de olhar para o Universo e perguntar-se por ele, sobre si mesmo, sobre o Ser humano. E é ali onde coincidem todos os povos, porque, em todos os momentos, quando o homem se perguntou como se une com o Universo, encontrou Deus e refletiu-O de mil maneiras.

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A Revolução do Século XXI

Carlos Adelantado Puchal 1 458

No panorama humano do nosso novo milénio, parece necessária uma revolução para o positivo. Uma revolução que envolva diferentes gerações e que a sustente no tempo, capaz de semear uma ética profunda e de colher no futuro, frutos mais conformes à dignidade humana do que os oferecidos pelo nosso presente. O futuro é sempre incerto. A única coisa certa é que ele é condicionado pelo passado. Desde a China antiga, com os pensadores da era pré-Han (séculos V-III a.C.), o conceito de revolução foi definido como mudança violenta. No pensamento de Confúcio, o conceito implicava uma transformação do espaço e, mais tarde, ao abranger também o tempo, chegamos à revolução sem tempo, da qual Mao Tsé-Tung teria esboçado alguns elementos e que Ho Chi Ming (aquele que ilumina) teria expressado melhor. Trata-se de fazer com que a revolução não se limite a um lugar, mas seja transferida para muitos outros lugares com a participação de diferentes gerações que prolongam o seu tempo de vida. E hoje, no dealbar do século XXI, volta-se a falar de revolução: social, política, económica, artística, etc., mas num ambiente bastante obscurecido e confuso.

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Musas da Educação na Literatura

Carmen Morales 0 431

Os documentos mais antigos conhecidos são tabuinhas de argila datadas de 5000 a.C. Estão em escrita cuneiforme e foram encontrados na cidade de Uruk, na antiga Suméria, considerando-se que formam, todas juntas, a primeira biblioteca conhecida na história.
É difícil estabelecer a origem da escrita. Em algumas culturas da antiguidade foi-lhe concedida uma origem divina. No Egito pensava-se que a escrita vinha de Thot, deus do Conhecimento. Na Grécia, era Prometeu quem a concedeu à humanidade, como um presente. E na Suméria essa tarefa foi deixada para Inanna, deusa do Amor e da Beleza que, tendo-a roubado de Enki, deus da Sabedoria, a deu ao povo.

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Rumo a uma Nova Educação

Álvaro Ruiz 0 570

Dizer que a vida é uma grande luta não é descobrir um grande mistério. Podemos afirmar que toda a nossa existência decorre num constante estado de guerra que se realiza num verdadeiro campo de guerra.
Existem uns anos na vida, os do desenvolvimento, que esta batalha piora mas, noutros parece mitigar-se. Porém, a luta nunca cessa.

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O Impacto Negativo da Tecnologia na Educação

Florimond Krins 0 1137

Como o título do seu artigo sugere, a Dra. Alhumaid descreve quatro principais meios onde a tecnologia tem um impacto negativo no processo de educação: a deterioração das competências dos alunos na leitura, escrita e aritmética, que são as três aptidões básicas que é esperado cada estudante domine; a desumanização da educação em muitos contextos e a distorção da relação entre professores e estudantes. O isolamento dos alunos num mundo digital e virtual que os afasta de qualquer forma de integração social e o aprofundamento das desigualdades sociais dos que têm dos que não têm, isto é, estudantes que podem possuir essas tecnologias e aqueles que não podem. Isto não quer dizer que a tecnologia não desenvolve os estudantes no seu conteúdo académico ou impede a sua motivação para cumprir as suas tarefas, embora demasiada dependência tecnológica afete negativamente as suas habilidades na leitura, escrita e conhecimentos aritméticos. O que é normal quando a digitação é preferível à escrita, ou quando a leitura de artigos em PDF e Word é preferível aos livros e às revistas em papel. O próprio uso da pontuação é um bom exemplo quando testado tem tido uma influência negativa. Olhando a aritmética, o uso das calculadoras tem tido um impacto negativo na capacidade dos estudantes chegarem à conclusão correta. A matemática e a aritmética são duas formas puras que promovem a descoberta, a exploração e o pensamento crítico.

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Os Arquétipos em Platão e Carl Jung

María Kokolaki 1 5534

Carl Gustav Jung foi um médico psiquiatra, famoso pelo seu estudo e experimentação sobre o mundo psíquico humano. A sua contribuição para a psicanálise é fundamental e marca claramente um antes e um depois no estudo da psique. Consciente da profundidade e complexidade do mundo psíquico, incorporou na sua metodologia estudos de Antropologia, Alquimia, Arte, Mitologia, Filosofia, Religiões comparadas e Sociologia. Assim, as suas próprias viagens e experiências também foram muito importantes.
Neste artigo, propomos uma reflexão sobre a noção de arquétipos nos estudos do psiquiatra suíço e nos diálogos do filósofo grego Platão, uma vez que o primeiro tomou emprestado este termo das teorias platónicas para o introduzir no mundo da psicologia. No entanto, o termo não é tratado de igual modo pelos dois pensadores, não só devido à distância temporal que os diferencia, mas também devido à utilização que lhe dão.

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Isabel de Portugal, Rainha de Espanha

Carmen Morales 0 2135

No imaginário de todos os povos, há personagens que perduram através do tempo deixando atrás de si um rastro luminoso de respeito e admiração. Entre as rainhas espanholas dos últimos séculos, há uma que se destaca pela simpatia que desperta, mais de 400 anos depois da sua morte. Referimo-nos a Isabel de Portugal, esposa de Carlos I de Espanha e V da Alemanha, rainha e imperatriz e governadora de Castela e Aragão nos momentos de regência.

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A Criança Enquanto Mistério Espiritual

Rafael Zamith Pereira 1 2163

Parece existir hoje alguma compreensão, se bem que parcial, sobre a importância da educação da criança para o futuro e para a saúde de uma sociedade. No entanto, não parece haver uma compreensão generalizada e clara sobre o que é a criança, a sua natureza profunda e o mais valoroso e legítimo contributo que pode dar ao mundo. Imagem: Detalhe da obra de Murillo “San Buenaventura e San Leandro”. Domínio Público

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Infoxicação

Juan Martín Carpio 0 1385

Um novo dia começa. À nossa mente acodem recordações dos problemas recentes, talvez da nossa debilidade ou incapacidade para lidar com eles. Então a desorientação e o desconforto assomem ao nosso rosto.

De um modo instintivo tentamos escapar a tudo isso, quase compulsivamente ligamos a televisão, o rádio ou mais comumente o smartphone também conhecido como tonto-fone ou papagaio-fone, porque é claro, “smart” não é, pelo menos do nosso ponto de vista. Aqueles que são realmente “astutos” são os que promoveram o seu uso.

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Necessidade de Ecologia Política

Jorge Angel Livraga 0 1593

Nos últimos anos comprovamos um interesse, a nível mundial, sobre a necessidade de harmonizar o Homem com a Natureza. Antigos preconceitos “religiosos”, unidos ao crescimento deformado da nossa civilização materialista degenerada, numa adoração aberrante do técnico–artificial e de um subjetivismo desumanizado, levaram-nos a este momento histórico altamente conflituoso e asfixiante, sumamente perigoso e com pressentimentos de um futuro apocalíptico. Imagem: Palácio de São Bento, Lisboa. Casa do Parlamento Português. Creative Commons

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Weber e o despertar da vocação

Isabel Areias 0 758

Em todos os tempos o ser humano viveu o sentido da troca, a necessidade de lucro e da dependência de uma vida material. Mas aquilo que Weber definiu como o “desencantamento do mundo ocidental” nasceu da construção de uma sociedade capitalista ausente de um princípio humanizante e transcendente.

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