Pressione ESC para fechar

civilização

Às Portas de Uma Nova Idade Média

Jorge Angel Livraga 0 288

Antes de mais, devo dizer-vos que a Idade Média é algo completamente natural. Todas as coisas são pautadas por um sistema de ritmo. Há Verões, há Invernos, há dias e há noites. Há momentos felizes e há momentos infelizes. Todas as coisas continuam como elos de uma corrente, umas com as outras. As montanhas com os vales, os vales com as montanhas. Assim, ao longo do passado humano, encontramos muitas vezes idades médias.
Que significado se dá a uma Idade Média? É algo que está entre uma coisa e outra, que está na metade; uma espécie de “mergulho” ou depressão no que consideraríamos um nível civilizacional; chamamos a isso Idade Média. Como já mencionámos várias vezes, a China, por exemplo, que é milenar e não sabemos exatamente quando começou a sua civilização, pois em épocas longínquas já a encontramos trabalhando os metais, fazendo filosofia, tendo religião, tratados de arte militar, etc., sofreu várias idades médias.

Continue lendo

A Trágica Profecia de Malthus

Jorge Angel Livraga 1 335

Há alguns meses atrás, por ocasião de um congresso sobre a Hispano América, surgiu o tema da fome entre os povos do chamado, por alguns, Terceiro Mundo, e por outros, Grupo de Países em Desenvolvimento.
Mais tarde, diferentes meios da imprensa espanhola estavam interessados no tema mencionado e por alguém que, há 150 anos, desde Londres, lançou um folheto no qual se faziam algumas reflexões muito originais para o seu tempo, sobre as probabilidades de que a Humanidade fosse um dia, não muito distante, vítima do flagelo da fome ao nível quase planetário. Era o reverendo Thomas Robert Malthus, nascido em 1776 e falecido em 1834.
A sua obra não pretendeu ter muita importância, e tanto é assim que este cientista a publicou de maneira anónima, expondo a sua teoria simplista sobre a progressão geométrica em que a Humanidade crescia e a aritmética em que podia produzir alimentos, envolta nos algodões de um ecletismo invejável. Diz, por exemplo: o autor (…) é consciente de que ao usar tão negras tintas fê-lo convencido de que existem realmente na imagem e não são o resultado de preconceitos nem temperamento rancoroso. Na verdade, digno exemplo a seguir por todos os que vivemos no século XX, tão carregado de absolutismos e que costumamos escrever sem ter seriamente em conta que as nossas razões podem estar erradas.

Continue lendo

Miguel Torga e o Veneno de Sartre

José Carlos Fernández 1 18

Ao ler o V Diário de Miguel Torga (1907-1995) constatamos que este poeta transmontano estudava, em 1949, como milhares de jovens na Europa, os livros de Jean Paul Sartre. Estes milhares, então, à medida que iam passando os anos, converter-se-iam em milhões, e o efeito tangível da filosofia deste autor existencialista haveria de se notar, nos ventos de destruição, caos, angústia e dissolução que provocaram, inclusive, no que um escritor francês chamou: a encarnação do desastre cultural francês do pós-guerra. E sendo a França o coração da Europa, essa arritmia, gangrena ou náusea, a escuridão do puro nada ou morte moral, estenderam-se por todos os membros, chegando também, está claro, a Espanha e a Portugal, nosso país irmão.

Continue lendo

A Alegria, a Dor e a Graça, de Leonardo Coimbra

Débora Ferrage 0 442

Leonardo Coimbra foi um filósofo português do início do século XX com ideias que, creio eu, merecem ser conhecidas de todos nós, e que tornam inevitável a rendição ao que pensa. A propósito de uma oportunidade de contactar, pela primeira vez, com a filosofia preconizada por Leonardo Coimbra, surge este texto como resposta à reflexão que foi espoletada pela sua obra A Alegria, a Dor e a Graça cuja leitura foi realizada sempre com um lápis na mão, pronto fazer anotações e comentários a cada linha, tornando a partilha deste contacto, imperiosa.

Continue lendo

Os Dólmenes de Antequera

Ana Díaz Sierra 0 706

A região de Antequera, no centro da Andaluzia, encruzilhada entre a Andaluzia atlântica e a mediterrânica, entre as populações do vale do Guadalquivir e os das montanhas béticas, é muito rica em sítios pré-históricos, a maioria deles muito desconhecidos. O mais impressionante é o complexo dolménico de Antequera, localizado na entrada da cidade (vindo de Málaga), constituído por três edifícios: os dólmenes de Menga e Viera, que estão localizados um ao lado do outro (recinto 1), e os tholos del Romeral, separados dos anteriores por 4 km (recinto 2), na direção à Peña de los Enamorados. Realmente, o Conjunto Arqueológico dos Dólmens de Antequera, reconhecido como Património Mundial da UNESCO em 2016, inclui, além dos três dólmens, dois elementos da paisagem que estão intimamente ligados a eles, que são a Peña de los Enamorados e o Torcal de Antequera. Também inclui o Cerro de Marimacho (recinto 1), local ainda por escavar e estudar minuciosamente, mas onde foram encontrados restos que nos fazem pensar no povoado dos construtores dos dólmens.

Continue lendo

A Desintegração da Cultura

Jorge Ángel Livraga 0 514

O conceito de cultura poderia definir-se como o conjunto de valores permanentes, conhecimentos científicos, crenças e experiências que vão sendo acumuladas de geração em geração pela Humanidade. Sendo os componentes da Humanidade fisicamente efémeros, vencem, porém, o tempo e a morte, perpetuando-se na transmissão do melhor de si aos seus próprios descendentes, para que o homem, sempre renovado e jovem, seja “experiencialmente” cada vez mais velho e, portanto, mais apto e mais sábio.
A própria civilização não é mais do que a plasmação de uma cultura no plano concreto, tal como o vaso de barro é a plasmação da ideia que teve previamente o oleiro. Desta forma, sem cultura não há civilização. Pelo menos, não há uma civilização viva, capaz de reproduzir-se em tipos cada vez mais evoluídos. Uma civilização pode perdurar mesmo depois da dissolução da sua cultura, mas fá-lo-á como o cadáver o faz: só brevemente depois da morte. Logo virá o processo de putrefação, e a união harmónica que outrora regentara tudo, converte-se num caótico laboratório químico e físico, povoado de vermes e larvas, coberto apenas por uma mortalha fétida e pela fria lápide da recordação do que foi, mas não é mais.

Continue lendo

A História em Crise

Jorge Ángel Livraga 0 967

Penso que a humanidade, e nós como parte dela, estamos um pouco cansados de coisas pré-fabricadas. Não só obtemos as lentilhas enlatadas, mas também as ideias, os conceitos; tudo é pré-fabricado, tudo é pré-pensado. Na Nova Acrópole acreditamos em algo um pouco diferente: que devemos regressar à natureza, mas isto não significa beber a água com as mãos, mas sim regressar ao diálogo, falar, ser filósofos – é assim que nos designamos a nós próprios que humildemente procuramos sabedoria – com todos aqueles que também são filósofos. Já dissemos muitas vezes que a palavra filosofia significa “amor ao conhecimento”. Todos os homens e mulheres que têm amor pelo conhecimento querem saber as respostas às perguntas que muitas vezes nos fazemos em privado: de onde venho, para onde vou, por que estou aqui, porque é que o universo é como é, porque é que existem injustiças sociais, económicas ou políticas, porque é que existem erros históricos, porque é que eu sou como sou e não sou diferente, porque é que nasci homem e não mulher? Estas questões tornam cada um de nós naturalmente filósofos, uma vez que os filósofos nascem, não são feitos. Como um grande filósofo e médico disse há muito tempo: “Só Deus faz médicos e só Deus faz filósofos”. Isso é verdade.

Continue lendo

Necessidade de Ecologia Política

Jorge Angel Livraga 0 1550

Nos últimos anos comprovamos um interesse, a nível mundial, sobre a necessidade de harmonizar o Homem com a Natureza. Antigos preconceitos “religiosos”, unidos ao crescimento deformado da nossa civilização materialista degenerada, numa adoração aberrante do técnico–artificial e de um subjetivismo desumanizado, levaram-nos a este momento histórico altamente conflituoso e asfixiante, sumamente perigoso e com pressentimentos de um futuro apocalíptico. Imagem: Palácio de São Bento, Lisboa. Casa do Parlamento Português. Creative Commons

Continue lendo

Estação Onze, Um Duro Futuro Apocalíptico, mas Esperançado

Quando lemos o Apocalipse (o de São João, que é o mais conhecido, pois há outros apócrifos) a nossa imaginação fica vivamente impressionada pelas cenas de devastação, como a dos quatro cavaleiros da fome, da peste, da guerra e da morte. Não sabemos, tal é a nossa pequenez, se nos chega a consolar a descrição de Jerusalém Celeste e da pedrinha branca com o nome secreto de cada um, entregue aos vencedores. Pois sem entender que nas grandes tragédias da natureza ou das sociedades vive o grande poder renovador da mesma vida, deixamo-nos atordoar apenas pela visão da dor, do terrível, sem capacidade de ver mais além.

Continue lendo

Um Novo Sonho para a China?

À mesma China, sobre a qual se abateram tantas provações, foi-lhe proposto um novo «sonho chinês» (em chinês: Zhōngguó mèng), um conceito defendido por Xi Jinping, actual presidente da República Popular da China. Basicamente, o seu conteúdo é tornar realidade um país próspero e forte, uma nação vigorosa e um povo feliz. Os seus principais objectivos seriam fortalecer a nação, elevar o nível de vida da sua população e acabar com a corrupção nos diversos níveis governamentais.

Continue lendo