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Alma

Jakob Böhme: o Príncipe dos Obscuros

Françoise Terseur 0 317

A Teosofia alemã dos séculos XVI e XVII está impregnada de naturalismo e de um panteísmo híbrido, alicerçado numa mistura de misticismo e teologia, utilizando três fontes de inspiração: Deus, o Homem e a Natureza.
A Teosofia de Jakob Böhme surgiu da conjunção entre o hermetismo, representado por Paracelso, e o misticismo alemão, que juntos prefiguraram o sistema de Baader. Podem também ser traçadas algumas analogias entre a Cabala judaico-cristã, frequentemente associada à Teosofia, e a sua cosmogonia mística. Os escritos de Böhme contêm muitas semelhanças com as teorias filosóficas da Alemanha do século XIX, sendo ele considerado um precursor de Espinosa e Schelling. A sua influência foi significativa no pensamento alemão, particularmente em Franz von Baader. Böhme exerceu um verdadeiro fascínio sobre Hegel e toda a geração romântica, tendo a sua influência também chegado ao campo religioso, tanto na Holanda como na Alemanha, através do pietismo.

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O Dia em que Mary Poppins foi Egoísta e o Dia em que Walt Disney Salvou a sua Alma

José Carlos Fernández 0 187

“Disney disse a ela [Pamela L. Travers, a autora da personagem Mary Poppins] que era muito arrogante. Ela respondeu, “Sou?”, “Sim” , reafirmou ele. “Pensas que sabes mais sobre Mary Poppins do que eu sei.” “Bem, arrogante ou não”, respondeu ela, sorrindo, “penso que sei mais do que tu.” Disney destacou, triunfal, “não, não sabes mais”.

As muitas aventuras desta ama mágica foram geradas na infância de Pamela – a solidão da sua infância, sonhando acordada com Allora, o carácter dominante da sua tia materna, nas regras e preceitos de viver que lhe deram – e no seu amor por AE e os mistérios da criação que ouviu dos seus lábios e leu nos poemas de Yeats e Blake”.

Mary Poppins foi chamada “Deusa Mãe”, uma bruxa, uma fada boa, uma mulher sábia, uma “Mãe extática”, exemplificada como Artemis e como Sofia, Maria Magdalena ou a Virgem Maria. Diz-se que contém segredos Zen ou que compendia o Zen. [1]

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Dello Amore de Ficino e o Caminho para a Alma se Unir ao Divino

José Ramos 0 204

Marsilio Ficino nasceu em Florença, em outubro de 1433. Em 1451, recebeu a consagração como clérigo, dedicando-se simultaneamente ao estudo e divulgação do Neoplatonismo, inspirado em fontes antigas como Platão, Dionísio Areopagita, Avicena, Alfarabi, Avicebron, Cícero, Santo Agostinho, Apuleio, Plotino, Calcídio e Macróbio.

Em 1456, iniciou a redação das suas primeiras obras filosóficas: Libri quattuor Institutionum ad Platonicam disciplinam; De laudibus medicinae; De voluptate; De virtutibus moralibus; Compendium de opinionibus philosophorum circa Deum et animam; De furore divino; e De quattuor sectis philosophorum.

Em 1458, o seu pai enviou-o à Universidade de Bolonha para estudar medicina. No ano seguinte, dedicou-se ao estudo do grego, traduzindo várias obras, incluindo os Hinos Órficos e as obras de Hesíodo e Homero.

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A Função Mágica dos Rituais e Cerimónias

Julian Scott 0 572

De um ponto de vista esotérico, um ritual depende da existência da dimensão invisível. Esta dimensão invisível é constituída por um aspeto espiritual-mental, que é o domínio dos arquétipos ou seres vivos de ideias de que falam os platonistas; e por um aspeto astral, que é um mundo intermédio entre o espírito e a matéria, tal como a imaginação é a ligação entre o mundo das ideias e o mundo físico. Nesta visão, o mundo invisível existe, o mundo material reflete. O visível é a sombra do invisível.
Um ritual ou uma cerimónia é uma reconstituição da criação do mundo, uma oportunidade para se ligar às forças criadoras das origens e, assim, recomeçar, regenerar-se e emergir renovado. Um exemplo disto é o rito do batismo, que consiste em ser imerso nas águas primordiais, sofrer o Dilúvio e ressurgir no monte primordial de uma nova criação. Uma outra forma de encarar o ritual é vê-lo como uma porta para a dimensão invisível, um meio de acesso ao sagrado. E é por isso que os rituais são necessários, porque o invisível é, pela sua própria natureza, de difícil acesso para nós, prisioneiros como somos da carne e da matéria. Por isso, precisamos de ferramentas e dispositivos especiais para nos ajudar a alcançá-lo. Essas ferramentas são os símbolos, os mitos e os rituais.

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Mary Poppins: Alimenta os Pássaros, Vive os Teus Ideais

José Carlos Fernandez 0 334

Na Disney World, na Flórida, por ocasião do primeiro centenário do nascimento de Walt Disney, foi-lhe erigida uma estátua em bronze, com o braço direito estendido e erguido, como se abrisse passo entre as brumas ou chamando e saudando todos os visitantes. Richard Sherman, um dos dois irmãos músicos que criaram muitas das canções da Disney, foi convidado para a comemoração, para interpretar a canção preferida deste mago e artista do século XX. O músico não hesitou nem um momento; segundo ele, a canção preferida de Walt Disney é a que começa com Feed the birds (Alimenta os pássaros) e que mais tarde se chamou Tuppence, abreviatura de Two Pence, dois cêntimos, o humilde pedido para dar pão aos pássaros de Mary Poppins.

Enquanto ele tocava piano e cantava esta maravilhosa oração, um pássaro desceu do céu, pairou mesmo por cima do músico e depois voltou a subir e perdeu-se no azul infinito. Na filmagem que foi feita deste acontecimento, podemos ver claramente a sombra de um pássaro a esvoaçar e depois a sair do alcance da câmara.

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Para a Liberdade: Dominando as Nossas Ferramentas

Yaron Barzilay 0 531

Ultimamente, parece-nos ver um crescente número de pessoas no mundo apelando para que se estreitem as ténues fronteiras entre a tecnologia utilizada para servir a humanidade, e aquela que parece tomar a nossa liberdade. Temos smartphones e relógios que tornam a nossa vida facilitada, ou muitas vezes mais complicada… deixando os utilizadores, muitas vezes, cada vez menos capazes, enquanto os dispositivos se tornam cada vez mais sofisticados. Basta notar a degradação do uso da nossa linguagem, e a total negligência da prática tradicional de escrever no papel, para perceber o preço que talvez estejamos a pagar. As redes sociais, como ironicamente são chamadas, têm vindo a ser fortemente condenadas nos últimos anos, muitas vezes por pessoas que estão no coração da indústria. Estas redes são muitas vezes antissociais, e facilmente reduzem a qualidade das nossas relações e os valores que partilhamos. Podem servir as agendas comerciais, enquanto alimentam a polarização e o extremismo, não é um segredo escondido.

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Os Hititas e o Caminho Que Faz Com Que Tudo Desapareça, Transformado Em Luz

jose-carlos-fernandez 0 1221

“Tudo dorme, o boi, as ovelhas, o próprio Céu e a Terra, [porque chegou o momento da morte]. E onde está a alma nesse momento? [Pois a alma está “perdida” e deve ser trazida para o lugar e ato mágico do cerimonial.] Se está na montanha, na planície ou num campo arado, que a abelha faça uma viagem de três ou quatro dias e a traga para o seu lugar. Se está no mar, que a traga um pato-bravo [migratório]. Se está no rio, que a traga o cisne. Mas o que está no céu, que traga a águia. Que a desejada [alma] seja golpeada com as suas garras, que o bode a agrida com seus chifres, que a mãe ovelha lhe bata com o focinho [Para lhe dizer que este já não é o seu lugar, que deve seguir o caminho do invisível]. A Deusa Mãe chora, chora e sofre. As coisas boas abrem-se nas nove partes do corpo, deixam que ela [a Deusa Mãe? a Terra?] seja agredida [ou seja, que se abram nela estas portas da morte que permitem a liberdade das diferentes almas]. A alma está-se a abrir e avançar em todas as suas partes [como uma flor]. Que não se faça nenhum oráculo sobre isso! [porque já não está na Terra onde os oráculos anunciam felicidade, infortúnio ou recomendações, a alma viaja para a Luz?] A alma é grande! A alma é grande! De quem é grande a alma? A alma do mortal [a alma humana] é grande. A alma é grande! Tem o grande caminho, o caminho que faz com que as coisas desapareçam. O homem do caminho [o equivalente ao Anúbis egípcio?] preparou-a para o caminho. Um bem sagrado da Deusa do Sol é a alma. A alma pertence aos deuses. Porque devo ir para onde os mortais perdem-se. [Por quê seguir o caminho da morte, aquele que leva novamente aos mortais se a minha condição é divina?] A alma dos mortos deve comer argila e também beber lodo. Porque devo ir para dasanata [termo intraduzido]. Se caio no rio, caio no poço. Deveria ir ao tenawa [termo intraduzido]? Não me deixe ir. O tenawa é o mal. Deixa-me ir rápido para o prado. Que não seja derrubado por um Deus.”

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Voltar a Casa

Joana Simões 0 989

Quando chegamos a este mundo, esquecemos tanto as maravilhosas como as tenebrosas memórias vividas em outras vidas. Contudo, não esquecemos a experiência, o ensinamento. É esse ensinamento que se torna instinto ou intuição, dependendo do que estejamos a falar. Mas o que significa encarnar e voltar aqui? O que significa ter de voltar a conhecer o mundo maravilhoso que desabrocha perante os nossos olhos, sem que o possamos totalmente influenciar ou impedir? O que significa voltar para esta realidade, virtual ou não, em que existem tantos desafios, tantas provas, tanta dor? De onde vimos? Onde estamos? Para onde caminhamos? Que mais não é a vida que perguntas e respostas?

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Caminhos de Peregrinação

Carlos Paiva Neves 0 592

No contexto da doutrina espírita, a palavra “caminho” é bem reveladora da sua profundidade filosófica.

O caminho da alma e do espírito faz-se incessantemente, nos percursos das suas múltiplas existências. A experiência do caminho reflete momentos de grande recolhimento, de introspeção, de meditação, de predisposição interior, porque a alma fica mais desmaterializada e exposta às dádivas da Natureza.

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Sobre o Universo Parte II

Anton Musulin 0 494

Sabemos que a vida na Terra não se desenvolve linearmente. Uma vez que surgiu, criou as formas necessárias para a sua existência, alcançou um certo nível de desenvolvimento e imediatamente, em virtude de certas catástrofes cósmicas, quase desapareceu para renascer em formas novas e mais perfeitas. Nos últimos 500 milhões de anos, houve cinco extinções massivas de seres vivos e cerca de vinte menores. Nestas extinções desaparecem sem descendência de 10% a 80% de todas as espécies existentes. Como vemos, a vida é inventiva e criativa e, apesar de todo o tipo de dificuldades, sempre encontra soluções para superar os obstáculos. Transforma a matéria, cria novas formas e adquire novas habilidades, permitindo-lhe estabelecer relações harmoniosas com o meio ambiente e integrar-se no campo unificado da Vida. Esta superação e desenvolvimento é inerente aos seres vivos e faz parte do processo evolutivo.

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Fogo, Sol e Coração: sua Relação Simbólica

Javier Saura 0 278

Primeiro a ter presente é que vamos falar destes três elementos segundo o simbolismo, e que o simbolismo é a linguagem para falar do sagrado a partir da intuição e não da razão. E neste sentido, fogo, sol e coração são a mesma coisa refletida em três diferentes e complementares planos da realidade.
Quando à noite fazemos uma fogueira no acampamento, todos nos reunimos ao seu redor, tornando-se o fogo no centro dele mesmo, é o centro da união de todos. E isto é o que significam o fogo, o sol e o coração: a união em torno de um centro. Centro que no mundo simbólico é o espírito e os seus valores, que transcendem espaço e tempo.

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Da Poesia e do que É um Poeta

Antony Capitão 0 763

A poesia é um mistério, uma clarividência, uma sombra e uma ascese – é um degrau, uma tentativa, um exercício. Toda a verdadeira poesia deixa em nós um toque muito leve de algo longínquo e esquecido, de algo que se sente e se sabe e quase não se expressa; é uma pegada angelical que marca o mundo com o fogo da mais alta Beleza que lhe imprime. O que haverá no som e no ritmo que tanto parece extasiar-nos como elevar-nos aos poucos a regiões mais claras e luminosas? O poeta, claro está, é uma espécie de sacerdote; por vezes um pontífice desarranjado, com um grande apelo claro e sem clareza.

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O Anjo Negro da Melancolia. Parte II

Françoise Terseur 0 583

Os planetas que na astrologia tradicional interagem com a vida na Terra, influenciam todos os processos de desenvolvimento da matéria cósmica que, no laboratório da ciência alquímica, é associada ao chumbo ou matéria negra. Esta pedra filosofal sofre as dores do parto para resgatar a sua essência espiritual, pura Luz incolor que irá insuflar a alma caída na negrura da terra saturnina, o esplendor da sua coroa solar.

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A Solidão

Delia Steinberg Guzmán 0 902

Na sinusoide da existência, há momentos que sobressaem da linha média, aos quais chamamos momentos de vida; e há outros que ficam abaixo do horizonte: são os que chamamos morte. Na realidade, tudo é existência, seja de um ou do outro lado da linha divisória. O fundamental é a passagem dessa linha, seja para nascer ou para morrer.

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Spinoza: os Livros Escritos no Inferno

Juan Martín Carpio 0 802

Se revermos os filósofos mais conhecidos, lembrar-nos-emos facilmente de Platão, Aristóteles, Sócrates, Descartes… Há, contudo, um nome geralmente esquecido, embora a sua importância no mundo moderno aumente de dia para dia, ainda que muitas vezes seja mal compreendido por aqueles que se reconhecem como seus seguidores ou que foram influenciados pelo seu pensamento.

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Psiké: A História da Alma Humana

Isabel Areias 0 1349

Os mitos contêm no seu interior a capacidade de transportar o ser humano para uma maior compreensão da sua natureza mais profunda. Narrado sobre uma linha de tempo que nos transpõe, os mitos retratam histórias cujo cenário apenas podemos encontrar dentro de nós. Existe assim uma diferença entre História e Mito. O primeiro narra os acontecimentos ocorridos no plano cronológico, físico e terreno. O segundo narra os acontecimentos dentro de um plano transcendente e metafísico. A História conta a história da existência humana. Os mitos contam a história da alma humana.

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Constituição Interna do Homem no Antigo Egipto. O Aj

Juan Martín Carpio 0 1021

Antes de explicar o que é Aj, devemos esclarecer a imagem acima. Representa Aker, o leão, e embora apareçam representados dois é o mesmo em duas funções. O da esquerda, como o hieróglifo indica, é “Duaj”, que significa “Ontem”, e à direita está escrito “Sefer” que significa “Amanhã”. São representados de um lado e do outro por duas montanhas entre as quais aparece o Sol, nascendo ou se pondo. Este último, as montanhas e o sol, é chamado de Ajet, uma palavra relacionada com o Aj que estamos estudando. Ajet é o “Horizonte Luminoso”.

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O Caminho do Guerreiro Pacífico

José Carlos Fernández 0 2206

Os romanos disseram que “se você quer paz, prepare-se para a guerra” (Vix pacis para bellum), e filósofos de todos os tempos enfatizaram que a condição natural do ser humano é a paz, a cooperação, a ajuda mútua, a busca de compreensão, a paciência um com o outro e a concordância. No entanto, as escórias da mente animal tornam impossível essa “conduta correta”, de modo que, em vez de natural, ela torna-se ideal e dificilmente alcançável. Imagem: Dois mestres de Templos de Shaolin. Creative Commons

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A Alma da Mulher

Chamou-me a atenção uma página de um jornal em que aparece o seguinte título “as mulheres avançam”. Sim, é possível. É uma longa história de reivindicações, uma longa luta para que a mulher possa ocupar um papel digno dentro da sociedade. Mas não deixo de perguntar-me, se vamos pelo caminho correto, se teremos escolhido a via justa, porque todas estas reivindicações pedem para a mulher maior desenvolvimento económico, maiores possibilidades de trabalho, maior segurança no trabalho, maior respeito, maior dignidade… mas como se fosse um posto, um sitio dentro da sociedade, como se fosse nada mais que um sitio físico. E a minha pergunta é: Vamos pelo caminho correto? Porque muito poucas vezes se toma em conta, além deste sítio, desta dignidade e deste respeito, a alma da mulher.

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As aplicações espirituais da concentração

José Ramos 0 1589

O egoísmo e egocentrismo, assim como o instinto de poder mal dirigido, faz-nos qualificar essas sombras com os atributos do poder do real conhecimento, isto é, como eterno, puro e fonte de felicidade, mas que a vida se encarregará de fazer cair essas máscaras mostrando com uma certa dose de sofrimento, não só para nós mas para o mundo que fomos tecendo à nossa volta.

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Como a mente constrói e destrói a realidade

Françoise Terseur 0 2942

A Unidade é a presença do eterno em nós, o ponto de partida e o ponto de chegada da alma que regresse a casa. O mal e o sofrimento são a consequência da resistências do eu em colocar a sua luz sobre aquilo que permanece, o sofrimento nasce do contacto com o impermanente, o mérito e o desmérito são resultado das nossas acções pois a alegria segue o acerto e a dor a falta.

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El alma de las cosas

Henrique Cachetas 0 723

Quando nos deixamos guiar pela verdade, ela situa-nos no exato lugar que nos pertence na corrente da vida, uma vida honesta, honrada, consciente, uma vida plena de significado, de sentido, de compreensão, de vivências úteis para a alma e úteis para o mundo.

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A alma das coisas

Henrique Cachetas 0 921

É a alma da natureza aquilo que, mesmo inconscientemente, estamos à procura. E a alma da natureza não é a matéria com que a confundimos. A importância da matéria é que serve de veículo à sabedoria que, como filósofos, procuramos. Sabedoria que é, no fundo, o significado da natureza.

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