O Darwinismo parece aceite de forma geral, mas entretanto algumas vozes se levantam contra o que consideram uma teoria não suficientemente provada pelos factos. Máximo Sandín, especialista na matéria, opõe-se a ela afirmando que a seleção natural não existe.
Máximo Sandín, Doutor em Ciências Biológicas e Antropologia, escreveu, entre outros livros, “Lamarck e los mensajeros”; “Madre Tierra, hermano hombre”; “Darwin, el sapo y la charca”; “Pensando la evolución, pensando la vida”, etc.
As suas ideias do surgimento da vida na Terra são baseadas na análise de dados empíricos, o que é próprio do trabalho científico. Sandín faz notar que há dados de espectro infravermelho em meteoritos com uma carga de água abundante e matéria orgânica e, que parece bastante aceite que a água da Terra provém principalmente de meteoritos que a atingiram; de facto, a água do mar é uma autêntica “sopa” de bactérias e vírus. Num momento em que alguns artigos de astrobiologia, cosmologia e astrofísica falam com toda a naturalidade da origem da vida no espaço exterior, Máximo Sandín afirma: “Tenho a impressão de que a vida é um fenómeno inerente ao universo e ‘germina’ onde as condições são adequadas para ela.”
O darwinismo é uma questão contra a qual este biólogo tem batalhado muito, porque considera que ele nos tem sido inculcado no cérebro, à custa da repetição dos seus dogmas a todo o momento, motivo pelo que considera a “contra repetição” uma boa defesa. No seu site pessoal, ele explica-nos o que pensa sobre a relação entre as catástrofes ambientais e a evolução:
“A ideia geral é que a evolução dos seres vivos não foi realizada pela adaptação ao meio ambiente através da acumulação de pequenas mudanças produzidas aleatoriamente e ‘selecionadas’ através da concorrência por serem ‘vantajosas’. A evolução implica alterações na organização do organismo, e isso só se pode produzir por alterações no processo embrionário, produzidos por reorganizações no genoma.
As remodelações genómicas têm ocorrido porque os genomas de animais e vegetais estão compostos na sua maior parte por vírus endógenos completos ou fragmentados, ou seja, vírus integrados nos genomas que participam nas funções essenciais dos organismos, e “elementos móveis” e sequências repetidas, ambas de origem viral.
Sabemos que ao longo da existência da vida na Terra se produziram enormes cataclismos pela queda de asteroides e por inversão dos polos magnéticos, que deixaram a Terra submetida a fortes bombardeios de radiação solar. Também tem sido comprovado experimentalmente que essas agressões ambientais mobilizam vírus endógenos e os elementos móveis, o que explica as principais mudanças na flora e na fauna que se observam no registo fóssil entre os períodos geológicos.”
Para Máximo Sandín, a outra biologia seria baseada em dados científicos. Durante anos, ele insistiu que a biologia oficial, ou seja, a baseada no darwinismo, não está elaborada sob uma teoria científica, ajustada aos critérios das ciências empíricas, pelo que é uma conceção da realidade enraizada nos preconceitos culturais e sociais dos seus criadores; e do ponto de vista científico, a interpretação dos fenómenos biológicos converteu-se numa visão patológica da natureza, em que nela só se vê “aleatoriedade” e ”concorrência ” (para que exista seleção “natural”) até nos processos celulares ou bioquímicos, por complexos que sejam. Isso originou, na opinião do professor Sandín, uma grave distorção das interpretações de fenómenos naturais com implicações serias, especialmente em experiências de manipulação genética e no tratamento de bactérias e vírus.
A ditadura da opinião oficial
É interessante constatar como este investigador chega à conclusão que a maioria da população (incluindo cientistas) está sujeita à concorrência permanente imposta pelo “mercado de trabalho”, e não apenas não têm tempo para refletir ou informar-se pelos meios “alternativos”, como têm que aceitar a informação oficial por obrigação, algo contra o qual se revolta:
“No meu caso, foi a reflexão sobre a insuficiência explicativa do darwinismo, que me levou a sair da competição e a pensar com calma sobre a doutrina científica que me haviam incutido, e quando ficas à margem da carreira competitiva, acabas por ‘ver de fora’ as características do ‘neo-darwinismo’, que, como diz Lynn Margulis são as de uma seita: a doutrinação, o dogmatismo, a intolerância às críticas e perseguição aos dissidentes, porque parece absurdo que uma ‘teoria’ tão desprovida de conteúdo científico se tenha imposto como um dogma indiscutível. E não apenas o darwinismo original, também o ‘moderno’ baseado numas fórmulas matemáticas desenvolvidas por cientistas que procuravam provar que um ‘alelo’, que tivesse uma mutação ‘aleatória’ que lhe desse uma vantagem (inventada) se ‘fixaria’ como único em toda a espécie, com o que ‘demonstravam’ a actuação da seleção ‘natural’. O resto da evolução (ou seja, as complexas remodelações de órgãos e estruturas estreitamente interrelacionadas) era uma questão de casualidade e tempo”.
Para Máximo Sandín, estas ideias são tão simples que qualquer um pode entendê-las, mas a desconexão entre os argumentos e o que pretendem explicar é óbvia. “E quando vemos que se converteram à explicação indiscutível da evolução para cientistas inteligentes, mesmo brilhantes, temos a consciência de que algo ou alguns muito poderosos têm que estar por detrás desta manipulação mental, porque é impossível ter-se implantado na mente das pessoas de forma natural”. Investigando a história “não oficial”, descobriu que “efectivamente, existem grupos muito poderosos que criaram centros de estudo para a manipulação e controle mental das massas, que controlam a informação e a formação científica e a investigação, e que se sentem legitimados para dirigir os destinos do mundo. Tenho a certeza que há informações científicas muito relevantes que se ocultam, que há investigações muito reveladoras que não se podem publicar nas revistas oficiais … Não é razoável converter-se em algo parecido a um “conspiranóico”? Certamente termino com a alcunha de desacreditar aqueles que duvidam da informação oficial. “
O direito de discordar
Sempre houve cientistas dissidentes. Sandín informa-nos de que no início do século XX, o darwinismo estava cientificamente morto, porque os dados experimentais da genética contradiziam a “mudança gradual”, mas cientistas poderosos restabeleceram-no por meio da “síntese moderna“. “O termo ‘síntese’ refere-se a uma amálgama de disciplinas (a paleontologia, a sistemática e a genética), cujos dados dificilmente são compatíveis com a genética das populações. E assim o vêm denunciando, desde o início, cientistas prestigiados. A lista é interminável, mas entre os cientistas modernos poderia citar Richard Lewontin, Stuart A. Newman, Mae Wan Ho, Ludwig von Bertalanffy, Bruce Lipton, Simon Conway Morris, Niles Elredge… mas as suas vozes são silenciadas pela ciência oficial “.

Retrato da evolução do verme para o ser humano – neste caso, o cavalheiro Inglês – como um meio de ridicularizar a teoria de Darwin. Wikipedia.
No que se refere ao debate darwinismo / criacionismo, creio que se trata de um debate ligado às características dos Estados Unidos, onde a religião é uma base essencial das convicções sociais.
“O curioso é que eles não estão conscientes da estreitíssima relação do Darwinismo com as suas convicções. Na realidade, do meu ponto de vista, só se trata da substituição de Deus pela seleção ‘natural’, que, de acordo com os atributos que lhe concedem os darwinistas, tem exactamente os mesmos poderes: é capaz de criar o inexistente, destruir o inadequado e de dirigir a vida. Há que ser competitivo e individualista e a sociedade premeia os ‘mais aptos’. As virtudes são intrínsecas às pessoas e os pobres são-no por não serem trabalhadores e virtuosos”.
Este estudioso da evolução humana tenta não fazer projectos de longo prazo, como manifestou em algumas ocasiões, e limita-se a responder aos pedidos de conferências, artigos ou entrevistas que lhe fazem, vindas principalmente de pessoas do campo da filosofia, e de um bom número de estudantes de biologia (diz ter agora mais alunos do que quando estava no activo).
“Tenho a ideia, faz já algum tempo, de escrever um livro simples para estudantes do bacharelato, porque considero importante ‘desprogramar’ as crianças nas idades iniciais. Quanto ao aspecto científico, não vou dizer que eu renunciei a convencer os meus colegas, mas quase. Há muitos cientistas inteligentes e bem-intencionados, mas há demasiadas pressões; em primeiro lugar, pela inércia da ‘ciência oficial’ e pelo controle das publicações e, segundo, devido ao financiamento da investigação científica, que no caso da biologia é fundamentalmente proveniente da indústria farmacêutica ou biotecnológica”. Não é fácil que se dê a mudança. Haverá que esperar que se “cozinhe” por dentro. Por isso, o meu projeto, o meu trabalho, está focado fundamentalmente na sociedade, porque acredito que chegou o momento de iniciar a mudança radical das ‘verdades’ e dos ‘valores’ que nos incutiram”.