Este artigo é a continuação de uma série intitulada
“A cultura megalitica e a linguagem das pedras erguidas“.
A forma como foram construídos os megálitos constitui realmente um dos seus grandes enigmas, mesmo que oficialmente as explicações sejam dadas de modo muito elaborado e convicto através da deslocação das pedras rolando-as em cima de troncos, da elevação por meio de alavancas, puxados por cordas de fibra vegetal, etc. Na verdade trata-se de uma teoria como qualquer outra que se poderia estabelecer já que não tem nenhum facto que a fundamente, antes pelo contrário, talvez tenha muitos entraves ao ser colocada em prática. Embora possível em alguns pequenos dólmenes e menires, o mesmo não podemos dizer para alguns menires que ultrapassam os 7 metros de altura e as 100 toneladas, como o caso do de Locqmariaquer com mais de 20 metros e um peso superior a 300 toneladas, pois que troncos aguentariam o deslizamento destes blocos?
Quantos homens, provavelmente mais de 3.000, para o puxar? Para não se falar da natureza de resistência das cordas de fibra vegetal que seria necessário. Se o trabalho, tal como é descrito, para a edificação de um menir deste tipo não parece muito plausível, pois para a construção de grandes dólmenes os trabalhos seriam verdadeiramente mais complicados, dado que para além de transportar e cravar os grandes blocos no solo havia que elevar grandes lajes e que não consistia “simplesmente” em pousá-las, mas colocá-las em pequenos pontos dos blocos verticais em que a sua tensão permitisse um equilíbrio perfeito. Experimentemos fazer algo semelhante em ponto pequeno e veremos facilmente a dificuldade em realizá-lo ao termos que fazer deslocações para ajustar o equilíbrio, imaginemos pois esse processo com blocos de toneladas.
Talvez o expoente máximo desta proeza se encontre em Stonehenge, onde os blocos têm sistemas de encaixe tanto na horizontal como vertical onde tudo encaixa como pedras de lego de centenas de toneladas.
E como podemos com estes métodos explicar o deslocamento de blocos de pedras, vindo muitos deles de vários quilómetros de distância, não sobre estrada plana mas por caminhos acidentados, passando depressões, elevações e rios, em que, entre os casos mais espectaculares estão as “pedras azuis” (bluestones) de Stonehenge, que são 24 blocos de pedra com um peso total de mais de 350 toneladas e que foram extraídas dos montes Prescelly, no País de Gales, a uma distância de 280 km de Stonehenge.
Outro exemplo difícil de resolver com as técnicas tradicionalmente atribuídas é em Pépieux (França), um dólmen em cima de uma colina de vertentes fortemente inclinadas possuindo uma lousa de mais de 30 toneladas de peso.
Existem tradições que dizem que estas construções teriam sido realizadas por uma raça de gigantes. Fará sentido esta hipótese ou será simples fabulação? Embora ainda marginal à visão oficial e até ridicularizada, a quantidade de vestígios de gigantes é enorme. Não é possível o desenvolvimento de um tema tão vasto neste artigo mas é vasta a quantidade de tradições praticamente por todo o mundo que falam destes gigantes e que no caso da relação com os construtores de megálitos estariam relacionados com o povo da Atlântida.
Tradições, principalmente na Bretanha, falam do gigante Gargantua que se preocupava muito com a fecundidade da terra. Diz-se que era um transportador de pedras gigantescas: lousas, menires, etc… tudo pedras de fecundidade. Havia uma tão sagrada na “Terra dos Santos” de Suger que um povo inteiro tinha sido destinado a custodiá-la. Eram chamados “Os Guardiães da Pedra”, os Carnutos. Diz-se que esse lugar se encontrava precisamente na Floresta dos Carnutos, onde actualmente se encontra também a catedral de Chartres, lugar de cultos antiquíssimos.
É provável que Carnutos tenha uma relação com o culto do deus Kernunnus (ou Cernuno), venerado pelos celtas mas provavelmente de antiguidade maior. São mais conhecidas as suas representações com cornos de veado, mas também por vezes aparece com cornos de bovídeo ou mesmo de ovídeo. O seu nome pode porvir da palavra “corno” de raiz indo-europeia que dá origem à palavra “crescer”, que se relaciona com o “crescente lunar”, precisamente muitas vezes representado pelos cornos e evocando assim a ideia de abundância que nas representações galo-romanas assume o simbolismo da fecundidade.
Com a cristianização, Cernuno vai ser transformado em Saint Cornéli, venerado especialmente em Carnac, e que se diz ter feito o milagre de petrificar os soldados romanos e que estes seriam as pedras dos alinhamentos de Carnac. Como santo não poderia portar cornos porque se associaria ao diabo, assim, faz-se acompanhar de animais portadores de cornos.
É inevitável estabelecer-se uma relação entre Cernuno (e St. Cornéli) com o nome Carnac, assim como a denominação Cairne (dólmen) e os petróglifos de cornos ou crescentes lunares, encontrando-se por detrás dessa associação a ideia da fecundidade, abundância, não apenas no sentido físico, mas essencialmente espiritual, e a sua ligação aos locais de renovação e crescimento interior das iniciações que constituiriam esses dólmenes.
Também são bastante abundantes os elementos arqueológicos a atestar a existência de gigantes no passado, já que os elementos encontrados são superiores aos vestígios descobertos de alguns hominídeos que serviram para estabelecer a actual conceção da evolução humana. Só a título de exemplo algumas dessas descobertas: Gigante de Java, no sul da China, com uma antiguidade de meio milhão de anos; Em Chenini, Tunes, encontraram-se restos de esqueletos que mediam mais de três metros; Um esqueleto de fóssil humano de cinco metros foi desenterrado em 1956 em Gargayan, Filipinas; Em Glen Rose, Texas, o río Paluxy, pôs a descoberto pegadas gigantes de mais de 54,5 cm comprimento por 13.97 cm de largo; Em Lixus, na Líbia, encontraram-se restos de esqueletos de Homo Sapiens com idades compreendidas entre os 10 e 12 anos e com mais de 2,25 metros com uma antiguidade de 20.000.
Não se trata de substituir o dogma dos rolos de madeira e alavancas nas construções megalíticas por um novo dogma de gigantes. Com estes factos não se pode fazer nenhuma afirmação de que estas raças de gigantes foram as edificadoras dos megálitos, o que no entanto, vindo-se a confirmar, resolveria em grande parte o como poderiam ter sido manipuladas estas pedras de grandes dimensões, não só no caso das construções megalíticas mas de tantas outras construções ciclópicas espalhadas pelos diferentes continentes. Penso que o que seria importante era não desprezar-se e antes seguir-se esta linha de investigação para que não se caísse tantas vezes em especulações fantasistas sobre estes antepassados humanos gigantes, pois a falta dessa investigação séria deixa brechas à fantasia que facilmente lança o descrédito, e dessa forma séria de investigação se poderia ir encontrando respostas credíveis.
Uma lenda atribui a construção de Stonehenge a Merlim que terá transportado as pedras fazendo-as levitar através do toque de flauta. Pois parece à primeira vista uma história popular à qual não dar mais crédito que um estudo do folclore destes povos, mas será que tal história não poderá ter alguma fundamentação? Tirando o pormenor do personagem Merlim das lendas arturianas, que na verdade poderá representar não um personagem mas sábios sacerdotes, e a flauta que pode simplesmente representar o som ou música, a levitação através de sons não é estranha à ciência actual já que muitas experiências de “levitação acústica” têm sido realizadas com imenso sucesso e em 2013 deu-se um novo passo conseguindo-se controlar o movimento dos objectos em levitação. Ainda podemos achar estranha a história de Merlim?! Podemos agregar os imensos casos comprovados de levitação de yoguis da India enquanto pronunciam mantras e sem qualquer apetrecho tecnológico. O facto é um: hoje sabe-se que a levitação sonora é possível. Embora neste momento da investigação seja necessária toda uma aparelhagem tecnológica, isso não significa que não se possam utilizar as mesmas leis que o permitem através de meios mais simples e com um instrumento sonoro tão acessível e com uma grande capacidade de entoações, timbres, vibrações, como é a voz humana.
Para além da levitação acústica a ciência tem desenvolvido experiências de levitação através do magnetismo; por exemplo cientistas holandeses já fizeram um sapo levitar com o auxílio de um campo magnético gerado por uma espiral e no Brasil o projeto MagLev está a desenvolver um comboio de passageiros que funciona através da tecnologia de levitação magnética.
Existe um intrigante relato de um historiador Árabe do Séc. X, Abul Hasan Ali Al-Masudi, conhecido como o Heródoto do mundo árabe, que escreveu 30 volumes sobre a História do Mundo, e que terá viajado praticamente por todo o mundo conhecido da sua época até se estabelecer no Egipto e que escreveu o seguinte texto sobre a forma como os grandes blocos de pedra teriam sido transportados: “Primeiro um “papiro mágico” foi colocado sob a pedra a ser movida. Em seguida, a pedra foi golpeada com uma haste de metal que causou a levitação e movimentação da pedra ao longo de um caminho pavimentado com pedras e cercado de um lado por postes de metal. A pedra iria viajar ao longo do caminho por uma distância de 50 metros e depois se deposita no solo. O processo, então, seria repetido até que os construtores tivessem a pedra onde eles a queriam”. Será este relato verdadeiro? Será que o toque na rocha com a vara metálica criou vibrações que resultaram em levitação acústica? Será que a disposição das pedras e os postes metálicos criaram uma espécie de levitação magnética?
Ao contrário da posição rígida na qual a levitação era vista como ridícula, hoje essa postura mudou e talvez mude mais à medida que avancemos com a ciência nessa área, pois infelizmente só acreditamos nos relatos do passado no que concerne ao que hoje conhecemos e que de alguma forma podemos reproduzir… no entanto ao longo da história da humanidade seriam imensos os exemplos de conhecimentos perdidos e redescobertos séculos ou milénios depois.