Em primeiro lugar, creio que devemos diferenciar o que chamamos êxitos do que é considerado um verdadeiro triunfo.

O êxito chega através do resultado feliz de um assunto, em que nos envolvemos, ou dos atos que levamos a cabo para atingir um determinado fim. Mas fazer algo com êxito não significa ser um triunfador.

De facto, toda a nossa existência é construída sobre vitórias e derrotas, quer dizer, sobre aquilo a que chamamos êxitos e fracassos, que se alternam no seu aparecimento e desaparecimento da nossa esfera de consciência. Qualquer ser humano com uma certa maturidade pode reconhecer e aceitar que, ao longo da sua vida, conheceu o sabor destes dois tipos de experiência.

O triunfo é algo mais complexo, pois não reside em coisas singelas, mas em alcançar objetivos mais elevados, graças à superação de dificuldades maiores. E por isso se relaciona de maneira natural, o triunfo com a vida, o bem mais precioso que se pode possuir, e resume-se na frase que marca o grande objetivo dos seres humanos: triunfar na vida.

Mas o que é triunfar na vida? Fomos levados a acreditar que é alcançar uma enorme quantidade de possessões de todo o género, ou uma comodidade que nos aproxima da felicidade, sem termos de fazer o mínimo de esforço.

Eu não penso assim. Em todo o caso, do ponto de vista filosófico, trata-se de alcançar o mais puro e elevado que somos capazes de conceber, e.… caros amigos, haverá algo mais puro do que os sonhos da alma? Haverá algo melhor do que descobrir os segredos da vida? A maioria dos seres humanos, na sua infância, sonha os sonhos mais puros: ninguém quer ser uma pessoa normal, ama-se a vida aventureira, quer-se ajudar os outros, luta-se contra a injustiça e a ignorância. Na época dos ideais, somos como uma flor que se abre e quer apanhar toda a luz, subir as montanhas mais altas e encontrar os vales mais formosos.

A escadaria dos Anjos no sonho de Jacob, de Michael Willmann (1690). Domínio Público.

Porquê renunciar a tudo isto? Pode ser que triunfar na vida consista em não trair os nossos ideais de juventude e não correr atrás das miragens deste mundo ilusório, porque uma vez alcançadas, desvanecem-se nas nossas mãos como um punhado de areia.

Talvez o triunfo resida no nosso interior, e se manifeste como uma força que nos impulsiona a seguir os nossos sonhos, apesar das quedas, da dor e do esforço que isso supõe. Quiçá triunfar seja transpor as árvores caídas que nos impedem o passo, e seguir avançando até ao horizonte, mais longe, sempre mais longe.

Para encontrar a chave do triunfo é preciso ser corajoso e saber amar, é preciso ousar e querer, mas de verdade! Pois essa chave está dentro de nós e, portanto, encontrá-la depende de nós próprios. Da coragem de começar a percorrer caminhos desconhecidos. De um amor que não pode ser apagado pelas misérias humanas.

Árvores caídas de Alexandre Calame (1810-1864). Domínio Público.

Necessitamos de estar num estado saudável de tensão, o que não tem a ver com ter mau carácter ou mostrar um nervosismo incontrolável. Tem a ver com encontrar um estado natural de atenção, que podemos aplicar em qualquer momento e em todas as situações. Uma tensão que nos mantém alerta para descobrir as oportunidades da vida e para as aproveitar.

Se estivermos atentos, descobriremos que a vida nos mostra uma série de portas. E cada porta tem a sua chave para a abrir. A chave do triunfo está em ti.

Quem nunca descansa,

quem com o coração e o sangue

pensa em lograr o impossível,

esse triunfa. (I Ching)

Carlos Adelantado

Publicado na Biblioteca Nueva Acrópolis em 15-10-22

Imagem de destaque: Um caminhante celebra o facto de ter atingido o pico da montanha ao nascer do sol, no meio de um mar de nuvens. StockCake. Domínio Público.