A Espiritualidade Hoje Atualmente, vivenciamos uma busca espiritual, desvinculada de aspetos religiosos, mas orientada para o contato com diversas disciplinas e técnicas focadas no desenvolvimento pessoal, exemplificado pela abundância de livros que exploram o poder do pensamento para alcançar sucesso profissional, conquistar relacionamentos desejados, ganhar a lotaria e satisfazer uma infinidade de desejos. É fácil iludir-nos, acreditando que estamos evoluindo espiritualmente, quando na verdade estamos utilizando apenas técnicas recolhidas de sistemas espirituais que se colocam ao serviço do fortalecimento do nosso ego. A busca espiritual atual tende a concentrar-se no bem-estar e na busca pela serenidade, enquanto o verdadeiro caminho espiritual envolve renúncia, esforço e lutas internas, sendo tudo, menos um caminho de comodidade. Hoje deseja-se evitar o esforço necessário para tocar o espiritual, preferindo-se espiritualizar os defeitos e ambições. Isso se reflete na sacralização de drogas, sexo, ambições materiais e conforto. O materialismo não se limita à crença na matéria, manifestando-se também como materialismo espiritual, uma autoilusão do ego que espelha imagens estereotipadas e convenientes para se apresentar ao mundo, sem verdadeiramente se empenhar para alcançá-las, já que o ego evita as dificuldades. Poucos são os Mestres e muitos os charlatães que atendem aos desejos imediatos do ego daqueles que os buscam, tornando-os dependentes e escravos. Iniciações rápidas de fim de semana são um sucesso, pois refletem o desejo por resultados instantâneos e sem esforço. Este é o terreno propício para se entrar na linha negra, ou, no mínimo, cinzento-escura, permitindo que a natureza inferior se manifeste e nos conduza, buscando sucesso à custa dos outros ou utilizando meios espirituais para fins pessoais e egoístas, tal caminho não necessita de um mestre negro, bastando para tal guiar-se pela natureza inferior do egoísmo. Uma das maiores tragédias humanas é a tendência para utilizar as melhores ferramentas para os piores objetivos. Embora haja críticas à espiritualidade por supostamente levar algumas pessoas à loucura, é importante reconhecer que muitas dessas críticas não deixam de ter fundamento, não porque seja realmente a espiritualidade a culpada, mas sim pela feira em que se tornou, repleta de atrações exóticas para se tornar mais apelativa aos múltiplos negócios dos aprendizes de feiticeiros.

Parte da Alegoria do Triunfo de Vénus, a Loucura e o Tempo de Agnolo Bronzino. Domínio Público

A caminhada espiritual, embora individual, não é um caminho individualista. Todo o verdadeiro caminho espiritual busca o bem de toda a humanidade e, além disso, de todo o universo e as suas múltiplas formas de vida. Aquele que se concentra apenas no seu próprio aperfeiçoamento, poder e libertação está a fechar as portas para esse caminho. Espiritualidade como Trabalho Transformador Há qualidades e virtudes que desde o início do caminho espiritual devem ser trabalhadas e desenvolvidas: pureza, amor, generosidade e discernimento. Um erro comum entre muitos espiritualistas é não construir uma base sólida, fundamentada e estruturada, considerando que desejar é o suficiente. A verdadeira espiritualidade não se resume a acumular conhecimento ou ferramentas; pois caso contrário, o mais provável é que os nossos defeitos ainda se tornem mais poderosos, estando dirigidos por uma mente e ego fortes mas mal orientados. A nossa transformação implica três elementos essenciais:
  1. Uma insatisfação consigo mesmo, um vazio ou desconforto (as crises são alertas e oportunidades).
  2. Uma decisão consciente de mudar ou preencher esse vazio.
  3. Uma dedicação ativa ao processo de crescimento e mudança, um acto de vontade para efetuar a transformação.

Para descobrir o nosso verdadeiro potencial temos primeiro que localizar os nossos próprios limites e depois ter coragem para os ultrapassar.

Picabo Street
Quando não estamos dispostos a investir esforços, o caminho espiritual fecha-se; nenhum Mestre ou ensinamento pode tocar a alma sem esse comprometimento. Essa realidade é ilustrada pela famosa história da criança que tentou auxiliar a borboleta a sair da crisálida, rompendo o casulo. No entanto, devido ao facto de a borboleta não ter realizado o esforço necessário para rasgar o casulo com as suas próprias asas, estas não se fortaleceram, resultando na incapacidade da borboleta em voar. O caminho espiritual não é fácil, nem mesmo para os Mestres, pois quanto mais meios se possui, maiores os desafios a enfrentam. A vida espiritual não deve ser tomada como uma fuga às dificuldades do mundo material, pois essa fuga pode-se tornar uma droga, mesmo sob as formas mais nobres. A vida espiritual não é uma negação da vida material; pelo contrário, considera o mundo concreto como um laboratório, um ginásio onde podemos experimentar, exercitar e, simultaneamente, trazer luz ao mundo. A causa dos maiores erros e enganos no caminho espiritual, mas também no material, reside na falta de autoconhecimento. O desconhecimento de quem somos, do que somos capazes e do que realmente queremos leva-nos a enganos e autoilusões. A verdade é que nem sempre estamos dispostos a nos conhecer plenamente, escolhendo vias mais fáceis em que não temos que nos confrontar, não somos corrigidos, mas sim enaltecidos pelo grande adulador que é o nosso ego. Buscamos um caminho que se ajuste às nossas conveniências, desejando que o mestre ou a doutrina se adaptem a nós, mas é o discípulo quem necessita se adaptar ao caminho, sintonizando-se com ele, pois é essa sintonia que propicia a transformação. Muitos expressam o desejo de ter um Mestre, mas na realidade, não suportariam as suas exigências. Sentir-se-iam desconfortáveis, não podendo agir conforme os seus caprichos. Seriam corrigidos, alertados sobre os perigos das suas escolhas e não tardariam a desprezar e até mesmo denegrir ou violentar o Mestre, como ocorreu em diversos momentos históricos. Na verdade, o que muitos desejam é um mestre meramente decorativo, para adornar a vida e servir interesses pessoais, buscando o prestígio da sabedoria do Mestre sem aceitar o compromisso da verdadeira transformação. No caminho espiritual não há progresso ou transformação por milagre, não há varinhas mágicas nem fórmulas milagrosas, o progresso é o do esforço e da superação, colhendo os méritos naturais ao longo do caminho. O egocentrismo nos leva a acreditar que o caminho espiritual é uma via de recebimento fácil, bastando querer ou pedir para que o universo, os mestres ou o que desejarmos estejam prontos para nos servir. Contudo, o caminho espiritual não é uma jornada de mendicidade; é, na verdade, um caminho de generosidade. O seu propósito não é servirmo-nos, mas sim servir a Verdade, o propósito da Vida, Deus ou o nome que lhe queiramos dar. Os Mestres Espirituais Não se quer ter Mestres porque não se quer ser avaliado e corrigido, assim podemos ter sempre a boa avaliação feita pelo nosso ego. Esquecemos que aquele que nos corrige, o Mestre, é também o que estimula e incentiva e que não permite que o desalento se transforme em desistência. O reconhecimento de um Mestre ocorre pelo desapego de interesses pessoais que possui. Contudo, a falta de discernimento leva à desconfiança quando um Mestre demonstra desapego, pois muitos buscam precisamente o prestígio do Mestre. Por isso, o mais comum é seguir-se aquele que se autodenomina mestre, enquanto o verdadeiro Mestre nunca se o autointitula, pois não almeja admiração, mas sim o desenvolvimento dos seres, para que possam admirar sim, as qualidades que já se desenvolveram nele e se inspirarem para alcançá-las. A essência na via espiritual não reside nos poderes que um mestre pode possuir, mas sim em como esses poderes são utilizados. A espiritualidade não está vinculada aos meios que possuímos, mas sim à forma como os empregamos. No caminho espiritual, o importante é o que nos guia, não apenas as capacidades que desenvolvemos. Essas capacidades são muito eficazes se bem orientadas, mas podem ser terríveis e causar danos se mal direcionadas. A ideia de que a vida espiritual seria facilitada com um grande Mestre a acompanhar-nos é equivocada. Não adianta ter um grande Mestre se somos discípulos medíocres; o fundamental é o nosso crescimento. Diz-se que quando o discípulo está preparado, o Mestre aparece e também que para tal discípulo, tal Mestre. Façamos o melhor em nós mesmos e nunca ficaremos sem caminho e sem orientação. Um Mestre não precisa estar presente fisicamente; ele é uma inspiração, um modelo que permite ao discípulo encontrar a orientação. Portanto, o que realmente precisamos é cultivar o discípulo em nós para sentir a presença constante do Mestre. O Exotismo das Práticas Espirituais Confunde-se frequentemente a forma com a essência, acreditando que a prática de asanas (posturas) e mudras (gestos), juntamente com a recitação de mantras, transformará alguém ou o tornará melhor. No entanto, vale recordar que não foram as posturas e gestos de Buda que o tornaram Buda, mas sim as suas qualidades internas, que animaram as suas ações externas, nunca o contrário. Este princípio é respaldado pelo conhecido ditado popular que afirma que o hábito não faz o monge, assim como ir à missa todos os domingos não faz um verdadeiro cristão. A tendência muito atual do Ocidente de adotar o budismo frequentemente se baseia na ilusão de que, ao assumir a postura de padmasana (posição de lótus) associada a Buda, já se torna Buda. Muitas vezes, falta compreensão do caminho trilhado por Buda, ignorando o Nobre Caminho Óctuplo, que clarifica totalmente o que é o caminho espiritual: Compreensão justa; Pensamento Justo; Palavra Justa; Ação Justa; Meio de Existência justo; Esforço Justa; Consciência Justa; Concentração Justa. Notavelmente, nenhum desses elementos menciona posturas ou meditação.

A vida de Zoroastro. Domínio Público

Zoroastro afirmava que, Aquele que lavra a terra com dedicação tem mais mérito religioso do que o que poderia obter com mil orações sem nada fazer. As práticas espirituais sem a orientação de um Mestre podem, muitas vezes, resultar mais em perigos do que em benefícios, gerando desequilíbrios físicos, psíquicos e mentais, contribuindo para a presença de tantos desequilibrados entre os chamados espiritualistas. O texto de A Voz do Silêncio adverte sobre os perigos da que denomina como 2ª Sala, a Sala da Aprendizagem, onde a busca por conhecimentos ocultos e práticas psíquicas sem a devida orientação de um Mestre, pode acarretar os mesmos perigos que os da mariposa atraída pela luz do Fogo que acaba por a queimar. Como poderá alguém meditar que não tenha um alto ideal, que não subjugou os seus caprichos e desejos. Como poderá meditar sobre temas celestes se a sua vida está relacionada com os prazeres e caprichos. Não é possível verdadeiramente meditar sem ter conseguido calar o seu ego, se não essas serão as vozes que irá escutar. Os melhores métodos de trabalho na via espiritual, os menos perigosos e mais eficazes são os mais longos e permitem resultados mais duradouros. Por isso a pressa, a falta de tempo, a impaciência, desconfiança e falta de humildade são impedimentos e fraquezas que levam a buscar caminhos fáceis. O verdadeiro desenvolvimento espiritual revela-se no cotidiano, nas atitudes e comportamentos que adotamos. Portanto, é essencial estarmos atentos aos mestres ou caminhos que prometem glórias espirituais ou conhecimentos ocultos sem exigir esforço de superação, aperfeiçoamento moral, sem testar o nosso equilíbrio psíquico e mental, bem como a nossa generosidade e pureza de intenções. A avaliação constante dos frutos e resultados é fundamental para analisar qualquer prática, disciplina ou ensinamento. Se esses se revelam em rostos pálidos e apáticos, com medo diante dos desafios e falta de vontade para agir, é sinal de que, de alguma forma, não foram tocados pela luz espiritual. Pois a natureza dessa luz é despertar a alegria interior, um amor generoso, e uma determinação em trazer essa luminosidade para a terra e para a vida. Um exemplo notório é a confusão que se estabeleceu em torno da prática da meditação e da busca por um estado de vazio na mente. Seria sensato questionarmo-nos se um Buda teria uma mente vazia. A resposta é clara: de modo algum. Buda estava cheio, emanando uma clareza mental e plenitude. O vazio na mente é um espaço destinado a ser preenchido, e se não purificarmos a nossa vida, esse vazio atrairá os pensamentos menos luminosos. O desenvolvimento da vontade, que requer uma prática e exercício diário nas múltiplas situações da nossa vida, é crucial para expulsar os elementos nefastos, tal como pensamentos indesejados, que estão sempre prontos para assumir o controle. Um pensamento sábio oriental, incluído na obra Joias do Oriente, de H. P. Blavatsky, aconselha-nos a esvaziar a mente do mal, mas enchê-la com o bem. Essa sabedoria ressalta a importância de não apenas livrar a mente de pensamentos prejudiciais, mas também cultivar pensamentos e sentimentos positivos.

Joias do Oriente de Helena Petrovna Blavatsky, Nova Acrópole

Espiritualidade não é só Conhecimento Outra conceção comum relativa à espiritualidade, é a ideia de que basta ler todas as doutrinas, todas as formas de conhecimento, saltando de uma para outra, para nos tornarmos possuidores da sabedoria, sem nos atrevermos a viver um só parágrafo delas. É como se passássemos o tempo a descrever uma maçã de todos os ângulos e segundo as diferentes ciências, sem nunca a provarmos. O caminho espiritual é muito semelhante ao processo digestivo; a utilidade do que ingerimos não está na quantidade, mas sim naquilo que assimilamos. Sem assimilação, há indigestão mental. É possível que essa atitude esteja na confusão entre aquilo que é a abertura mental ou ecletismo com o desejo de absorver tudo, e isto pode-se tornar terrível, pelo menos se não tivermos uma boa e sólida estrutura para nos orientar no meio de uma diversidade tão grande de informação, formas de trabalho e métodos. Uma boa formação pode ajudar-nos a encontrar a essência válida provavelmente em todas as grandes doutrinas, mas se não possuímos essa formação, vamos perder-nos no labirinto da diversidade de formas que geram uma mistura onde já nada é nada, ficando-se perdidos e batendo contra as paredes sem avançar um passo. Se olharmos para o passado e para muitos lugares da Terra onde houve verdadeiras escolas discipulares, o que encontramos não são sistemas para encher a mente dos discípulos de conhecimentos, mas sim transmitir algumas verdades essenciais que os discípulos procuravam praticar e integrar com método e disciplina ao longo de anos. Nós agora achamo-nos muito mais evoluídos, muito mais sábios, e por isso que não precisamos mais desse tempo, dessa vivência; basta ter contato, e, como que por osmose, essas verdades entram em nós e já fazem parte de nós. Essas poucas verdades, mas essenciais, dadas pelos Mestres aos seus discípulos eram como joias cuidadosamente protegidas; hoje lidamos com essas verdades, esses ensinamentos, como sendo descartáveis. A diferença entre intelectualidade e espiritualidade é que a intelectualidade é horizontal, expande-se em número de conhecimentos, mas sempre na superfície, enquanto que a espiritualidade é vertical, cavando fundo em nós e no sentido da vida, e elevando-se aos mais elevados ideais. É impossível fazer um trabalho espiritual sem se estar ligado a um sistema e aprofundá-lo, assim como não podemos conhecer o amor sem nos unirmos a uma pessoa e aprofundarmos essa relação com tempo, paciência e dedicação. De facto, nos dias atuais, há uma estreita correlação entre a maneira como abordamos o amor e a espiritualidade. Em ambos os casos lidamos de maneira promíscua, saltando de sensação em sensação, de prazer em prazer, de novidade em novidade, sem querer comprometer-se porque o compromisso requer fidelidade e a fidelidade requer esforço, e o esforço requer vontade, e a vontade requer disciplina. E aqui estão todos os ingredientes necessários para um caminho espiritual, todos aqueles que atualmente não queremos, por isso é fácil ficarmos encerrados no labirinto de portas falsas dando voltas. H. P. Blavatsky dava uma definição de Filosofia que se encaixa perfeitamente, dizia ser a Sabedoria do Amor. É necessário integrar o pensamento e a ação, refletir e pôr em prática. Apenas intelectualidade produz uma grande confusão de ideias, e dessa confusão surge a dúvida e, da dúvida, o desalento e a inação. Por outro lado, a prática pela prática em si, sem um entendimento, leva à busca do exótico, de apenas novas experiências e sensações, sem buscar as raízes, o porquê. O equilíbrio seria a vivência moral, o esforço de aplicar sobre nós e a nossa relação com o mundo à nossa volta os valores e verdades importantes aprendidas. Recomendações para um Caminho Espiritual Muitas são as recomendações que grandes mestres do Ocidente e do Oriente deram aos seus discípulos. São coisas muito simples, o que não significa que sejam fáceis, pois requerem um verdadeiro compromisso como discípulo, disciplina diária e a busca por conquistar-se a si mesmo através das virtudes que moldam um discípulo: devoção, investigação e serviço. Para terminar, deixamos algumas dessas recomendações, ditas e repetidas de tantas formas, ao longo dos tempos: – Cultivar o hábito de, pela manhã, recolher uma ideia, um pensamento ou uma frase, e mantê-lo ao longo do dia, esforçando-se por aplicá-lo. – Aprender a dialogar consigo mesmo, deixando falar o seu pequeno mestre interior, a sua consciência mais luminosa. Perguntar-se: Como agiria um mestre nesta situação? O que diria? Que conselho daria?” – Autoanalisar-se sem exageros, sendo sinceros ao identificar defeitos e prometendo não os repetir, renovando votos se necessário. Ter paciência consigo mesmo, valor para admitir erros e determinação para superá-los, sem subestimar as dificuldades. – Acostumar-se à solidão, compreendendo que nunca estamos verdadeiramente sós. Compartilhar momentos consigo mesmo através do diálogo e reflexão. – Evitar o desnecessário: pensamentos, palavras e ações desnecessárias. Não acumular coisas supérfluas, não comer ou dormir mais do que o necessário. Exercitar a vontade. – Para quem não lê, desenvolver o hábito da leitura; para quem lê demasiado, moderar, pois o valor está na assimilação e integração do conteúdo. É importante acostumarmo-nos a ler e a pensarmos um pouco no que lemos: ler e assimilar. – Acostumar-se a encontrar alegria na vida. Dizem que uma das características de um verdadeiro mestre é a sua alegria. Devemos alegrar-nos com as circunstâncias da vida, acreditando que são sempre as melhores para o nosso crescimento. Se acreditamos em Deus, numa Ordem Universal, Dharma/Karma, ou qualquer denominação que preferirmos, então compreendemos que há uma intenção benéfica para todos os seres. Assim, é fundamental abraçar ativamente as circunstâncias que nos são designadas, pois são oportunidades para a aprendizagem e desenvolvimento. O verdadeiro desafio reside não nas situações momentâneas, por mais dolorosas que possam parecer, mas sim na construção presente, pois é esta que determinará as circunstâncias futuras.

Roda do Devir. Domínio Público

– Praticar a generosidade, pois o conhecimento cresce à medida que é compartilhado. O que nos beneficia deve ser partilhado. Tudo o que recebemos deve fluir. – Não acreditar que a felicidade reside apenas no conforto material, pois isso cria uma cadeia interminável de desejos, pois quanto mais temos mais desejamos ter, é como uma droga em que a felicidade nunca chega e a desgraça bate à porta. – Não permitir que as dúvidas cresçam em nós, pois são produto da personalidade e não do espírito. As dúvidas são travões que nos impedem de avançar. Necessitamos caminhar com as nossas certezas, sem fanatismos, mas aprendendo e corrigindo. – Não pensar que a iluminação ou transformação vêm de fora. Os grandes mestres indicam caminhos, oferecem orientações e ferramentas, mas cada um deve trilhar o próprio caminho. Podemos ajudar-nos mutuamente, mas ninguém pode fazer o trabalho pelo outro.

José Ramos

Imagem de destaque: Relevo javanês oriental representando o Buda nos seus últimos dias, e o seu principal discípulo Ananda, Anandajoti Bhikkhu. Creative CommonsCreative Commons