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O Encontro Com a Solidão

Clara sempre se sentiu deslocada, uma sombra que caminhava solitária por entre as cores vibrantes de um mundo que ela parecia não compreender.
Esta viagem começa quando ela descobre um livro enigmático que a leva à Nova Acrópole, uma escola de filosofia fundada por ÁNGEL.
Guiada por ÁNGEL, Clara mergulha nas profundezas de sua alma e começa a perceber que a solidão que sempre temeu é, na verdade, um portal para o autoconhecimento e o propósito de sua vida.
No entanto, a influência sutil e silenciosa de seu Pai, um homem enigmático que parecia conhecer o caminho da sabedoria sem nunca falar sobre ele, continua a guiá-la em silêncio.
Ele, que conheceu a Nova Acrópole antes dela, deixou para Clara um legado de mistério e procura, plantando sementes da filosofia que agora floresciam em sua mente.
Inspirada por pensadores como Kafka e Hesse, Clara descobre que as respostas que tanto procurava estavam nas perguntas que a vida lhe apresentava — e que a verdadeira jornada estava em viver essas perguntas com coragem.
Através de sua solidão, Clara aprende a observar o infinito e a compreender que o propósito da vida não está em chegar a um destino, mas em abraçar o caminho que se abre diante de si.
Ao meu Pai, que em seu silêncio foi o guardião das primeiras sementes de sabedoria em minha vida, sempre guiando-me com paciência e amor, mesmo nas horas em que a luz parecia se esconder.
À minha Mãe, cuja força ensinou que, mesmo nas tempestades, há sempre um porto seguro.
À Nova Acrópole, por ser o farol que ilumina os caminhos da alma, dissipando as sombras e trazendo clareza à busca pelo conhecimento.
Com eterna gratidão e Amor.

As Leis de Newton e a Filosofia

que dão à luz grandes novidades, geralmente incompreendidas pelas sociedades do momento, mas que impulsionam o desenvolvimento das culturas. No século XVII, o físico, matemático, teólogo e alquimista Isaac Newton alcançou que as ideias de tempos anteriores a ele, encontraram um ponto em comum e uma linguagem compreensível, não só para os cientistas contemporâneos, mas também lançou as bases da ciência moderna.

Um dos seus grandes contributos foi explicar o movimento dos corpos no universo e as interações entre eles; questões que, estudadas na Antiguidade, tinham sido cobertas pelas sombras do esquecimento durante quase quinze séculos.

Isaac Newton, na sua busca para compreender a natureza e poder explicá-la, conseguiu integrar duas grandes descobertas de cientistas predecessores. A revolução na forma de ver o mundo foi conseguida ao unificar, por um lado, os estudos sobre a queda dos corpos na terra, que Galileu Galilei tinha desenvolvido e, por outro lado, a lei dos movimentos planetários e das suas órbitas elípticas que Kepler tinha descoberto.

Oppenheimer e a Bomba Atómica: Reflexões Filosóficas

A teoria atómica deve ter sido revolucionária para o pensamento humano. Quão difícil deve ser para a mente aceitar que tudo o que nos rodeia, os sucessos infinitos, os seres e coisas infinitas, as qualidades infinitas se devem a esferas em movimento que se chocam, se aderem e formam unidades mais complexas (que hoje chamamos moléculas), de estruturas muito precisas em 3D que determinam os infinitos adjetivos e a exuberância da vida e da natureza! O filósofo Demócrito de Abdera chegou a dotá-los de uma espécie de ganchos que lhes permitem ter afinidades entre si e que hoje denominaríamos de “valência” para assim compor estruturas maiores.
Adotar esta imagem do real na mente como certamente real, já é um mérito para o audaz. Mas começar a investigar seriamente, ano após ano, uma geração após outra desde Dalton, para apenas um século e meio depois, abrir a caixa de Pandora das interioridades do átomo e libertar a sua poderosíssima energia, é um milagre da ciência e da vontade humana, para o bem e para o mal. As explosões em Trinity, como teste, e Hiroshima e Nagasaki como objetivos de guerra, e as mais de mil explosões experimentais sobre a terra e debaixo dela, no ar e no mar, são prova disso.

Para Que Te Cresça a Alma

Não me refiro ao seu Espírito Divino, que por sê-lo, não pode crescer nem decrescer, nascer nem morrer, mas àquela parte mais elevada em nós que comumente chamamos de Alma.
É sabido de todos que o exercício físico, por exemplo, desenvolve os músculos, e que qualquer aprendizado deve basear-se na tenacidade em exercitar aquilo que queremos fazer crescer, seja o domínio de um idioma ou de uma máquina qualquer.
Da mesma forma, se queres fazer a tua Alma crescer, deves exercitá-la incansavelmente, todos os dias. E, para isso, não são imprescindíveis exercícios especiais, mas basta ter uma atenção focada, naturalmente orientada para o espiritual. Ao observar o fototropismo das folhas de uma planta ou a casca das árvores, trata de captar aquilo que está mais interiormente colocado, aquilo que é o motor e a causa do que vês superficialmente. Acostuma-te a sentir as mãos de Deus ao teu redor, estudando cuidadosamente e com a pureza e a inocência de uma criança pequena, todas as coisas.

A Metafísica de Kant – Alma, Universo e Deus. Primeira Parte

Na obra Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant trata de encontrar o alcance e as possibilidades do conhecimento racional. Neste processo, depara-se com a necessidade de estabelecer quais são os limites da razão pura, afirmando que esta apenas pode gerar conhecimento em contacto com a experiência.
Isto não significa, no entanto, que todos os conhecimentos racionais venham da experiência. Existem certas intuições puras da sensibilidade (o espaço e o tempo) e categorias do entendimento (de qualidade, quantidade, relação e modo) que são dados à priori no contacto com toda a experiência. Para além destes conceitos puros, todos os outros conceitos que nos são possíveis pensar e, portanto, todo o conhecimento, advém de uma análise da experiência possível.
Vamos dar um exemplo:
Quando olhamos o Sol, o que vemos? Uma luz, um brilho, uma esfera radiante.
Sabemos, entretanto, que a luz que vemos foi emanada do Sol oito minutos antes de chegar aos nossos olhos. O que vemos, então, não é o Sol, mas apenas a sua luz que chegou aos nossos olhos. O Sol, em si mesmo, é invisível, está oculto aos nossos sentidos. Aquilo que chamamos Sol é à causa daquilo que produziu o efeito na nossa sensibilidade.

A Astronomia Planetária e as “Correntes de Vida”. Primeira Parte

É consensual que a vida só é possível com a presença de um solvente universal conhecido como água, aquele que é um dos elementos principais considerados pela alquimia, mediador entre os elementos etéreos Fogo/Ar e a Terra, o elemento material. A água, quimicamente conhecida pela fórmula molecular H2O, tem uma estrutura constituída por dois átomos de hidrogénio e um de oxigénio partilhando entre si os seus electrões e formando uma ligação geometricamente assimétrica de 104,50. A partilha faz-se entre o electrão do hidrogénio com um electrão do oxigénio, criando as denominadas ligações covalentes. No entanto os campos orbitais dos electrões dos átomos de hidrogénio encontram-se sempre deslocados pela forte atração do núcleo positivo do átomo de oxigénio o que cria uma polaridade molecular, apesar de globalmente a água ser uma molécula neutra. Este aspecto dipolar faz com que as moléculas de água se alinhem entre si formando as pontes de hidrogénio cuja presença permite à água funcionar como agregador de moléculas orgânicas mais complexas, como aquelas pertencentes à classe das proteínas, enzimas, nucleotídeos, açúcares e mesmo o próprio ADN, sendo que todas elas apresentam também polaridade (moléculas hidrófilas). São também estas pontes de hidrogénio que autorizam a água no seu estado sólido, quando congela, a assumir uma estrutura semi-cristalina hexagonal formada por 4 pontes de hidrogénio.

Abraçar o Desconforto: Uma Receita Para a Realização Plena

O nosso mundo atual dá uma ênfase incrível ao conforto. Temos inovações constantes que nos permitem fazer o mínimo de esforço nas nossas tarefas diárias: entrega instantânea de comida e mercearias, robôs de limpeza programados para limpar o chão, a horas específicas do dia, fóruns digitais para aprendizagem e interação sem necessidade de sair de casa, entretenimento personalizado, de acordo com os nossos interesses, disponível com o toque de um botão. Estes desenvolvimentos destinam-se, evidentemente, a permitir-nos utilizar o nosso tempo de forma mais eficiente e significativa. Mas uma questão que talvez nos esqueçamos de colocar a nós próprios é: a necessidade de conforto ou de um esforço mínimo tornou-se um objetivo primordial para nós, seres humanos, e além disso, será que vale a pena perseguir esse objetivo?

Robert Oppenheimer, Notas Biográficas e Reflexões

Robert Oppenheimer (1904-1967) é com justiça considerado o pai da bomba atómica. Se por vezes, encontramos personagens que bem poderíamos chamar “encarnações históricas”, este é um deles, arrastando na sua alma a cruz de todos os paradoxos que lhe permitiram abrir a porta à era atómica, da qual, evidentemente, se sairmos violentamente, sairemos muito mal: o caminho só vai para a frente ou um quase “começar de novo”, ou um esquecimento e abandono e continuar de outra maneira.
De família abastada, culta e de ascendência judaica, nasceu em Nova Iorque e desenvolveu uma fina sensibilidade moral ao ser educado numa espécie de escola pública e comunidade filosófica chamada Sociedade para a Cultura Ética, cujo lema era que “o homem deve assumir a responsabilidade de dirigir a sua vida e o seu destino”, palavras proféticas no seu caso.
Ele próprio recordaria que “fui uma criança empalagosa e repulsiva de tanta bondade. Tive uma infância que não me preparou para o facto de o mundo estar cheio de crueldade e de amargura.

A Terra Chora

Há uma pergunta que nunca consegui deixar de me fazer: O que sente a Terra quando se queimam as suas árvores? Se o planeta pudesse expressar-se, como nos faria chegar a sua dor? Por ridículo que pareça, se os seres humanos variam de um lugar para outro, nas suas línguas e formas de expressão, por que não haveria de ter a Terra algum sistema que fosse próprio dela, que pudesse ser entendido pelos mais intuitivos e perspicazes?

Se partirmos da base de que somente os humanos estamos conscientemente vivos, todas as perguntas anteriores carecem de sentido. A Terra não seria mais que uma rocha bem condicionada girando em sua órbita ao redor do Sol. Mas não posso evitar a recordação de tantos filósofos antigos, que souberam apresentar com propriedade e clareza os seus pensamentos sobre a vida Universal, que diz respeito a tudo o que existe, embora se apresente nas mais variadas formas. De acordo com isso, a Terra vive, tem os seus ciclos de saúde e doença, de tranquilidade e inquietação… Em sua própria escala, goza e padece como o fazem os humanos.

A Contaminação Ideológica

É evidente para todos que a utilização aberrante dos recursos em prol do consumo indefinido, para o qual nos têm precipitado os romanticismos políticos, sociais e económicos dos séculos XVIII e XIX, precipitaram-nos no abismo obscuro e fétido de uma poluição contaminante em que a Humanidade se espreme, manchando a pureza das águas, a diafanidade do céu, a fertilidade da terra; e transtornando o equilíbrio ecológico que, talvez demasiado tarde, temos descoberto como imprescindível para a nossa vida. O sacrifício irracional das zonas verdes, dos espelhos de lagos, das manchas verdes dos bosques, reduz a beleza do planeta e, na procura do conforto, agoniza a vitalidade que permitiu o desenvolvimento das espécies e a convivência harmoniosa dos seres.

Marina Colasanti (1937-2025), Adeus e Obrigado

Adeus e obrigado, Marina Colasanti! Por uma vida cheia de bênçãos celestes para os outros, por nos trazeres a chama do teu azul infinito. Às nossas mentes, já debilitadas pelas correntes fétidas do século. Obrigado, fada madrinha do Menino de Ouro que canta e dança nas nossas almas, quando lhe damos espaço na nossa vida interior.

Filosofia da Ciência na Doutrina Secreta: Complementos Bibliográficos

Realizando um estudo mais circunspecto à componente da ciência, na obra de Helena Blavatsky, conhecida por Doutrina Secreta, damos conta de um manancial científico que não passou, de qualquer forma, despercebido à autora, se por um lado, nos abstrairmos da sua densidade esotérica, e por outro, se focalizamos nos conteúdos do domínio da ciência. Porém, ao aprofundarmos um pouco mais esse estudo, constatamos que nas edições da Doutrina Secreta após a morte de Blavatsky, são identificadas muitas obras que foram publicadas no primeiro terço do século XX, que versam as diversas temáticas científicas, mais emergentes para a época, que merecem ser motivo de análise. Podemos mesmo afirmar que tais obras, que designamos por complementos bibliográficos da Doutrina Secreta, têm um amplo interesse para quem estuda a Filosofia da Ciência. Estamos assim a reportarmo-nos a obras, que na sua maior parte, têm mais de cem anos.

Druidas, Bardos e Escaldos “Influenciadores” e Guardiões da Sabedoria Nórdica

Em grande parte das culturas conhecidas, os poetas caracterizavam-se pela sua eloquência e a sua maneira bela de traduzir ideias mediante palavras, geralmente cantadas. No mundo celta existiam dois tipos de poetas, duas classes diferentes: bardos e druidas, cujo papel ia muito mais além do mero entretenimento, já que eram guardiões da sabedoria, da história, dos mitos, dos valores e das tradições do seu povo.
Se bem que os druidas eram líderes religiosos, sábios, juristas e frequentemente considerados mediadores entre os deuses e as pessoas, nos seus atributos também se destacava o de poetas. Tanto druidas como bardos eram os educadores dos povos e pais da cultura. Numa cultura onde a escrita não era a principal forma de registo, os poetas desempenharam um papel crucial na preservação da história e da mitologia. A sua habilidade para memorizar e recitar extensos relatos, era essencial para manter viva a memória coletiva e a identidade dos povos.

O Siracusa, o Titanic da Antiguidade

Em meados do século III a.C., Roma e Cartago terminaram a Primeira Guerra Púnica. O rei Hierão II (307-212 a.C.) domina a cidade de Siracusa, um reino aliado da República Romana, ao qual pertence o resto da ilha. Hierão II foi um dos homens mais curiosos do seu tempo. Gozava da amizade de numerosos sábios, incluindo o famoso Arquimedes, um cidadão de Siracusa e engenhoso inventor mecânico. Devido à relevância que os navios tinham tido na Guerra Púnica, o rei estava obcecado com um sonho: construir o maior navio do seu tempo.

Sabemos da existência deste incrível navio por Ateneu, um escritor grego do final do século II, que cita uma descrição detalhada do navio, retirada de uma obra mais antiga que se perdeu.

O desenho foi encomendado a Arquimedes, que trabalhou incansavelmente até culminar em 240 a.C., com a ideia deste navio de 110 metros de comprimento e 24 metros de largura, capaz de e 24 metros de largura, capaz de transportar 1.943 passageiros, 600 remadores e 400 soldados. Contava com jardins, biblioteca, piscina de água quente e de água salgada, onde se criavam peixes que serviriam de menu, ginásio e uma decoração formada por colunas de mármore, grandes mosaicos, estátuas e elementos decorativos em marfim que se deixavam ver por todas as partes do navio, evocando o que foi, sem dúvida, uma obra imperial. Incluía também um pequeno templo à deusa Afrodite.

A Poética de Guerra Junqueiro

É muito difícil traduzir Guerra Junqueiro (1850-1923) e trazer para a língua espanhola, embora próxima, os seus ritmos de puro fogo. Este poeta, um verdadeiro Hércules lusitano em todos os aspetos – político, filosófico, científico, destruidor de sofismas e de todo o tipo de engendros monstruosos – foi considerado pelo seu amigo Miguel de Unamuno, o melhor poeta ibérico do seu tempo. Foi amigo e camarada de lutas políticas e literárias, das mais excelentes almas de Portugal do seu tempo: Antero de Quental, Eça Queiroz, Oliveira Martins, Camilo Castelo Branco e muitos outros; e um dos personagens mais polémicos e revolucionários da sociedade portuguesa em que viveu.
Filho de um camponês proprietário, estudante de Teologia e posteriormente licenciado em Direito, deputado nas Cortes, jornalista, embaixador na Suíça, colecionador de antiguidades e, mais tarde, poeta-lavrador e eremita na sua quinta vinícola, em Barca d’Alva, junto ao Douro, é talvez o filósofo lírico, da natureza mais insigne, das terras e das gentes lusas. A sua Velhice do Pai Eterno foi um golpe para o clericalismo católico medieval; Os Simples, um retorno à alma das pessoas singelas, com uma fé vital e uma harmonia com a natureza e os seus poderes invisíveis, agora impossíveis de alcançar em cidades sacudidas pelo materialismo, pelo ceticismo moral e pela ausência de valores. E a sua Oração à Luz é um verdadeiro hino religioso, filosófico e científico, à quintessência mãe de tudo o que vive, a presença do próprio Deus na alma e na carne e no sangue humanos, como energia solar, como vida ardente.

Os Substitutos de Deus

Confesso que este tema, que à primeira vista pode parecer polémico, não o é para mim, posto que não posso fazer menos que partir da base de uma realidade de Deus, de uma existência de Deus.

Para mim, não há polémica nesta questão; em todo o caso, pode haver polémica em tratar os distintos substitutos e o valor que eles podem ter. Pode haver polémica em repassar as mudanças históricas que temos registado ao longo dos séculos, e as mudanças que nos foram impostas a nós, os seres humanos.

Mas como falar de substitutos de Deus se não admitirmos previamente esse Deus que se tentou substituir de tantas maneiras? Como não admitir uma realidade de algo “Superior” que, isso sim, é difícil de pensar e de raciocinar? Porque por mais que tentemos raciocinar, sempre termina por se resolver num mistério, numa coisa enorme, numa coisa intangível; em algo que se pode admirar ou desprezar – cada qual com a postura que queira colocar-se – mas que está.

De modo, que se nos considerarmos essa essência, essa realidade, esse “Deus” que foi substituído de mil maneiras; se partirmos desta base, daremos ao nosso tema um enfoque que irá passando pelos seguintes pontos: O que é ou quem é este Deus que se pode admitir ou que estamos a tentar substituir? Porque é que Deus é um mistério para nós, humanos? E porque é substituído, porque é mudado ou porque é negado?

Assim, pois, temos de começar por aquilo: “o quê ou quem é Deus”? Sei que em pleno século XX, ou melhor dito, no final do século XX, numa época de substituições (milhares), é muito difícil enfocar este tema. Somos impedidos de o fazer por todas as modas, pelas ideias que circulam atualmente. Falar de Deus ou tentar referir-se a Ele, para o bem ou para o mal, é piroso, ridículo, é coisa de velhos, é “conservador”, está fora de moda, etc. Há tantas coisas que se dizem a respeito, que só de tentar pronunciar esta palavra já nos trava a língua.

1492: O Latido da América

Por vezes, quando se mergulha na História, parece como se houvesse um grande diretor de orquestra marcando a entrada de um instrumento ou de uma voz. Não pensamos que os acontecimentos históricos sejam casuais, mas que tudo obedece a um ritmo secreto, profundo, que existe nas coisas.
Mais do que um descobrimento da América, eu falaria de uma integração da América na imagem do mundo. Porque é muito provável que o conhecimento do continente americano já existisse muito antes da época de Colon. Mesmo os navios utilizados não eram superiores ao que puderam ser os navios romanos que levavam o trigo do Egito para Roma. Não havia uma verdadeira superioridade.
Alguém que conheça o tema, pensará que os navios antigos tinham dois timões de popa e não um. Isso não é nem uma vantagem, nem uma desvantagem; um navio pode ser governado igualmente com timões laterais ou com um timão de popa. Este aparece também em algumas gravuras de pequenos navios em Pompeia e Herculano. Entre os etruscos, vemos grandes veleiros de três mastros com timão de popa, ou seja, os navios antigos podem bem ter cruzado o mar.

Os Ciclos Inteligentes da Natureza

O lema “Para a unidade através da diversidade”, escolhido pela organização Nova Acrópole para orientar os seus programas e projetos de ação, engloba duas das ideias mais universais do conhecimento humano, ambas complementares, a “unidade” e a “diversidade”.

A ideia de unidade fundamenta-se numa realidade presente na ciência, na arte ou na mística, tal qual é a que participa em todo o universo, dos mesmos princípios e leis, de tal modo que o movimento, a ação do próprio universo, está condicionada ao cumprimento desses princípios, e assim pode afirmar-se que tudo tende para a unidade.

A unidade não é uniformidade, mas plenitude. A uniformidade prescinde da totalidade num processo excludente de simplificação; a unidade, porém, é inclusiva, exigindo a integração de todos os elementos.

Em relação à natureza, a ideia de unidade percebe-se na vida da Terra. Podemos apreciá-la subjetivamente quando nos integramos em qualquer paisagem, e a ciência ecológica tem vindo a descobrir e a descrever como os diferentes ecossistemas da biosfera estão interligados num todo único. Ainda há meio século, foi proposta uma hipótese que punha ênfase neste carácter unitário da vida no nosso planeta. A dita hipótese, que continua sendo cenário de debates científicos, foi dado o nome de Gaia, em homenagem à deusa grega da vida na Terra, e na tentativa de reunir evidências que a demonstrem como teoria (já considerada como tal por alguns cientistas), foram descobertos muitos ciclos naturais à escala planetária.

A Trindade do Tempo, Espaço e Matéria

Os problemas vinculados com o espaço, o tempo e a matéria têm sido tradicionalmente centrais na filosofia e na ciência, desde os pré-socráticos até Kant, Bergson e Heidegger, assim como Newton, Einstein, Heisenberg e Prigogine.
Ao investigar o espaço, o tempo e a matéria, podemos colocar uma grande quantidade de perguntas que ocupam filósofos e cientistas:
O que é o tempo? É independente do sujeito e pode existir sem eventos? O tempo é circular ou linear, é homogéneo, universal, infinito? Como estão relacionados o passado, o presente e o futuro e como explicar a flecha do tempo? Porque é que o calor passa dos objetos quentes para os frios e não o contrário? E mais além é espaço ou é o tempo? O espaço é finito ou infinito e, se for finito, o que está para além das suas paredes? O espaço físico é feito de quantas (grânulos espaciais)? O que é a matéria? De que é feito o universo e porque é que as constantes universais e as leis físicas são como são? O que é que existia antes do universo? Como é que podemos conhecer o universo? As coisas são realmente como as percebemos? Porque é que existe algo em vez de nada, e qual é a causa para que o universo exista?

O Thauma no Pequeno Príncipe

O conceito de thauma (θαῦμα), no pensamento grego está profundamente ligado à ideia de espanto, maravilhamento e admiração diante do mundo, e é esse espanto que, para muitos filósofos, especialmente para Aristóteles, marca o início da filosofia.

Compreende-se como o impulso inicial que nos leva a questionar e buscar entender a realidade à nossa volta, o que nos move a refletir sobre o que está além das aparências e a tentar desvendar os mistérios da existência.

Relacionar o thauma ao personagem principal da obra O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, é especialmente interessante, pois o Príncipe é um personagem que vive num estado constante de maravilhamento e de busca por compreensão, sempre questionando com uma inocência e profundidade que remetem a esse espírito filosófico.

O Pequeno Príncipe, em sua jornada e nas suas relações, exemplifica perfeitamente esse conceito. Ele vive em constante maravilhamento diante do mundo, e esse espanto o leva a buscar o que é essencial, a questionar constantemente e a aprofundar sua compreensão da vida, das relações e do amor. Nesse caminho o Príncipe acaba abandonando muitas das suas convicções.

O Indescritível

Indescritível é aquilo que não é passível de descrever ou de descrição, considerando que descrição é achada aqui como a falta de palavras ou de linguagem, que conduz ao desconhecimento que não permite caracterizar ou resolver um evento ou fenómeno nos seus constituintes intrínsecos. Normalmente partimos de um estado inicial ou encontramo-nos num estado final, mas o processo que medeia os dois poderá ser indescritível por falta de recursos técnicos de análise, por sua vez, nascidas de teorias que suportem a evolução entre os dois estados. As limitações da linguagem e das palavras para descrever um fenómeno levou a matemática a elaborar construções simbólicas cujo aprofundamento nos aproxima da sua resolução, mas paradoxalmente nos leva a uma crescente dimensão desconhecida. Como diria Goethe, “Todo o perto se afasta”.

As Radiações Eletromagnéticas e a Saúde: O Efeito da Eletrónica. Primeira Parte

Vivemos imersos num oceano de radiações eletromagnéticas contínuas, incessantes e impercetíveis; algumas são de causas naturais e outras são produzidas pelo ser humano. A afetação que estas têm na saúde humana constitui uma questão controversa no campo da ciência, devido às radiações eletromagnéticas poderem ter ou não, efeitos biológicos demonstráveis.

Alguns efeitos biológicos podem ser inócuos, como a radiação solar; outros, pelo contrário, podem desencadear doenças como o cancro, a esterilidade e outras menos conhecidas. Um exemplo estudado há muitos anos, foi sobre os primeiros operadores de radares, durante a Segunda Guerra Mundial, que desenvolveram distintos tipos de cancro, e para além disso, tornaram-se estéreis, obrigando à tomada de medidas de proteção.

A espécie humana vive num manancial eletromagnético natural, como o campo geomagnético e os fenómenos atmosféricos, gerados no Sol e na estrutura interna da Terra, para nomear apenas dois deles. Agora devem-se juntar os produzidos pelo Homem. Em princípio, estes estavam relacionados com as torres elétricas, torres de transmissão de rádio, alguns aparelhos eletrodomésticos, usos industriais específicos e radares. Nos últimos anos, há um incremento, sem precedentes, de fontes de campos eletromagnéticos utilizados para diferentes fins.

O Batimento do Oceano de Leite e a Luta pela Imortalidade

O Batimento do Oceano de Leite, também conhecido como Samudra Manthana em sânscrito, é um dos mitos mais famosos e simbólicos do hinduísmo. Este relato faz parte dos Puranas, que são escrituras antigas repletas de mitos e lendas. O mito descreve um episódio cósmico no início dos tempos, em que os deuses e os demónios trabalham em conjunto para bater o Oceano Primordial, a fim de obter o néctar da imortalidade.

Nasrudin e As Mil e Uma Noites

Finalmente, li As Mil e Uma Noites, uma delícia, e fiquei muito impressionado que apareceram histórias de Nasrudin, com o seu nome Hodja, que na versão lida, chamam de Goha.

Esta tradução é a das Edições 29, traduzida por Jacinto León Ignacio da versão francesa, hoje clássica de J. C. Mardhus (1899-1904) diretamente do árabe.

A história das traduções das Mil e Uma Noites é um autêntico labirinto (em algumas não aparece a história de Ali Babá, nem a lâmpada mágica de Aladim, embora exista uma muito semelhante); e como tal, Jorge Luis Borges, apresentou-o no seu ensaio Os Tradutores das 1001 Noites, que apareceu no livro História da Eternidade. Um tema também recorrente em suas conferências, como vemos aqui1.

Mas o que me chamou à atenção, é que ninguém, ao que parece, percebeu que as histórias de Nasrudin aparecem nesta obra colossal. Na Internet, pelo menos, não aparece nenhuma correlação, talvez porque em Mil e Uma Noites ele apareça como Goha, mas é ele indubitavelmente.